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A música conecta

Dissecamos o VA de final de ano da Me Gusta Records e suas 25 faixas de variadas vertentes

Por Marllon Eduardo Gauche em Trend 22.12.2022

Se o verão no Brasil já é impossível de ser entediante, agora temos mais uma boa trilha sonora para nossos dias de Sol e pista de dança, seja você DJ em um lineup ou clubber a fim de agradar os amigos no after. O VA New Cycle Vol. 3 renova a curadoria da Me Gusta Records em direção aos talentos que temos por aqui, além de alguns convidados de fora que fizeram parte da história da label. 

House, Minimal, Deep Tech, Breaks, Tech House e Deep House são as principais vertentes apresentadas na coletânea, que promove os sons de uma verdadeira excursão de 25 talentos. Sem purismo, sem nichamento; todas as vibes se encontram e se conectam nessa seleção da Me Gusta e o sentimento ao fim de tudo é de ainda mais respeito pela qualidade que nossos artistas atingiram em suas produções. 

Entre os destaques estão dois nomes que vêm chamando atenção no nosso cenário nos últimos anos entre os artistas da nova geração de produtores de House. Seed Selector e Ignacio têm em comum uma musicalidade orientada para os arranjos elegantes de House e Deep. Mas para somar, cada um com sua autenticidade, Seed Selector apresentou grooves atmosféricos com sons da natureza ao fundo e menções ao Acid em Climinha, enquanto Ignacio propôs Piano House e áudios distorcidos em Água de BB

A faixa de Érica também chama a atenção. Esta criativa produtora e multi-instrumentista carioca fez de Ride With Me uma aventura percussiva com vocais em loop e que consegue ser ultra-dinâmica dentro de seu essencialismo, é pra quem sabe fazer muito com pouco e é uma track que muda o rumo de um set. O mesmo se pode dizer sobre Caparica, do Art in Motion, que leva a ideia de melodic para um terreno nada óbvio, com timbres que se conectam em um vem-e-vai de ambiências. 

Tem convidados de fora nessa coletânea também. Expoentes do cenário alemão, Andreas Henneberg chega com um Melodic House hipnótico e otimista em Fake Strip Steak – nem tudo nessa vertente precisa ser sobre apoteoses sentimentais, apesar do que parece atualmente. Beth Lydi e os grooves techy de Sunrise And Tequila trazem uma energia objetivamente dançante e celebra junto ao Andreas o fortalecimento de seu relacionamento com a Me Gusta, algo que começou em 2013 com sua primeira apresentação no Rio de Janeiro — na tour do álbum Mountain, na Festa Me Gusta.

Do time dos titãs do cenário que sempre têm o que dizer musicalmente, estão no VA Leo Janeiro, o label boss da COCADA, e Rodrigo Ferrari, residente do D-EDGE. Embora eles não tenham combinado um conceito, parecem ter entrado em consonância naturalmente: Cantagalo e All Nighter nos transportam de volta às clubbing vibes de 2010, com grooves à la Green Velvet que nos trazem nostalgia dos tempos de auge dos festivais brasileiros. 

A coletânea segue a apresentar uma pegada elegante através de faixas como Samuel L. Jackson, collab Minimal House de Beranger e Phonix (BR), e Dance For Me, em que Fabio Santanna apresenta a Disco ensolarada e sensual do seu codinome Live Motel. Já Saulo Ferraro aposta em outro semblante sonoro com sua Beastgroove. Ele usa vocal cuts meio raver, samples de objetos ruidosos e basslines hipnóticos digressivos por cima de uma bateria House “abafada” para criar uma faixa bem singular. Essa vibe meio “deep porraloka” está presente também em Acid Takeover, de PiNKE, e Bisou Bisou, de Maga.

Por falar em “chiqueza”, unem-se a esse humor as frequências de Amrl (Sweep), CHFLLE (Funk Candy), RZ DJ (Eletric Flow), Vipraz (Dançando) e Gabriel Ide (JAZ). Além disso, os breaks ácidos de T_Pazos com 422 Tour, as drum machines clássicas de Drama.efx com Jatinho to London e o Portal de electro melancólico de Marco Tracks são faixas que reforçam o ecletismo da Me Gusta, trazendo aquela dose de transes que refletem a cena versátil de hoje. 

Essa característica estende-se ao Deep Nu disco envolvente de Talkbox (The Idea), ao Tech místico e suntuoso de Van der Hansz e Antonio Farhy (Algamati) e ao storytelling apoteótico em pele de Melodic House da collab entre Pedro Auguxt e Zicker, Minds in Sync. Há de se falar também no que é provavelmente a faixa mais good vibes do projeto, quando Krishna Baby criou uma levada oitentista com a crueza dos synths, teclados e beats de Drummatik Xanadu.

Apoie os artistas e a gravadora comprando as faixas pelo Beatport.

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