Músico, produtor, DJ e co-fundador da efervescente festa paulistana ODD. Sim, estamos falando de Pedro Zopelar, um artista que se tornou uma das peças chave da cultura eletrônica nacional. Munido de uma criatividade genial, o brasileiro testa sua potência em diferentes projetos, exercitando sua arte e experimentando novos caminhos. Instrumentos orgânicos, sintetizadores drum machines e mais um leque infinito de timbres e sonoridades, esses são apenas alguns dos elementos que o artista explora em seus trabalhos, sem falar da sua riquíssima bagagem musical. Com tudo isso, podemos dizer que Zopelar é o homem que soa como uma banda.
Descrever o som de Zopelar é como descrever uma odisseia. Pense que o artista exerce a função de um guia de viagens sonoras por labirintos construídos cuidadosamente por cada ponto chave de suas bagagens musicais, que embora extensas e intensas, não se sobrepõem ocultando umas às outras ou excedendo-se ao exagero, muito pelo contrário, se completam entre si formando um harmonioso prisma de referências que contemplam o passado, o presente e o futuro.
Cada face desse prisma sonoro complexo, e que permanece em constante construção, não foi erguida da noite para o dia. São anos de vivências e experiências que somam-se na bagagem de Zopelar, e que começa muito antes do seu envolvimento com a música eletrônica. “Comecei na música através de bandas de rock na adolescência, e logo percebi que queria fazer isso da vida. Comecei a estudar piano clássico, teoria musical e levar a sério a possibilidade de seguir uma carreira musical. Me mudei para o Rio de Janeiro para estudar composição e regência no Conservatório Brasileiro de Música e foi nesse período que comecei a experimentar minhas primeiras produções eletrônicas”, explica ele.
A caminhada inicial através da música orgânica, e o posterior encontro com a música eletrônica, foi crucial para que Zopelar enxergasse na música sintética um universo de infinitas possibilidades, e com régua e compasso já bem sedimentados pelo conhecimento técnico prévio, o céu se tornou o limite para o artista: “Na época que comecei o que mais me pegou foi a possibilidade de criar uma música inteira ali em casa, sozinho com um computador e um teclado, sem ter que reunir uma banda, estúdio, etc… Logo percebi também, o quanto a música eletrônica consegue flertar com todas as vertentes musicais! Lembro de me sentir livre e de ter a sensação de que após várias buscas diferentes eu tinha encontrado o meu lugar na música”, relembra Pedro.
Com influência na música instrumental brasileira, além do Hip hop, R&B, Disco, Jazz e Funk, Zopelar moldou uma estética sonora peculiar e ao mesmo tempo, dificilmente rotulável. Ora mais Techno, outras vezes mais Baleárico, toques de House e flertes com o Disco. O que importa realmente na música de Zopelar é a alma e a sensação que relacionam-se com a mensagem central de cada obra, e não necessariamente os limites dos gêneros musicais. São dezenas de lançamentos até aqui, entre remixes, EPs, singles e a genialidade por trás dos álbuns Stepping Stone To The Future Of Space Exploration, Joy of Missing Out, Universo e Mensagem, que sintetizam a polivalência de suas composições.
Para além do próprio projeto homônimo, os envolvimentos com outros brilhantes projetos paralelos reafirmam a inquietude criativa e sempre latente de Zopelar. Desde sua participação nos primeiros anos de Teto Preto, ao instinto improvisado de My Girlfriend e Radioworkers – com Benjamin Sallum -, ou ao instrumental arrepiante de L’homme Statue – com Loïc Koutana, e a parceria retro-cativante e futurista no Sphynx ao lado de Vermelho. Cada um expressando um lado desse prisma inventivo e ousado, mas que se conectam intimamente à personalidade central do artista.
“One-man Band” não é um título para quem sabe tocar vários instrumentos, ou considera-se um produtor multifacetado. É um título para quem consegue conectar cuidadosamente cada peça chave, cada verso, cada melodia e cada sensação em uma composição, de maneira harmônica e natural, com habilidades apuradas de cada função necessária para a plenitude de uma obra. E esse título serve como uma luva para Zopelar.
A música conecta.