Em tempos onde o imediatismo parece ser a regra, especialmente para DJs e produtores que buscam caminhos rápidos para alcançar o sucesso, é importante relembrar o valor de um desenvolvimento que respeite o tempo. Construir uma carreira sólida no universo da música eletrônica requer paciência, dedicação e o cumprimento gradual das etapas é sim um fator relevante no longo prazo. Afinal, grandes DJs não nascem apenas da técnica, mas de experiências completas: da pista para a cabine, de volta à pista, para então encontrar o equilíbrio na criação artística. Como um chef que precisa experimentar novos sabores, um DJ que não vive o dancefloor também não consegue alcançar sua plenitude criativa.
Com base em Blumenau, Darlan é um exemplo claro dessa construção cuidadosa. Seu envolvimento com a música começou como uma paixão, um hobby alimentado pelo interesse genuíno da cultura de pista. Como parte de uma cena, Darlan De Marco compreende que estar no palco não é tudo; por isso, ele é parte ativa do público, absorvendo a energia e as narrativas musicais dos DJs que admira, outros amigos e colegas ao vivo. Foi em 2024, após alguns anos de pesquisa e aprendizado, que ele realmente passou a se enxergar como DJ profissional. Esse momento de virada transformou a música de um passatempo em uma vocação, colocando-o no caminho de uma profissão.
“Ser DJ não é só sobre aquelas duas horas na cabine mixando para o público. Para mim, ser DJ é viver a música, representar a cena e encontrar formas de pesquisar, mixar e fazer as pessoas acreditarem na sua música”, afirma Darlan, ressaltando a profundidade de sua conexão com a música eletrônica enquanto trabalho. E essa visão se reflete também no seu papel como cofundador da Zero Um, um projeto que é uma mistura de festa e coletivo artístico, idealizado para promover diversidade e profundidade musical entre seus artistas e público.
De cara, logo compreendemos que a marca é uma extensão artística de Darlan. Ao lado dos demais idealizadores, Gustavo Hasse e Bruno Bartsch, ele garante uma curadoria meticulosa que começa pelo soundsystem – tratado como protagonista – e passa pela escolha de artistas e do cuidado geral com a produção. “A gente organiza a Zero Um da mesma forma que um DJ prepara um set. Sempre estamos fazendo um ‘diggin’ de artistas, compondo lineups que fazem sentido e criam uma narrativa. Depois disso, pensamos em todos os detalhes como localização e atmosfera para entregar uma experiência completa”, explica.
Esse trabalho cuidadoso faz da Zero Um um espaço onde Darlan explora e aprimora seu estilo, que hoje é uma fusão de Techno, House, Electro e Trance, a partir de escolas e movimentos dos anos 80, 90 e 2000, tocando o presente com lançamentos contemporâneos que também exploram este prisma. Tudo isso em uma mistura de digital e vinil. Essa identidade musical, construída com consistência e paixão, abriu novas portas para ele.
Uma delas foi sua recente escalação para o festival Trotamundo, um dos eventos mais respeitados da América Latina, realizado no icônico Lost Beach Club, no Equador. Darlan integra a área de Global Support da programação, que na parte de headliners inclui grandes nomes como Onur Ozer, Nicolas Lutz, Zip, Dyed Soundorom, Rhadoo, Liquid Earth, Sonja Moonear e Evan Baggs. Darlan se apresenta no palco Mini Cave, domingo, às 22h, levando sua visão de música a um público ainda mais amplo e diversificado.
Extra
No embalo desta apresentação e para que possamos compreender melhor o seu som, aqui vão 5 músicas que ele compartilhou conosco quando o contactamos para captar algumas informações para esta matéria:
Com um talento que caminha lado a lado com a dedicação, Darlan é um caso interessante de como o respeito pelo processo natural pode levar a resultados sólidos. Sua jornada pode estar apenas começando em escala profissional, mas já evidencia como relações bem construídas podem gerar impacto. O Trotamundo é mais um passo nessa trajetória que promete explorar novas possibilidades enquanto mantém os pés firmes no dancefloor, onde tudo começou.