Desde quando comecei a frequentar a cena underground em 2013, até hoje, vejo crescimento de núcleos como Mamba Negra, fazendo suas festas com o alcance de duas mil pessoas, Subdivisions trazendo gente do Brasil inteiro em suas edições, ODD firmando o techno de verdade em São Paulo, Gop Tun convidando o festival europeu DEKMANTEL para os paulistas. Fora esses, no RJ a 4finnest preza a qualidade sonora com as Funktion One e sempre inovando nos lines cariocas.
Está bem Lucas, esses núcleos já conhecemos e desde o seus surgimentos, estiveram inovando e trazendo nomes novos porem com boa qualidade. Nos diga algo novo. Pois bem, hoje estou aqui agora para falar de coletivos que através dessas festas, abriram a mente, começaram a ver o crescimento sonoro, a qualidade prezada por festas maiores e agora estão movimentando o Brasil, fazendo nosso país ser rota principal de grandes artistas em tour pela América do Sul.
Começando por Curitiba, cidadezinha boa, casa de bons DJs como Gromma, Kaká Franco, Paulo Pires, Wesley Razzy – todos com passagem pela Troally. Com certeza ali há potencial de sobra para a galera arriscar e ter sucesso trazendo nomes consagrados em festas menores, como aconteceu com a Alter Disco, núcleo que surpreendeu trazendo Akufen para a cidade. Ou a Techgrooves, que convidou Stereociti para a capital paranaense. Recentemente, foi a vez da moove com o holandês Nachtbraker, além de seus já tradicionais eventos desde o retorno a cidade. Fora isso tem uma cena girando com uma galera nova (de idade mesmo), através da turma da Sweetuf, Music Nerds que se juntando com uma nova festa chamada Patterns (essa criada pelo já citado Wesley Razzy) trouxeram para a CWB o francês Lowris.
Partindo para Santa Catarina, o show está grande diante o crescimento da Dark Room no espaço At HOME. Lauro, idealizador da festa, sempre prezou artistas nacionais de respeito como Dee Bufato, Stekke, L_cio, Gaturamo, Kaká Franco, Ney Faustini, entre outros. Agora, chegou à vez de representarem com um perlonzinho, ou melhor, perlonzona no comando, VERA (Perlon/Melliflow) ao lado de Stekke irão mostrar a classe e essência de uma grande noite de minimal. Paralelo ao projeto da Praia Brava, temos o detroitbr, que ao longo dos últimos anos conseguiu fidelizar um público admirável ao transmitir a palavra dos ensinamentos de Detroit com sabedoria ímpar. Em Floripa, festas e coletivos como BATEU, FATe, Sounds In Da City e TROOP, que tem promovido grandes encontros nas tardes/noites da cidade e feito tours com Fred P e agora com Janeret, também fazem seus deveres de casa. No restante do estado, destaque para EMBED e HTBC, que vão desenvolvendo um trabalho sério em cidades sem grande tradição na música de vanguarda.
No Rio Grande do Sul a CREMA cresceu e conquistou seu espaço diante um estado que não possuía muitas festas voltadas para essa linha e hoje tem seu público fiel. A festa SKY é umas das poucas exceções da região, há 11 anos vem mostrando para o estado que qualidade em todos os quesitos é essencial para se construir uma caminhada longa. Z@p e DJ Koolt são nomes que já passaram por lá e recentemente na comemoração de 11 anos nada mais nada menos que Nicola Kazimir (Les Points/Toi. Toi. Musik) ao lado de brasileiros como Doriva Rozek, Lauro (da já citada Dark Room) e Marcelo de Carli da própria SKY entregaram 12 horas de festas dividas em 2 pistas. Em Porto Alegre, uma cena está renascendo, com coletivos e festas como 1601, Arruaça e Levels moldando um novo público clubber na capital do estado. A cena gaúcha ganha força no interior com projetos como Beat On Me e Sunset Sessions, mais uma prova de que há gente profissional motivada a fazer a coisa acontecer mais uma vez por lá.
O rolê continua na divisa do Paraguai com Brasil. Ali a parada está seríssima, Odb, The Lab, Sharp Movement e o irmão paraguaio Moodulate estão mostrando que para se formar uma cena que se sustente não é na rivalidade ou exclusividade e sim a conversa entre as partes é o que forma o movimento. Nomes como Thomas Hessler (Krill Music), Mihai Popoviciu (Cyclic/Poker Flat), P. Lopez e Octavio ambos da (LPZ Records) já passaram por lá e no dia 05 de novembro Priku ([a:rpia:r]) se apresentará na The Lab com um long set de 7 horinhas. Ainda em Novembro, Cesare vs Disorder (Serialism/D AGENCY) passa por lá também.
A verdade é que os clubs estão voltando a ter força entre a galera mais pesquisadora e os núcleos estão movimentando uma leva de artistas nacionais e internacionais com um fluxo nunca visto antes. Após a recessão causada pela alta do dólar, não é exagero dizer que a cena está novamente numa crescente, e agora guiada pelas mãos de gente apaixonada por boa música.
Música de verdade por gente que faz a diferença!