Bengoxi sempre enxergou a música como o melhor lugar para arriscar e cruzar fronteiras criativas — seja de estilos, culturas ou até de expectativas. Agora, o produtor brasileiro apresenta um dos projetos mais ousados de sua carreira até aqui: Sometimes, colaboração com a sueca Sunnfors, lançada pela Muzenga Records. A faixa é uma releitura de Levels, clássico absoluto de Avicii, mas que ganha aqui um novo corpo, embalado por camadas melódicas, uma boa dose de percussões e a energia do Afro House.
Por trás do nome Bengoxi está Giovani Loss, artista que equilibra a vida nos palcos com uma carreira sólida no direito, transitando entre o universo criativo e o corporativo. Seu trabalho já conquistou destaque nos charts — como no single Need It, pela Red Room, que alcançou o topo do chart Dance/Pop no Beatport — e agora, com Sometimes, ele amplia ainda mais seu diálogo com a cena, apostando em parcerias geograficamente distantes, mas criativamente próximas.
A colaboração com Sunnfors, DJ e produtora sueca baseada em Los Angeles, trouxe novas camadas ao projeto, unindo a sensibilidade internacional dela ao olhar conceitual de Bengoxi — o que já resultou em destaque no chart Hype Afro House do Beatport (atualmente ocupando a posição #16) e suportes por diferentes rádios ao redor do mundo. Em um momento de expansão criativa e busca por novas conexões, Bengoxi abre o jogo sobre carreira, desafios e o significado de reimaginar clássicos na edição de hoje da 15 to understand:
Quando a música virou mais que um hobby para você?
Quando eu tive bons resultados no Beatport e bons feedbacks de DJs profissionais, ali eu percebi que não seria mais algo apenas amador.
Você se enxerga produzindo, tocando e viajando com a música até o fim de sua vida?
Sim. Acho que a música conecta pessoas e cria momentos, por que não viver isso até o fim da vida?
Qual é o lado ruim de uma carreira na música?
Na música sou um iniciante quando comparado à advocacia. O lado ruim são as dificuldades de ter de começar algo novo.
Como você lida com as críticas quando elas são direcionadas à sua arte?
Crítica faz parte. Aprendi que como músico e DJ receber “não” faz parte da profissão. A persistência e o esforço serão sempre a chave do sucesso em tudo na vida.
Qual o diferencial mais importante na preparação para uma gig?
Organização e leitura de público.
Algum artista ou música já mudou a sua vida? Se sim, qual?
Ennio Morricone, compositor e maestro. Sua obra em Cinema Paradiso me mostrou como a música muda tudo ao seu redor.
Qual o maior desafio que a música já te trouxe?
Desafio de compatibilizar duas profissões totalmente diferentes sem ser mal recebido por nenhuma das duas.
A indústria da música vive um momento saudável?
A indústria da música está mais dinâmica e cheia de possibilidades, mas também enfrenta um desafio sem precedentes com a ascensão da IA. Diria que não vive um momento saudável, mas com um futuro incerto.
Fale um pouco sobre o que você considera mais relevante: uma grande ideia ou uma rotina disciplinada de trabalho?
Ambos são relevantes, mas a rotina vence no longo prazo.
Qual é o momento ou conquista mais importante da sua carreira até aqui?
No aspecto musical, certamente o resultado do Beatport chama mais atenção. Mas o reconhecimento por meio de suporte de DJs conhecidos é o que me deixa mais feliz. Guardo com carinho a primeira mensagem recebida como reconhecimento do Avangart Tablot, aquilo mudou minha percepção do meu potencial.
O que torna um set realmente inesquecível para o artista e para o público?
Conexão, a ponto de levar à euforia.
Como encontrar o equilíbrio entre autenticidade e as tendências da indústria?
O ideal sempre será ser autêntico, mas sem ignorar que a música não pode ser egoísta. O amor pela música somente é completo quando ela é compartilhada, o que necessariamente envolve observar tendências.
Qual aspecto da cena você escolheria mudar ou transformar por completo atualmente?
Uso excessivo de celular na pista.
O que traz inspiração de maneira prática e contínua para criação?
Escutar música me inspira a fazer música.
Qual a sua impressão sobre o futuro da música eletrônica?
Continuará crescendo e se popularizando. Para mim a controladora é o violão de antigamente, qualquer um que trouxer faz uma festa e isso vai perdurar por muito tempo.