Skip to content
A música conecta

A reverência musical de Luca Lozano

Por Isabela Junqueira em Storytelling 20.12.2022

São incontáveis os alias: DJ Cabbage, L.Lozano, LL, Lad Luca, Luke, Prince of Ethiopia, mas é sob a alcunha de Luca Lozano que Lucas Hunter vem concentrando a maioria de seus trabalhos musicais e brilhando através de uma estética que ganha força na pluralidade pautada em um único pilar: evocar os sons de rave — como ele mesmo se define, um “rave revivalist”. Atento, culturalmente multidisciplinar, criativo, ousado, profundo e… raver! Lozano percorre do acid ao jungle, das Américas à Ásia, guiado por um objetivo. Seja como deejay, produtor ou A&R frente ao seu imprint (que diga-se de passagem é uma grande concentração do que ele é em essência), Klasse Wrecks ou seus braços ZODIAC 44 e Grafiti Tapes, fruto da parceria com Mr. Ho, ele vem os alcançando com preeminência. 

Luca é uma figura que surpreende em incontáveis formas. Como produtor, ele cria faixas que se inspiram no passado, mas que entregam sempre algo completamente novo; como remixer, sabe aproveitar o que há de melhor para criar versões frescas e coerentes ao que as pistas demandam; e como seletor, Lozano ignora quaisquer possíveis barreiras ou limites geográficos, mergulhando profundamente para apresentar sempre uma nova — e excelente — pérola. De julho de 2019 até abril de 2022, Luca assinou uma série de mixes mensais para a Rinse FM e esse definitivamente é um excelente caminho para entender o quão avançada é a pesquisa musical do britânico.

Os caminhos (e obviamente preferências musicais) guiaram os rumos de Luca à capital alemã, Berlim, onde atualmente é baseado, mas é válido reforçar que ele é filho do mesmo berço que impulsionou a estética de rave que Lozano tanto cultua. Luca Lozano nasceu no sul de Londres e mudou-se para Sheffield em 1991, retornando para Londres em 2002 logo após a faculdade. “Minhas primeiras influências com a dance music foi ouvir jungle no final dos anos 90, eu e um amigo ficávamos super empolgados e tentávamos fazer jungle em seu Atari”, contou Lozano em uma de suas poucas e raras entrevistas.

A jornada dele na seleção e produção musical começou no início nos anos 2000, organizando festas em Shoreditch e Herne Hill, no leste e sul de Londres, respectivamente. E Luca inclusive conta que essa dinâmica foi uma espécie de laboratório e incubadora criativa para o seu desenvolvimento: “foi uma boa maneira de aprender como manter a multidão em movimento e todos felizes enquanto tocava a música que eu queria tocar. Eu tocava de tudo, de Juan Atkins a Talking Heads, New Order a Mike Dunn, a fim de manter as coisas interessantes e a atenção das pessoas. Londres era um bom campo de treinamento naquela época, uma grande mistura de pessoas e lugares”, narrou ainda em papo com Orlando Voorn.

Fato curioso: o primeiro lançamento de Luca Lozano sob essa alcunha foi através da DIRTYBIRD, com uma faixa de tech house que mesmo distante (lançada em 2009), ainda pode ser vista dentro de um cenário construtivo dentro do traço musical de Luca. Além dos lançamentos em seus selos, Lozano já riscou catálogos de labels como Hypercolour, Running Back, Super Rhythm Trax e outros labels que ajudam a incorporar peso ao seu nome.

Outro aspecto interessante sobre Lucas é que ele também é designer gráfico e você pode conferir o portfólio dele em planetluke.com. A verdade é que não só o berço e boas referências musicais que ele rendeu à Luca, mas todo o seu caráter e vivências apontam para um mesmo sentido: um artista que dispensa o óbvio para reverenciar a música de uma forma completamente singular — e muito bem sucedida.

A música conecta

A MÚSICA CONECTA 2012 2025