Skip to content
A música conecta

Alataj entrevista DJ Magal

Por Mia Lunis em Entrevistas 18.05.2023

Resumir em alguns parágrafos 40 anos de trajetória não é tarefa fácil e seguindo o exemplo do DJ, produtor e professor Magal, um dos mestres da cena eletrônica paulistana: “O que importa não é chegar, mas como chegar”. É aí que a mágica aconteceu e acontece para o artista, no aproveitamento de cada passo de sua jornada inspiradora que incentiva, ensina, anima e emociona milhares de pessoas pelas pistas por onde toca. Falar sobre Magal é elucidar boa parte da evolução do cenário brasileiro, onde vertentes como Post-Punk, Synthpop, Industrial, EBM, Acid House e Techno, (vertentes que caminham entrelaçadas em seu vasto histórico musical), são apenas a ponta do iceberg. 

Para aqueles que acompanharam a ode goth-punk que renovou fervor por volta do final da década de 90 até os anos 2000, precisamente em São Paulo, sabem o que foi descer na estação São Joaquim para ir todo vestido de preto até o lendário Madame Satã, o goth club que já recebeu bandas importantes como Inocentes, Plebe Rude, Ira, e até mesmo Legião Urbana. A casa localizada na Conselheiro Ramalho, foi palco dos DJs que mais influenciaram as gerações entusiastas de música eletrônica, como DJ Mau Mau, Renato Lopes, Kid Vinil e muitos outros, além de claro, Magal — e é aí que começamos a entender em partes sua evolução musical e o seu vasto leque sonoro. 

Rose Bom Bom, Cais e Hoellisch, além de outros clubes igualmente importantes como Columbia, Stereo, Vegas, D-Edge, Lions Nightclub e também a famosa festa Cio, também receberam ao longo dos anos os caldos musicais oferecidos por Magal, contando ainda festivais imponentes como Nokia Trends, Sónar, Spirit Of London, Locca Festival Open Air, Skol Beats, Tribaltech, Dekmantel, Time Warp, entre outros — indo também pelas águas internacionais de alguns dos principais pólos da indústria  eletrônica como Paris, Londres, Glasgow, Barcelona, Santiago, Buenos Aires, Amsterdam, Berlim, Lisboa, citando alguns. 

Eleito como Melhor DJ de Electro pela revista DJ Sound em 2004, sua bagagem o torna personagem essencial na história da cena eletrônica, com sets aclamados no programa Beats In Space, Boiler Room, Lot Radio em Nova Iorque e Red Light Radio de Amsterdam. Além de contemplar os clubbers paulistanos das festas independentes do cenário, como ODD, Carlos Capslock, Blum, Tantsa e Free Beats. Mas não para por aí, a jornada segue também com a celebração de mais de 13 anos como professor de Produção de Música Eletrônica pela Universidade Anhembi Morumbi, curadoria mensal no Radiografia da rádio online Na Manteiga e muito mais ainda por vir. 

+++ Relembre o primeiro Troally de Magal, publicado há cinco anos 

40 anos de muito trabalho, dedicação, amor, amizades, aprendizados, conquistas e todos os entraves e brilho que uma trajetória como essa pode oferecer. Mas o principal, fica por conta da convivência com os colegas de trabalho e público que tem em Magal um norte que ilumina e segue enaltecendo a cena com carisma, atitude e apresentações inesquecíveis. Entrevistamos Magal, acompanhe: 

Alataj: Olá Magal! É uma grande honra falar com você! A cultura Djing tem você como uma grande referência na cena paulistana, seja pelas aulas que você ministrou, pelas discotecagens ou pesquisa musical. Hoje as pessoas têm um acesso facilitado à essa cultura… quais são as mudanças positivas apontadas por você em relação a esse acesso à carreira de DJ/produtor?

DJ Magal: Olá, prazer o meu também! Hoje temos mais facilidade em mostrar nosso trabalho. Você não precisa frequentar determinada festa esperando um convite. Estamos ávidos em descobrir novos talentos, então existe uma procura. Aumentaram as ofertas. Mas existe também uma forte concorrência. E aí entra o diferencial de cada um. Com isso a pesquisa se torna mais rica. Você nota essa diferença dos DJ/s produtores de hoje. 

Você concorda com a superexposição de DJs nas mídias sociais? Como você busca um diferencial no seu trabalho em tempos onde Instagram e TikTok reinam?

Eu acho válido qualquer tipo de tecnologia que favoreça nosso trabalho. Mas eu sinceramente não consigo acompanhar tudo isso. Faço posts e vídeos pontuais. Eu continuo centralizando meu trabalho na música. Por ex: um reels com uma música incrível chama a atenção. Ou um set pra uma plataforma diferenciada que me desafie. Mas o que me ajuda também é o fato de eu tocar vários estilos. Eu toco em festas de música eletrônica, disco, post punk e até hip hop.  

Como você percebe a transformação histórica que a música eletrônica desempenhou nas comunidades mais carentes?

O funk é um exemplo disso. Já é reconhecido mundo afora. Isso não quer dizer que antes não existia nada. Sempre houve uma movimentação eletrônica nas periferias. O Hip Hop já vem fazendo isso há anos, pelo menos aqui em São Paulo.

Fora a música eletrônica, quais são suas principais referências musicais?

Eu comecei a gostar de música no final de 78 com as rádios de FM da época. De lá para cá eu peguei praticamente tudo! Disco/Boogie e post punk são as principais. 

Conta pra gente como é a sensação de celebrar 40 anos de carreira nesse furacão que é a cena paulistana.

Pra mim é uma conquista e um prazer imenso. Porque o mais difícil não é chegar e sim como chegar! 

Indo para palcos internacionais, você já tocou em Paris, Londres, Glasgow e outras metrópoles. Entre as cenas do exterior e a nacional, quais ideias você agregaria a cada uma e quais retiraria da cena como um todo?


Essa é uma pergunta difícil de responder neste momento. Eu toquei fora do Brasil entre 2005 e 2010. Então não posso fazer nenhuma análise só com base em informações e mídias sociais. O que posso dizer é que por mais que estejamos bem inseridos no circuito da música eletrônica mundial ainda falta profissionalismo em alguns aspectos. Temos festas em que todos os detalhes são tratados com excelência. Mas infelizmente ainda temos exemplos de amadorismo puro. Só boa intenção não basta.

Agora Magal como professor: o que um aluno/aspirante a DJ/produtor precisa ser ou fazer para passar no seu crivo de excelência?

Prestar muita atenção e ter paciência. A galera hoje é acelerada, quer tudo pra ontem. E pra tocar com vinil tem que ter paciência. Você pode pular um estágio mas vai bater de frente com ele depois. 

Quais são os artistas que na sua opinião tem potencial de destaque mas que não estão tão inseridos na cena nacional?


Estamos muito bem representados. E eu tenho na minha cabeça que qdo a pessoa é boa no que faz o seu trabalho será reconhecido. Pode demorar um pouco, mas vai ser!! Gosto muito do Takeshi, Ricardo Live, Agrabah, Kika, Fritzzo, CrazeD, Data Assault, Angu, Pr.a.do, Eram, Suelenmesmo, Posada, Rassan, Kakubo, Peroni, Reizko, Vasconcelos, Mau Maioli, entre outros…Eles são conhecidos em suas cidades e até em outras mas merecem uma projeção muito maior.

Sobre seu momento atual de carreira, quais são os spoilers dos seus projetos e próximas apresentações para 2023?

Eu quero ser curador de um projeto. Quem sabe isso aconteça ainda este ano?

Por fim, uma pergunta clássica do Alataj: o que a música representa na sua vida?

Tudo!! Tudo que eu tenho veio da música. Direta ou indiretamente. Minha casa, minhas filhas, meus amigos….

DJ Magal está no Instagram. 

A música conecta. 

A MÚSICA CONECTA 2012 2025