Se tem uma pessoa que entende de cena eletrônica mundial, essa pessoa é Eddy Romero. O espanhol acompanha o cenário europeu desde a sua explosão nos anos 90, não só observando o desenvolvimento do movimento, mas estando nos bastidores, através de projetos e ações para fomentar e impulsionar a música a tomar forma. Além de toda bagagem e experiência, o veterano é dotado de uma sensibilidade e dom que é impossível não se impressionar com a sua expertise em todas as áreas desta arte.
Nestes anos todos, ele também atuou como DJ e produtor, construindo uma sonoridade bem consolidada que mistura o minimalismo com toques mais obscuros, ao mesmo tempo em que explora uma atmosfera mais intimista e reflexiva. Os seus primeiro passos na cena eletrônica foram através de projetos como Saturnz Other Soul, I Am Here e O Rem, mas seu currículo vai ainda mais longe, e hoje, ele está por trás de marcas como Little Helpers, Act Natural e Deeperfact; a companhia de management SoundVision, e labels como Affinity Lab e ExpMental Records. O que todos têm em comum é essa capacidade de transparecer o dom nato de Eddy utilizar a arte como um canal direto com a mente.
Romero é um artista evoluído, que através de cada um destes projetos, consegue transparecer seu dom de utilizar a arte como um canal direto com a mente, aflorando sentimentos e sensações.. E esse é o principal objetivo da sua gravadora ExpMental Records. A label, como o nome sugere, tem a proposta de proporcionar experiências mentais, e este trabalho vem sendo realizado de forma impecável. E, agora, completando 15 anos de fundação, ela reforça o compromisso através do VA Mental Picks vol. 38, que apresenta faixas dos artistas Dad of the Year, [Øne + 1] e do próprio Eddy. Para contar um pouco mais dessa trajetória, convidamos o head-label para um bate-papo. Confira:
Alataj: Olá, Eddy! É um prazer te receber aqui no Alataj, ainda mais para celebrarmos uma data tão importante que é os 15 anos da ExpMental Records. Para começarmos o nosso papo, vamos voltar um pouco no tempo, nos primeiros passos da label. Como surgiu a ideia de fundar a ExpMental? Qual a proposta que você tinha em mente?
Eddy: – Olá pessoal, obrigado pela entrevista. Sobre a Expmental Records, desde o final dos anos 90 eu sempre quis ter minha própria label, mas com minha situação e trabalhando como promoter com minhas outras marcas nunca tive tempo de fazer isso. Finalmente, em 2008, um cara de uma distribuidora que trabalhou comigo durante meus eventos me propôs abrir a label. E, como naquela época vivi muitas mudanças em minha vida, decidi ir com o que mais gosto do som Mental, aquele som que faz você viajar e você deve procurar por ele.
Você é uma pessoa que acompanha o desenvolvimento da música eletrônica, principalmente na cena europeia, desde quando ainda era algo pequeno e emergente. Com essa visão tão ampla, como você entende o presente e o futuro da cena eletrônica?
Eu venho do primeiríssimo ano da música eletrônica no início dos anos 90. Estava morando em Londres, então senti diversas influências e estava lá observando como tudo ia evoluindo.
Vejo que o futuro da música eletrônica está caminhando para um lado mais “pessoal”, com artistas explorando mais os live acts, etc. É algo que já está acontecendo, os artistas estão entendendo que precisam se diferenciar da discotecagem padrão e o live act é uma possibilidade que realmente mostra todas as verdadeiras habilidades do artista. Além disso, com todas as super estrelas próximas aos 60 anos de idade, imagino que uma grande mudança virá, mas vivemos em uma época de mídia social, então a música está ficando em segundo lugar.
E como você foi moldando o conceito da ExpMental, que é uma label que explora essa atmosfera introspectiva, profunda e claro, mental, neste cenário todo? 15 anos é bastante tempo, o que você vê que mudou na gravadora com o passar desses anos?
Bem, a label sempre esteve envolvida nessas dark trips, e som minimalista é o que eu adoro. Mas, ao mesmo tempo, lancei muito deep house, que é o meu estilo favorito. Minha label sempre trabalhou em torno do verdadeiro som underground, de quando todos começaram a fazer festas e que foi algo perdido com o tempo, e com a gravadora eu só quero manter esse espírito vivo. Sou uma pessoa de mente aberta, portanto não é uma questão de estilos, apenas do que sinto naquele momento.
E como funciona o processo de gerenciamento da label? A ExpMental tem uma equipe grande ou você costuma estar mais à frente dos processos?
Expmental Records sou apenas eu como gerente e A&R. eu decido tudo o que acontece na label, mas tenho minha equipe de design e minha equipe de mastering, é claro. Como a Expmental é o que representa minha forma de club music, sou eu quem decide o que sai e que tipo de arte ou qualidade musical tem que combinar com ela.
Sobre o VA… O “Mental Picks” é uma série de lançamentos que vem acontecendo ao longo dos anos, e já trouxe vários artistas consolidados. Como foi o desenvolvimento desse projeto? Qual a mensagem que vocês queriam passar quando iniciaram?
Na verdade, a Mental Picks series começou porque eu tinha todo o tempo em que a gravadora lançava todos os anos, então eu recebi muitas músicas boas de artistas que eu realmente queria lançar, e resolvi começar esta série e também dar algum trabalho livre para eles. Se eu pedir uma faixa para a VA eles podem fazer o que quiserem que está dentro do meu gosto, é uma coisa de liberdade.
E, agora estamos na 38ª edição, que é a celebração dos 15 anos da label, imagino que seja um lançamento ainda mais especial por conta desta data. Qual foi a proposta que norteou esta edição? E como foi a escolha dos artistas que iriam compor?
Na verdade, este lançamento não acompanha os 15 anos do selo, ele é o último lançamento antes dos 15 anos, que será em 2023. A escolha dos artistas para este último lançamento antes da mudança do Logo e da imagem do selo foi porque eu gostava muito deles e queria lançar algo mais orgânico e mais mental antes de ir para a nova série. É por isso que acrescentei Dad Of The Year, gosto muito do que ele faz e sinto que ele tem um bom futuro. E, claro, meus rapazes [Øne + 1] que depois de anos tentando entrar na label, finalmente chegamos a algo que nos fez sentido, e depois foi o caminho perfeito para estes pré 15 anos da label.
Esta é a estreia de Dad of the Year na label, e também conta com uma faixa do [Øne + 1]. Como foi trabalhar com esses artistas? E o processo criativo dessas produções que eles apresentam?
Trabalhar com ambos foi ótimo no caso do Dad Of The Year. Quando ele me mostrou pela primeira vez a track, eu realmente gostei e fiquei impressionado pela trip, foram apenas algumas mudanças e estava lá perfeito para abrir o EP. O [Øne + 1] uma longa história, eu finalmente conheci Ruben em um show em Ibiza e de lá começamos a trabalhar com a track. Então, junto com Alex, depois de receber poucas demos, fomos em direção a esta e poucos movimentos depois tivemos esta track, que agora está nos charts de Minimal no Beatport.
Quais são os próximos passos da ExpMental? Tem alguma novidade que você pode nos adiantar?
Os próximos passos da Expmental é fazer uma nova vinyl Series. Acabamos de lançar nosso 7º vinil no ano passado e este não pudemos fazer por causa da pandemia e da gasolina subindo, então press está ficando um pesadelo, mas no próximo ano esperamos ter dois novos vinis para os 15 anos da gravadora com artistas muito bons. E como mostrado nas mídias, temos uma nova Logo agora e uma nova cara que será mostrada no meu próximo lançamento no mês de dezembro.
E como aniversariante, qual seria um desejo que você tem para a label neste novo ciclo?
Meu único desejo é continuar trabalhando como os outros e nunca me cansar de trabalhar na gravadora!! hahaha
Por fim, nossa tradicional pergunta não pode faltar: o que a música representa para você? Obrigada pelo papo e pela disponibilidade!
Música significa tudo para mim, não consigo imaginar minha vida sem ela. Música é Vida e Vida é Música!!
A música conecta.