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A música conecta

As 5 músicas brasileiras que John Beltran mais ama

Por Alan Medeiros em Trend 15.10.2024

Se a cultura musical brasileira fosse uma pessoa pelos bares da vida, ela seria aquela personalidade facilmente amável, admirada por sua originalidade e com um potencial de influência genuíno e autêntico, sem precisar fazer esforço. Esse potencial é um tanto quanto difundido dentro da cena de música eletrônica também. Não são raros os grandes artistas que se dizem influenciados pelas nossas criações dos anos 50, 60, 70 e 80. Mais do que isso, artistas que são verdadeiros pesquisadores e colecionadores da nossa rica história na música. O americano John Beltran, figura influente na história do House e Techno desde os anos 90, é um desses apaixonados confessos

John ostenta uma casca grossa quando o assunto é a pesquisa de sons brasileiros que exerceram algum tipo de influência sob sua arte. Muito além de timbres, acordes e melodias, isso também se observa no nome de alguns de seus trabalhos, como no caso de em Em Trancoso e Back To Bahia. No comecinho de Setembro, ele lançou uma versão de remixes do recente trabalho Serendipia. O Serendipia Remixed é mais um atestado desta paixão e traz novas interpretações assinadas por Danilo Plessow, Fila Brazillia, Xique-Xique, Session Victim, entre outros nomes. Celebrando este lançamento, John compartilhou conosco as 5 músicas brasileiras que ele mais ama. Bora ouvir junto: 

1. A Rã, de João Donato

Essa é uma daquelas músicas que eu posso ouvir repetidamente e descobrir ou sentir algo novo a cada vez. Tenho uma forte conexão com os anos 50 e 60. A simplicidade fresca e refinada do design, música e arte daquela época é algo que sinto que nunca mais teremos. A música de João sempre se encaixou nesse espaço de meados do século para mim. Eu colocava esse disco de vinil e sentava na minha Eames Lounge, olhando para a capa, tentando absorver toda a energia daquela gravação. Era uma conexão total e completa com a música e o tempo de sua criação.

2. Tudo o Que Você Podia Ser, de Milton Nascimento

Essa me conquistou logo de cara, mas quando ouvi aquele ritmo de guitarra e o drop da batida pela primeira vez, mudou minha vida! Como algo tão delicado quanto aquele começo, poderia te levar a uma jam de rock e folk dos anos 60, foi algo que explodiu minha mente.

3. Azul, de Djavan

O que posso dizer sobre Djavan que TODO amante da música brasileira de verdade já não tenha dito? Sou um grande fã de Sting e dos músicos com quem ele trabalha. Esse LP em particular, Djavan Ao Vivo, entrou na minha vida quando eu estava começando a trabalhar com outros músicos. A qualidade e emoção estão no mesmo nível de muitos trabalhos de Sting, mas com aquela alma brasileira. Eu realmente me concentrei em como as guitarras, pianos e ritmos se uniam. Fui influenciado também pelas progressões de acordes e harmonias dessa música. Ele é um dos meus músicos favoritos de todos os tempos, de qualquer gênero.

4. Urubu no Telhado, de Bazeado

Ok, essa vai pegar muita gente de surpresa. Até caras como Gilles Peterson e Patrick Forge, se estiverem lendo! Toquei isso em São Paulo, em um programa de rádio, e meu grande amigo Leonardo Ruas, que sabe tudo sobre música brasileira, não reconheceu. Comprei esse vinil na Tower Records em Los Angeles quando saiu nos anos 2000. Foi recomendado por um cara da cena chamado Jun (não lembro o sobrenome) que todos conheciam. A guitarra e o baixo dessa música tocam os instintos mais brasileiros que há em todos nós. Ainda estou tentando encontrar esse som de guitarra no estúdio!

5. Comanche, de Jorge Ben

Tipo, uau. Estou ouvindo enquanto digito. Talvez seja a minha música brasileira favorita de todos os tempos. O funk, o soul, a gravação, a era, o artista, o arranjo. Quem disse que as músicas precisam ter ponte? Este é um tiro direto de 1000 milhas por hora desde o início.

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