Uma das grandes novidades para 2017 no Alataj é a confirmação do projeto Vitrola como uma coluna fixa do site. Lançado no ano passado no formato experimental, tendo foco direto apenas no podcast dedicado a música genuinamente brasileira, o Vitrola teve sua ideia central aprimorada nesse ano e a partir desse mês representará o alicerce do Alataj na divulgação da música made in Brazil. Mensalmente apresentaremos reviews de álbuns clássicos da nossa música e podcasts recheados de sonoridades bem brasileiras, tudo isso com a curadoria do paulistano Ney Faustini.
Uma das peculiaridades mais ricas de Transa é a forma como ele une diferentes estilos. Como já citado acima, elementos da música brasileira estão presentes, mas muito bem inseridos em um contexto que possui claras referências do indie rock e do reggae jamaicano. Caetano canta a maioria das canções do álbum misturando inglês e português. Além disso, insere um forte poderio artístico no contexto que o lançamento está inserido, tanto em uma experimentação instrumental bastante rica, quanto nas letras, escritas por ele mesmo durante o período do exílio. Sua banda, composta por outros artistas brasileiros exilados e Ralph Mace, produtor do álbum, são peças fundamentais para o sucesso de Transa, que marcou uma período pós-depressivo da passagem de Caetano Veloso por Londres.
Além de todo aspecto histórico, Transa é memorável pela ousadia criativa que apresenta e por mostrar Caetano atuando de uma forma sincera, durante um período conturbado para sua jornada pessoal e também para todos aqueles que faziam parte do cenário artístico nacional. Um álbum rico, que merece ser apreciado repetitivamente, até que sua mensagem seja compreendida por inteiro.