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A música conecta

Editorial | Como funcionam os editais culturais para artistas de música eletrônica?

Todo produtor cultural e/ou artista tem como um de seus principais mantras fomentar o eixo cultura-entretenimento em sua região. E, por trás desse nobre objetivo, gerar impacto positivo no desenvolvimento social, dar destaque às diversas frentes artísticas, promover o crescimento econômico, diversidade e inovação. Além disso, outros tantos fatores subjetivos como gerar bem estar, bom convívio, aproximação, pertencimento, motivação e inspiração. A cultura é um agente transformador da humanidade, mas mesmo com tanto valor agregado, quem é desse ramo sabe o quão desafiador ele pode ser. Mesmo que sua proposta seja incrível, tirá-la do papel não é uma tarefa fácil e alguns fatores podem contribuir negativamente para deixar a experiência um pouquinho inóspita. Ainda assim, o resultado desse trabalho é tão gratificante que fica difícil largar o osso. 

Por conta desses desafios e limitações, captar recursos para fazer de seu projeto realidade pode ser uma boa saída e até mesmo crucial para o sucesso, já que esse tipo de ação estabelece uma segurança e possibilita que todas as etapas sejam bem executadas. Isso também reduz um pouco a sua insônia e crises de ansiedade no decorrer do processo, já que se um grande nome te chancelou, você há de estar no caminho certo, né? Para conseguir a verba necessária, as leis de incentivo, como a Lei Rouanet, são muito utilizadas, bem como editais culturais criados pelos governos e empresas de diferentes setores que apoiam o segmento. 

Em tempos pandêmicos esse tipo de modalidade ficou ainda mais substancial para os profissionais destes nichos. Isso porque, em boa parte do setor cultural e no mercado de entretenimento a premissa básica é aglomerar-se, logo, fomos os primeiros a pausar e honestamente, está cada dia mais claro que seremos os últimos a retomar. E como o suporte fornecido pelos líderes não é satisfatório, recorrer a esse tipo de ação atualmente pode ser uma saída estratégica para fazer a engrenagem rodar, seja você artista ou produtor cultural e sim, mesmo trabalhando com Dance Music. Mas como fazer? 

Bom, serei franca: não é um processo fácil, dá um trabalhinho considerável, a procura é alta e há alguns pré-requisitos e burocracias no caminho. Além de rolar, vez ou outra, seleções tendenciosas, para não dizer controversas. Quando o tema é música eletrônica de pista também há resistências, isso a gente já sabe. Mas isso tem mudado, nada é impossível e persistir é preciso. Por isso, hoje vamos entender melhor sobre os editais e como participar deles com seu projeto de maneira assertiva. Lembrando que esse tipo de modalidade se difere em alguns pontos dos projetos de lei e cada edital tem suas demandas. 

Coloque sua mente para trabalhar lindamente em prol de um projeto foda

Mãos à obra! Tenha em mente que essa etapa é a mais importante. Afinal, é através de um bom projeto que você poderá convencer os peixões a injetar grana na sua tão sonhada ideia. Em outras palavras: no pain, no gain. Troque ideias, esboce-as, calcule, pense, estude, planeje, planilhe, ferva o radiador e conceba o melhor escopo possível. Durante o processo questione-se: Por que a ideia é diferente? Qual legado deixarei para a sociedade? Haverá impacto social? Sustentabilidade? Inclusão? Acessibilidade? Redução de Danos? Inovação e Tecnologia?

No seu projeto devem constar dados fundamentais, mas um bom storytelling é sempre uma boa estratégia, sem contar ideias inclusivas e inovadoras. Vou citar abaixo uma estruturação adequada, mas você encontra diversos sites que podem dar um direcionamento bem “mastigado”. Há também cursos on-line e gente especializada que faz esse trabalho, mas é possível fazer por conta própria.

A partir do projeto pronto faça os ajustes necessários de acordo com cada edital – sim, há particularidades. Alguns contam com formulários padrões no formato virtual com limites de caracteres, outros possuem um modelo de orçamento e cronograma que você precisa preencher. Melhor já ter tudo pronto para não se perder na hora de aplicar a cada caso. Deixei um modelinho do passo a passo feito pelo portal da Fundação Cultural da Bahia aqui. Mas basicamente o esqueleto é esse:

  • Apresentação do projeto
  • Informações gerais
  • Justificativa
  • Objetivo
  • Metas e resultados previstos
  • Público-alvo e segmentação
  • Etapas de execução (deixei mais uma ideia boa aqui)
  • Parceiros e apoiadores
  • Contrapartidas oferecidas
  • Cronograma de ações
  • Orçamento e metodologia de investimento 
  • Fichas técnicas dos artistas envolvidos
  • Acessibilidade (se for algo físico)
  • Diferenciais: lembre das perguntas que fiz lá em cima e o que cada edital exige
  • Distribuição (para o caso de materiais produzidos)
  • Plano de divulgação
  • Monitoramento das ações
  • Avaliação dos resultados e potencial de retorno

Onde os editais vivem? O que comem?

É possível encontrar editais disponíveis por uma busca no Google. Por conta da pandemia essas informações ficaram até mesmo mais acessíveis através de portais (olha nois aqui) e alguns canais que compilam os principais em um mesmo lugar. Vale pesquisar o que está rolando na sua cidade pelas secretarias municipais e acompanhar as empresas que atuam em prol do segmento. Porém, é preciso ler atentamente os pré-requisitos para ver se há fit com sua ideia. Além disso, os editais têm especificações que se alteram entre si. É importante observar o que pode ser apoiado, as categorias a serem trabalhadas e as obrigações do proponente, ou seja, você. Alguns também possuem limite de verba e isso pode acarretar em adaptação do seu orçamento ou captação de verba complementar. É bom já separar a documentação solicitada para a hora da inscrição também.

Dentre os editais públicos a sugestão é buscar através dos portais do MinC, Secretaria Estadual de Cultura, Secretaria Municipal de Cultura, Ancine e Funarte, para saber o que está rolando de oportunidade. Algumas empresas para ficar de olho nos editais são Petrobrás, Vale do Rio Doce, Natura Musical, BNDES, Eletrobrás, Correios, Oi Futuro, Rumos Itaú, CCBB, Caixa Cultural, Porto Seguro e por aí vai…

Ah! Uma dica valiosa para você não dormir no ponto: siga todos eles nas redes sociais para saber quando os editais serão abertos. 

Inscreva-se

Com o projeto pronto e os documentos em mãos é chegada a hora de se inscrever. Aqui é importante observar as particularidades desse processo com antecedência, para evitar surpresas. Me refiro às fichas padrões e modelos que podem causar uma certa dor de cabeça extra.

Atenção às datas: editais tem data de abertura e fechamento, isso quando as inscrições não se esgotam – para os casos de limitação de propostas. Então a modalidade brasileira de deixar para última hora não é recomendada aqui. 

Comece a corrente de orações

Tá, tô brincando. Mas, se você se dedicou, se sua ideia tem um bom propósito e diferenciais, você está no páreo. Agora é só esperar até que o processo de seleção se conclua e você tenha uma resposta.

É importante lembrar: por mais assustadora que pareça a comunicação jurídica que os editais usam, siga em frente. Depois de um tempo você pega o jeito. As palavras de ordem aqui são: organização, dedicação, paciência e persistência. Basicamente as mesmas que compõem a filosofia de um artista e/ou produtor cultural. E para dar mais um empurrãozinho, fecho esse editorial com um portal que posta os editais do Brasil. Que a sorte esteja com você! 

A música conecta.

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