Skip to content
A música conecta

Um passeio pelo catálogo da Kalahari Oyster Cult

Por Ágatha Prado em Storytelling 17.08.2022

É interessante ver como a musicalidade eletrônica contemporânea, especialmente dentro das esferas do underground, vem despertando uma releitura nostálgica e ao mesmo tempo inovadora de sonoridades que marcaram as raízes da cultura dos anos 90. Embora essa nova onda venha resgatar a nuances de outrora, ela também emplaca os novos ares de um cenário que prefere livrar-se dos rótulos convictos e cristalizados, moldando-se com fluidez através de uma variedade estética, e ainda assim mantendo uma  identidade muito bem direcionada. 

Em meio à essa primavera sonora que abraça a última década, a gravadora holandesa Kalahari Oyster Cult é um berço musical que se destaca em meio à gigantesca leva de novos labels que iniciaram suas atividades nos últimos cinco anos. E tendo em vista a velocidade que surgem milhares de selos todos os anos, não é um trabalho fácil separar o joio do trigo, e se destacar como uma das principais gravadoras do ano de 2018, pela Mixmag, logo ao completar seu primeiro ano de atividades. Mas isso é resultado de um mix de fatores, e sobretudo, devido ao olhar cuidadoso do head e produtor belga Rey Colino.

Colino não começou sua vivência no mercado fonográfico somente com a Kalahari Oyster Cult. O envolvimento com a gravadora e distribuidora Bordello A Parigi, lhe rendeu régua e compasso para a administração de selos fonográficos, e já estando a frente da Attic Salt Discs, Colino resolveu iniciar uma nova empreitada com foco na música eletrônica contemporânea e nos trabalhos criativos de artistas atuais. Então, em 2017 nascia o label de nome inspirado na banda de rock Blue Oyster Cult – como uma homenagem a um vinil que Colino herdou de seu avô.

O primeiro lançamento do catálogo veio assinado pelo produtor italiano Jacy, que abriu alas da gravadora com um trabalho inspirado nas verves do Italo Dream House, através de Somewhere in the Tapes, convidando o ouvinte para mergulhar nas quatro faixas suaves, lúdicas e viajantes do disco. No mesmo ano, o label trouxe uma sequência de outros seis lançamentos em vinil, incluindo a primeira compilação do catálogo assinada por Ray Castoldi – com faixas que exaltavam as nuances do Deep House, produzidas entre 1992 e 1994.

https://www.youtube.com/watch?v=GAhqiiBn0ms

Logo em 2018, a então prodígio australiana Roza Terenzi apresentou sua estreia na Kalahari com o EP MWAH, adicionando um toque estelar e intergaláctico ao acervo, e provando que a versatilidade na curadoria musical da gravadora já se tornava um ponto de destaque. O próprio Rey Colino seguia a premissa de que a amplitude da produção de uma gravadora é um grande trunfo para sua longevidade, permitindo assim, mais espaço de interação com públicos maiores. 

Do Kwaito sul-africano, passando pelo Pós Trance contemporâneo, pelo House Progressivo e Deep House sofisticado, e até mesmo pelas nuances percussivas que podem ser ouvidas na série Kalahari Oyster Tribe, a  gravadora se tornou um ponto de encontro de liberdade criativa entre artistas vindo de todas as partes do mundo. E o que realmente importa para Rey no processo de curadoria, é a singularidade. 

Hoje somando mais de 40 lançamentos, entre formatos digitais e mídias físicas, o catálogo contempla grandes nomes ascendentes do cenário atual como Liquid Earth, Sansibar, Primal Code, Helium, Brain Pilot, Reptant, Anthony Naples e Max Abysmal para citar alguns. Inclusive, o último lançamento do label quem comanda é um dos grandes medalhões australianos, Fantastic Man, que assina o EP Alltogethernow, com quatro faixas inebriantes, reforçando a identidade transcendental, imersiva e dançante da Kalahari Oyster Cult.

A música conecta.

A MÚSICA CONECTA 2012 2025