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A música conecta

Review | Ben Böhmer – Bloom [Ninja Tune]

Por Alan Medeiros em Reviews 02.10.2024

Se o Melodic House & Techno enquanto gênero é um tanto quanto misturado entre o que se configura House e o que se configura Techno, por vezes é bom pensarmos nessa separação para entendê-lo melhor. De um lado está o Melodic Techno que lotou pistas nos quatro cantos do mundo ao longo dos últimos anos. Do outro, o Melodic House, ainda mais ramificado e de importância similar. Neste último, poucos artistas alcançaram um patamar de sucesso tão amplo quanto Ben Böhmer de 2018 pra cá. Agora, ele acaba de divulgar seu novo álbum de estúdio. 

Bloom é um trabalho de 11 faixas assinado pela lendária gravadora britânica Ninja Tune, com quem o produtor alemão tem colaborado desde 2023. Por sinal, entender este lançamento pela Ninja Tune é o ponto de partida para compreender o trabalho. As primeiras músicas de Ben que alcançaram sucesso global foram lançadas pela Anjunadeep, gravadora que é mais nativa da cena clubber e que tem uma conexão mais direta com o House Progressivo. Embora posicionado como um artista de Deep e Progressive House, seus trabalhos muitas vezes foram taggeados como Melodic House, mas ainda assim, Ben Böhmer soava musical demais para esses gêneros. Sua ida para a Ninja Tune faz sentido do ponto de vista de um artista que busca uma representação e promoção mais personalizada. Mas surgem também novos desafios. 

O ponto de partida entre eles: soar original e autêntico em uma plataforma com trabalhos tão consolidados como a do selo britânico. Em Bloom, há um movimento claro: Ben Böhmer abre mão de algumas características de seu som mais pista, em busca de uma excelência em termos de impacto no que diz respeito à identidade. É louvável, mas será que ele chegou lá? Boa parte das faixas do álbum soa demasiadamente conceituais apenas para serem conceituais. Mais distante de um dancefloor approach, Böhmer busca alguns pontos para se agarrar, mas eles ainda não são evidentes neste trabalho, o que torna o núcleo do álbum um tanto vago. Há também acertos em momentos em que o produtor consegue emocionar, como em Rain e Faithless. Algumas faixas são realmente impactantes, como Evermore, presente na trilha do EA FC 25. Outras, apenas coexistem. 

Tudo está muito bem amparado e arranjado em níveis de profissionalismo que fazem jus à colaboração entre Ben Böhmer e Ninja Tune. Os features são estratégicos. Toda parte técnica é de primeira prateleira. O ensaio fotográfico e a identidade visual, belíssimos. Em um projeto denso como este, artista e gravadoras precisam fazer escolhas enquanto dançam no ritmo do mercado, e Bloom surge como um trabalho que parece não ter grandes concessões. Embora sem o mesmo impacto de seus álbuns anteriores, ele é um trabalho que o artista deve se orgulhar e, possivelmente, envelhecerá com dignidade. O teto desta parceria entre artista e gravadora, ainda é alto para o futuro.

Em síntese:

Entre o épico e o club, Ben Böhmer procura um novo lugar que ainda não é claro. Sem total consistência, alto nível técnico e lampejos funcionam como um lembrete do potencial dele e do álbum.

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