Falar sobre East End Dubs é falar sobre autenticidade, mas antes, é preciso contextualizar sua história, que não surgiu do nada. Chase, o nome por trás do projeto, passou anos experimentando, testando, falhando e recomeçando até encontrar uma linguagem própria. Formado em computação e ex-gerente de TI, ele largou a estabilidade corporativa há 12 anos para se dedicar integralmente à música, decisão que parecia arriscada na época mas que se provou fundamental para o desenvolvimento de sua identidade.
O projeto, oficializado em 2012, nasceu da necessidade de traduzir a energia das festas undergrounds do leste de Londres em algo que fizesse sentido para o presente. Fugindo da nostalgia mas trazendo fragmentos dela, ele pegou a essência daquele movimento e adicionou uma roupagem contemporânea. Seus baixos profundos e texturas pesadas carregam a aspereza urbana das ruas onde cresceu, mas com a precisão técnica de quem entende que emoção sem estrutura não sustenta uma carreira.
A forma como Chase trabalha revela muito sobre sua personalidade. Ele produz em média duas faixas por semana e mantém a maior parte de seu material de forma exclusiva, usando apenas em seus sets. Por mais que possa parecer uma jogada marketing, essa estratégia de “escassez” é mais uma convicção de que nem tudo precisa ser lançado, que algumas músicas existem para momentos específicos, para aquela conexão única entre DJ e pista. Inclusive, faixas como bRave e Goodies, só ganharam a luz do dia após serem testadas exaustivamente no dancefloor, validando uma abordagem que coloca a resposta do público acima de qualquer outra métrica.
Seu selo Eastenderz segue basicamente a mesma ideia. Chase o chama de seu “bebê”, e a comparação faz sentido: é algo que ele criou, nutriu e viu crescer até se tornar referência na cena. A seleção de artistas não obedece nenhum tipo de critério específico, a única coisa que a música precisa é fazer sentido dentro da proposta estética que ele vem construindo ao longo dos anos. O vinil também permanece central na identidade do selo, já que para ele o formato físico representa algo que se perdeu na era digital: a materialidade da música, o peso literal de uma criação artística. Quando você segura um disco nas mãos, existe uma conexão diferente com aquele trabalho, um respeito que o streaming não consegue replicar.
Como complemento a tudo isso existe ainda o projeto extENDed, lançado em 2024, onde ele entrega sets de até 10 horas. A ideia surgiu da frustração com a diluição temporal que domina a cena nos dias de hoje, já que sets de 90 minutos mal permitem desenvolver uma narrativa musical completa. Nessas maratonas, ele atua como opener, headliner e closer, controlando cada nuance da energia da pista. Neste formato, já passou por cidades como Londres, Veneza, Ibiza e Amsterdã, e em algumas delas, levou junto a no phones policy, resultando numa conexão ainda maior entre público e artista.
A consolidação de East End Dubs como referência na cena é resultado da combinação entre seu nível técnico avançado, uma visão estética bem definida e uma compreensão clara sobre como o mercado funciona, e é isso o que ele traz para o Brasil em sua nova passagem por aqui. Em uma tour de 3 datas, ele inicia na quinta-feira (04) tocando no D-EDGE em São Paulo e em seguida retorna ao Surreal Park na sexta-feira (05). Este evento, em especial, será assinado em parceria com a Beatport Live na pista Bells, oferecendo todo contexto necessário para que Chase desenvolva uma narrativa musical completa ao lado de Solare, Laguna Sound Department e Majoness. A tour ainda tem mais uma data; no sábado (07), ele toca na Beehive, em Passo Fundo.
São três datas e três oportunidades para mostrar por que sua abordagem artística continua influenciando uma geração inteira de artistas.