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A música conecta

William Kiss: do seu estúdio em Melbourne para às pistas do mundo

Por Marllon Eduardo Gauche em Trend 09.12.2025

“Power House” não é exatamente um termo oficial dentro da música eletrônica, mas parece uma definição bem assertiva para o som de William Kiss, termo que não foi criado por ele, mas sugerido por um amigo, o renomado DJ e produtor Mathias Kaden. A expressão se encaixa muito bem no território que o produtor australiano ocupa: house music com mais intensidade e impacto, pensada especialmente para momentos de pico, trazendo junto alguns traços do techno.

Nascido em Melbourne, William Kiss desenvolveu sua obsessão por groove, elementos percussivos e ritmo através de décadas absorvendo influências que vão do disco ao funk, do soul ao rock, passando por world music e house. Essa formação eclética moldou seu tom como artista, mas foi a filosofia de nunca se acomodar com um estilo específico que o levou a criar música que transcende subgêneros. Para ele, o importante não é a categoria, mas o sentimento presente nas faixas que produz.

Isso fica mais evidente quando se compara algumas produções como Hold Up, mais voltada ao minimal house, com Like This, que flerta com o techno. Ambas mantêm um caráter versátil para DJs e a dançabilidade para o público, provando que seu “power house” funciona porque prioriza especialmente o efeito da música quando tocada na pista.

Seu novo projeto, not without friends, representa a materialização dessa filosofia. Criado em parceria com Luke Alessi e Jordan Brando, o projeto funciona como um espaço de experimentação onde os três artistas se apoiam, tanto musicalmente quanto profissionalmente. “Constantemente aprendemos uns com os outros”, explica William, destacando como a colaboração se tornou essencial para seu desenvolvimento artístico.

A evolução do projeto ganhou força com o lançamento do selo homônimo not without friends, inaugurado com o single without u, em julho. Mais do que uma gravadora, o selo representa um lugar onde a criatividade flui e testes podem ser feitos sem tanta pressão, sustentado pela confiança mútua entre os membros do trio — confiança essa que se traduziu em conquistas importantes. 

A estreia europeia do not without friends como trio aconteceu durante a última temporada de verão, com apresentações no Hï Ibiza e Night Tales. Para William, que já havia tocado em clubes icônicos como Cocorico na Itália e também em uma edição da Circoloco no seu próprio país, a experiência de dividir esses palcos com os amigos de cena representou um novo nível de conexão artística. Para 2026, eles já possuem outra novidade quente, um remix de “um dos maiores clássicos do house dos últimos 20 anos”, revela.

Mas apesar do sucesso de forma colaborativa, Kiss também tem um currículo sólido sozinho que ganhou ainda mais peso depois de 2024, ano em que ele lançou o EP House Machine pela Gudu Records, selo de Peggy Gou. Na ocasião, ainda trouxe a colaboração de Roland Clark e Todd Terry na faixa-título, criando uma faixa com aquele sentimento de clássico atemporal. 

Não muito tempo depois, em setembro, remixou o amigo Mathias Kaden pela Rekids (Radio Salve), trabalho que abriu portas para um EP autoral de duas faixas na sequência: The Beat. Ambos os releases atestam sua qualidade técnica e criativa, já abraçada também por outros selos como UNCAGE (Marco Faraone), Club Bad (Melé) e 23rd Century (Carl Cox). 

Mas no fim das contas, William Kiss entendeu que a música eletrônica mais poderosa nasce da conexão genuína entre pessoas que dividem a mesma paixão pelo groove e pelo ritmo. O not without friends é a materialização dessa descoberta: um projeto onde amizade e música se alimentam mutuamente, criando algo maior que a soma de suas partes.

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