Conhecido pelo estilo eclético que mescla diversos gêneros como techno, house, acid, dark disco, new wave e muito mais, há pouco mais de 10 anos Moscoman vem se posicionando como um fértil DJ e produtor, desenvolvendo um som único e cujas performances energéticas conquistaram as pistas icônicas de lugares como o Space Miami, Panorama Bar, Glastonbury e Pacha Ibiza. Com um estilo musical caracterizado pela ousadia, através da mescla de diversas influências para criar algo novo e distinto no cenário da música eletrônica, seja produzindo faixas originais, remixando outros artistas ou em apresentações, a busca de Moscoman é sempre por ultrapassar limites e surpreender. Para se ter uma ideia, Armada, Correspondant, Crosstown Rebels, Diynamic, I’m A Cliché, Kompakt e Life And Death são só alguns dos selos que assinaram as faixas que compõem sua discografia.
Frente a Disco Halal, tal como sua própria abordagem musical, o trabalho desenvolvido é irrestrito e nunca deixa de surpreender. É lá que produtores como Simple Symmetry, Red Axes, Trikk e Auntie Flo encontraram um espaço para se expressarem livremente, além, claro, do label head. Inclusive ao final de março, o DJ e produtor fez seu retorno à gravadora com o EP Wait — composto por duas faixas onde em ambas, Moscoman cria um passeio eufórico através de ritmos pulsantes e texturas atmosféricas que buscam provocar um turbilhão de emoções.
Foi justamente este lançamento que gerou a oportunidade para que este papo rolasse. A imprevisibilidade e energia são alguns dos consensos característicos que fazem parte do som do israelense, mas ainda há muito o que desbravar sobre o seu vasto e criativo universo musical. É justamente o que buscamos através de 15 perguntas, confira:
Alataj: Você se enxerga produzindo, tocando e viajando com a música até o fim de sua vida?
Moscoman: Bom, isso parece um pouco definitivo [risos], em relação à produção eu acho que quanto mais o tempo passar eu vou me dedicar mais a isso e tentar viajar menos. DJing pode ser uma coisa local também e não apenas uma perseguição, como sempre foi. Eu acho que quanto mais velho fico, mais tento prolongar minha estadia neste planeta estranho.
Qual é o lado ruim de uma carreira na música?
Devo dizer que realmente depende do que é negativo, porque em qualquer carreira, emprego e estilo de vida há vitórias e derrotas, para mim acho que tem sido difícil recriar a comunidade que tive em Tel Aviv e Berlim nos primeiros dias de carreira, e mais do que a maioria é ver minha família, mesmo tendo um ótimo relacionamento, é difícil conforme o tempo passa e as pessoas envelhecem.
Além disso, acho que a vaidade faz parte disso, o propósito de fazer as coisas por gostos e alcance tem um pedágio, mas é algo que consegui sobreviver com muito apoio da minha esposa, de amigos próximos e familiares.
Qual o diferencial mais importante na preparação para uma gig?
No momento, o mais preparado que posso estar para uma gig é estar em boa forma física e mental para poder me apresentar da melhor maneira possível, tanto no palco quanto socialmente.
Qual o maior desafio que a música já te trouxe?
Acho que no geral a vida é um desafio e a minha carreira musical faz parte disso, não tenho a certeza se era mais fácil ter apenas um emprego normal, mas de qualquer forma os desafios são o combustível neste estilo de vida.
A indústria da música vive um momento saudável?
Acho que é um momento difícil para a maioria dos artistas. Há inflação no mercado e 20% dos artistas estão recebendo 80% do salário, espero que se estabilize novamente como era na época pré-COVID.
Fale um pouco sobre o que você considera mais relevante: uma grande ideia ou uma rotina disciplinada de trabalho?
Acho que o mais importante é o seu ABC, recomeçar todos os dias e não viver no passado.
Para mim o conteúdo é mais importante que a rotina de trabalho, não que não seja importante, mas eu poderia ficar fora do estúdio por algumas semanas e fazer de 3 a 4 músicas por dia quando voltar… cada um tem sua rotina e eu preciso estar inspirado.
Qual é o momento ou conquista mais importante da sua carreira até aqui?
Acho que o mais importante dessa carreira é o fato de ter manifestado algo que era impossível quando comecei e continuo fazendo parte disso até hoje, e claro as pessoas que conheci ao longo do caminho, os lugares que conheci e ainda estou vendo.
Qual a sua opinião sincera sobre pirataria digital?
Acho que hoje em dia é tarde demais para pensar nisso, os verdadeiros problemas são o DSP [processamento digital de sinais] e o fato dos artistas não serem pagos pela sua arte, mas apenas por apresentações.
Como encontrar o equilíbrio entre autenticidade e as tendências da indústria?
Eu acho que quando você é autêntico você é autêntico, não existe meio termo. Você pode ser autêntico e seguir tendências, a autenticidade vem de dentro e não se corrompe principalmente pelas tendências, há tempo e espaço para tudo.
O que traz inspiração de maneira prática e contínua para criação?
Eu acho que não tem jeito, se você é um artista é isso que você faz. Se você é uma pessoa trabalhadora, você pode mudar e fazer outras coisas. Independentemente de estar inspirado ou não, você realmente não tem escolha, não é?
Ao fim da sua carreira, como você quer que as pessoas lembrem da sua arte?
Espero que seja inovador, atraente e, o mais importante, espero ter alcançado as pessoas e ajudado-as com a minha música.
Como você descreve a jornada de evolução de seus trabalhos na música do mais antigo ao mais atual?
Não acho que seja do ponto A ao ponto B, acho que ainda estou evoluindo mais e mais a cada música que escrevo, é tudo uma jornada no meu próprio espectro de coisas. Às vezes ouço coisas mais antigas e soa melhor do que hoje, às vezes parece cru e imaturo, depende do dia em que você me pegar.
Como você vê a relação entre sua identidade pessoal e sua identidade como artista?
Moscoman é quem eu sou, em todos os aspectos da vida, da comida ao cinema e à música. Tento manter a mesma integridade quando produzo ou sou DJ, do que tudo que faço para além do mundo da arte, pelo menos esse é um lado bom disso.
O que te causa orgulho em relação ao trabalho/música?
Essa é uma boa pergunta. Às vezes me emociono quando ouço alguma coisa que criei ou ajudei a criar com outras pessoas, acho que você pode chamar isso de orgulho, mas eu nunca penso nesses termos. Ainda não cheguei lá e acho que nunca cumprirei minha própria profecia. Obrigado!
Wait está disponível no Beatport, Spotify e demais plataformas digitais.
Conecte-se com Moscoman: Instagram | SoundCloud | Spotify
A música conecta.