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A música conecta

Alataj entrevista Luuk Van Dijk

Por Ágatha Prado em Entrevistas 14.10.2022

Assim que Luuk Van Dijk deu start no universo da música eletrônica, ele já era um jovem prodígio munido de grande potencial criativo e não demorou muito para abrilhantar os catálogos da Hot Creations, Solid Grooves e Eastenderz com suas linhas de grooves repletas de energia singular. O Tech House é a linha direcional que guia a assinatura do DJ e produtor holandês, porém ele não se limita a seguir um único segmento, tornando a alquimia entre melodias minimalistas e a energia latente da House Music, o diferencial de sua identidade.

Colecionando apresentações na Fabric London, Awakenings, DGTL, Strafwerk, elrow, e também na pista brasileira da Laguna Music, Luuk hoje é um artista mais maduro, comanda seu próprio selo Dark Side of the Sun – label que já lançou nomes como Sidney Charles, Youandewan, Sweely, além de uma boa leva de produtores da nova geração -, e está prestes a lançar o primeiro álbum de sua carreira, First Contact.

O full-lenght de 13 faixas está programado para sair em novembro, e as faixas Love You e Hot Stuff já anunciaram que vem muita coisa boa por aí. Tivemos o prazer de conversar com Luuk para saber mais sobre seu momento atual de carreira, detalhes do seu novo álbum e demais insights criativos que acompanham a trajetória do artista. Acompanhe! 

Alataj: Olá Luuk, tudo bem? Obrigada por topar essa entrevista. Você começou na música eletrônica bem jovem, produzindo desde 2011, e com 22 anos já brilhava nos grandes festivais do circuito europeu como Awakenings, DGTL, Strafwerk. Quais foram os principais desafios desse boom inicial da sua carreira? Você acredita que ter começado bem jovem nessa carreira de DJ e produtor profissional, contribuiu para você encarar de maneira mais natural o sucesso?

Luuk: Obrigado por me receber! Eu acho que isso definitivamente me ajudou muito, na verdade. Porque eu ainda estava no ensino médio e morando com os meus pais, eu tinha todo o tempo do mundo para me divertir e fazer música sem o desejo de ganhar dinheiro ou realmente entregar. Se você realmente quer seguir uma carreira de DJ e/ou produtor, é fundamental tentar dar 100%, mas isso pode ser bastante difícil se você tiver contas para pagar.

Então eu tive muita sorte de voltar para casa depois da escola e ouvir, tocar e fazer música o dia todo. Quando eu tinha cerca de 19 anos, minha carreira estava indo bem o suficiente para deixar o ninho e me mudar para Amsterdã, que foi a melhor decisão da minha vida. Viver em uma cidade onde há tanta coisa acontecendo (em termos de cultura) é muito inspirador e motivacional para dar 100%.

Como suas influências musicais evoluíram desde 2011 para cá? Você se considera um artista totalmente diferente daquele jovem Luuk que começou a produzir há mais de uma década, ou uma evolução dele?

Sempre gostei de todo tipo de música, desde os 6 anos lembro de ouvir Hip-Hop, Rock, Clássico. Quando comecei a ser DJ e produzir, também não me apeguei a um som. Mesmo que seja principalmente House e Techno, ainda há muito para descobrir entre esses gêneros, o que pode soar muito diferente.

Então eu acho que é basicamente uma evolução. Estou abordando a música de uma maneira semelhante, mas depois me aprofundando em um espectro mais profundo da música underground.

De Solid Grooves a Hot Creations e Eastenderz, você coleciona uma discografia bem consistente e envolvida com diversos selos notáveis do Tech House e Minimal/ Deep Tech. Na sua opinião, qual é o ponto-chave da sua assinatura musical que chamou a atenção desses grandes selos?

Hummm, essa é uma boa pergunta. Esses três selos eram selos que eu realmente queria lançar minhas músicas. Nesse período do meu tempo no estúdio, eu estava muito focado no projeto, então quando eu queria lançar música na Hot Creations, eu passava a maior parte do meu tempo fazendo faixas que se encaixassem no selo. Naquela época funcionou para mim ter objetivos e tentar alcançá-los, isso gera uma pressa. Esses três selos têm um DJ que também é o A&R, então se você fizer uma faixa que eles toquem, a chance de lançar em seus selos é muito maior, então, eu tentava fazer uma faixa que eu sabia que os DJs por trás dessas gravadoras gostariam.

Hoje em dia tenho a sorte de ter uma base de fãs sólida para que eu possa fazer o que quiser sem procurar ativamente grandes gravadoras para lançar minha música para que as pessoas as ouçam. Em algum momento no estúdio, não estava ajudando estar focado no que outras gravadoras gostariam de ouvir e agora apenas vou para o estúdio com uma tela em branco e vejo onde a música me levará. 🙂

Seu primeiro álbum, First Contact, já está com lançamento programado para novembro, e Hot Stuff é uma ótima prévia do que podemos encontrar nesse full-lenght de 13 faixas. Conta pra gente como foi o processo de concepção criativa desse trabalho.

Bem, para acompanhar minha resposta anterior. Alguns anos atrás eu encontrei um novo fluxo de trabalho no estúdio para fazer o que eu quiser e foi aí que surgiu a ideia de fazer um álbum porque eu estava fazendo tanta coisa que não tocava ou poderia lançar em um EP.

Eu queria fazer um álbum que pudesse mostrar todos os meus lados. Fazer isso foi a coisa mais divertida que já fiz no estúdio. Ao fazer os interlúdios curtos, esses pequenos projetos acabaram sendo as faixas mais legais (eu acho [risos]). Estou muito feliz com o resultado, mal posso esperar para que todos ouçam!

Com o novo álbum, também podemos esperar por colaborações de artistas como Dawn Richard, Steve Burton, Kid Enigma e MC Roga. Você já havia trabalhado com eles anteriormente? E como foi realizar esses projetos conjuntos?

Não, e eu não colaborei muito com vocalistas em particular. Eu costumo fazer coisas por conta própria, pois acho que colaborar não é tão fácil. Fazer uma faixa junto com alguém realmente precisa que vocês dois estejam no mesmo comprimento de onda. Mas quando funciona, a mágica acontece!

Eu sempre quis fazer faixas com cantores ou vocalistas e estou tão feliz com essas faixas, todos os vocalistas realmente elevaram a faixa para outro nível e a colocaram em uma perspectiva diferente.

E claro que não haveria um selo mais especial para receber seu primeiro álbum, do que o próprio Dark Side of The Sun, label que você fundou em 2019. Desses três anos para cá, podemos dizer que a gravadora possui um catálogo rico, consistente e cada vez mais relevante dentro do cenário Minimal/Deep Tech. Qual a sensação de ver sua gravadora ampliando seus horizontes e ganhando cada vez mais magnitude a cada lançamento?

Eu realmente amo o que o selo se tornou, é um lar para artistas jovens e em ascensão, bem como lendas (na minha opinião) para lançar faixas que não encontraram um lar adequado. É por isso que eu comecei, um lugar para lançar o que eu quiser e quando eu quiser. É o que sempre digo aos artistas que querem enviar demos: “envie as coisas que você não sabe para onde enviar”.

Existem muitas gravadoras que querem a mesma coisa e eu quero pressionar outros artistas a deixar sua inspiração musical fluir e não se concentrar muito em seguir uma certa tendência. Se você está muito focado em criar um som que está circulando há algum tempo, provavelmente está atrasado. Claro que não custa nada se inspirar em algo, mas não gaste todo o seu tempo e energia alcançando algo enquanto você também pode seguir seu coração e fazer o que é mais importante: divirta-se.

Em 2019 você fez sua estreia no Brasil, na festa da Laguna Music, em Curitiba. O que você achou da experiência de troca com o público brasileiro? Podemos esperar seu retorno ao nosso país em breve?

À medida que estamos lentamente chegando ao fim do que foi um ano incrível, mesmo com as consequências do Covid (sim, isso aconteceu), estamos fazendo planos para o próximo ano e com certeza planejarei meu retorno!

A multidão no Brasil é incrível e eu não quero perder isso mais um ano, então se algum promoter estiver lendo isso, vamos fazer acontecer! 😉

Para finalizar, uma clássica do Alataj: o que a música representa para você?

Para mim, a música é uma maneira de sair da zona e estar em um lugar feliz, não deixar seus pensamentos negativos tomarem conta. Estou tão feliz que podemos dançar de novo, você pode ficar sozinho, mas em uma pista de dança, quando a vibração está certa, todos são apenas um grande grupo de amigos. A música realmente une.

A música conecta.

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