A partir do dia 25 de abril, o funk brasileiro passa a integrar oficialmente o catálogo de gêneros do Beatport, principal plataforma de compra e venda de música digital para DJs. O anúncio, feito pela ONErpm Brasil, marca um passo simbólico e estrutural no reconhecimento internacional do estilo, que há anos já circula em sets de grandes artistas globais e festivais dos mais variados estilos e países. A nova categoria permite que o gênero ganhe mais visibilidade entre pesquisadores e produtores ao redor do mundo, reforçando sua identidade como música eletrônica — com raízes tão legítimas quanto o house ou o techno.
Tal atualização aponta para uma mudança cultural em curso: o Funk, historicamente marginalizado dentro e fora do Brasil, agora ocupa espaço em uma das vitrines mais respeitadas do mercado global. O movimento é impulsionado por uma geração de artistas que pesquisa e produz com profundidade. Ao mesmo tempo em que o mundo se abre para o estilo, parte do público local ainda resiste, alimentando preconceitos de classe, raciais e estéticos — como visto em recentes episódios envolvendo faixas de funk tocadas por DJs da cena House e Techno.
O caso traz de volta um dilema que já tratamos por aqui anteriormente: por que ainda é tão difícil aceitar o funk brasileiro como parte do ecossistema da música eletrônica? Talvez a resposta esteja mais na nossa relação com a própria identidade do que no som em si. Se o reconhecimento internacional já chegou, falta agora um movimento interno, coletivo, de afirmação e respeito. Como bem sintetizou o DJ e produtor Lorio, “funk é música eletrônica brasileira” — e quanto antes entendermos isso, mais perto estaremos de ocupar com legitimidade os espaços que o talento já nos permite alcançar.