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A música conecta

Quão importante o Techno foi para a união de comunidades em Detroit?

Por Alan Medeiros em Notes 18.11.2025

A importância do Techno para a união ou transformação das comunidades de Detroit deve ser entendida no contexto do colapso econômico e da profunda fragmentação social que a cidade enfrentava.

Na década de 80, Detroit era um retrato de declínio urbano, marcada por altos níveis de tensões raciais e econômicas, desemprego maciço devido à descentralização da indústria automobilística, e segregação racial, onde os brancos mais ricos se mudavam para os subúrbios e a população negra trabalhadora permanecia nas comunidades do centro da cidade.

Foi dentro deste quadro de decadência urbana, notório por edifícios vazios e armazéns em ruínas, que a chama do Techno foi nutrida. Os criadores deste movimento, nomes como Juan Atkins, Derrick May e Kevin Saunderson, buscaram um novo som, inspirado em uma visão muito distante daquela desmoronada Motor City.

O gênero não apenas emergiu desse sofrimento, mas também ofereceu uma visão transformadora e um escape para a comunidade. Atkins, em particular, pensava na música como uma forma de fuga do que chamou de uma inevitável sociedade hiperindustrial, que causava estresse e desorientação. Ele via o colapso de Detroit como um ponto de partida, declarando que “Detroit é Techno City” e estava na vanguarda da tecnologia.

A ideia por trás desta “Techno City” era que, embora fosse o equivalente do gueto de Detroit, era também uma espécie de refúgio onde artistas e intelectuais poderiam residir e encontrar prazer e diversão. O Techno representou uma transmutação da alma do funk e da disco através de máquinas de ritmo e sequenciadores, manifestando um sentimento afrofuturista reluzente.

Em essência, a “Motor City” precisou morrer para que a “Techno City” pudesse viver, fornecendo uma nova visão de futuro para a cidade que havia desmoronado nas décadas anteriores.

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