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A música conecta

Alataj entrevista ID ID

Estevão Melchior é um daqueles artistas que temos orgulho por ser brasileiro. Isso porque ele já tinha alcançado um grande sucesso musicalmente através do seu primeiro projeto, o Touchtalk, contudo, o fim do duo em 2022 não foi o fim da sua trajetória, mas sim o início de algo ainda maior e mais fascinante. Agora, sob o nome de ID ID, Estevão segue mais inspirado do que nunca para oferecer grooves do mais alto calibre — grooves esses que já estão ecoando em pistas do mundo todo. Com uma nova identidade versátil, mas firmemente ancorada entre o Indie Dance e o Melodic Techno, Estevão já emplacou produções em selos renomados como Black Rose, Lost On You, Borders Of Light e Ritual, conquistando o apoio de gigantes da cena como Tale Of Us, Agents Of Time e mais recentemente, Solomun, artista com o qual construiu um relacionamento mais próximo para chegar até a fase atual: o lançamento do seu primeiro EP pela Diynamic, Real Time, com três faixas originais que já receberam inúmeros suportes do headlabel.

Em suma, Estevão pode se orgulhar de ter alcançado o sucesso em duas fases distintas de sua carreira, tanto como parte do Touchtalk, quanto como ID ID. No entanto, sua jornada está longe de acabar, e é sobre isso que conversamos com ele nesta entrevista exclusiva.

Alataj: Olá, Estevão! Obrigado por nos atender. Não tem como falar do seu projeto atual sem mencionar a bela trajetória que você teve com o Touchtalk. Foram 10 anos atuando como um duo e, agora, você segue de forma solo há pelo menos dois anos. O que esse período no Touchtalk te ensinou de melhor? O que de mais valioso você guarda e traz consigo hoje?

ID ID (Estevão Melchior): Sou muito grato pelo que vivi com o Touchtalk. Foi uma fase muito importante da minha vida, pois me levou aos quatro cantos do Brasil, onde conheci muitos lugares e pessoas. Foram diversas fases, momentos e isso me trouxe muita bagagem até aqui. Trouxemos uma nova experiência sonora ao público lá em 2014, 2015 e isso é o mais legal. Mas o que realmente importa nesses 10 anos, é que conseguimos deixar uma marca na cena eletrônica. Sempre ouço por aí que o TouchTalk foi inspiração para muita gente. Isso me deixa feliz e com sentimento de dever cumprido.

A reinvenção muitas vezes envolve assumir riscos e explorar territórios até então desconhecidos. Em algum momento nessa transição você lidou com o medo do fracasso ou da rejeição por tentar algo novo? 

Eu nunca tive medo de explorar e correr riscos. Tudo que eu faço é sabendo que demandará tempo e dedicação, eu tenho os pés no chão com relação a isso. Nunca fui de buscar resultados rápidos em todos esses anos na música. Tudo tem a hora certa para acontecer e saber esperar é algo fundamental.

Falando sobre mudanças e carreira, podemos dizer que esse é o seu melhor momento ao longo de toda a sua jornada na música ou é exagero? Afinal, você acabou de conquistar um lançamento importantíssimo na Diynamic, label de Solomun…

Acredito que seja o meu melhor momento… com o passar dos anos eu me desenvolvi em vários aspectos, como produtor musical e DJ. Meu EP na Diynamic é o resultado disso. Minha entrega hoje é consistente e em alto nível.

Vamos aproveitar e falar um pouco desse EP. Sentimos que desta vez você conseguiu equilibrar a parte mais densa do seu som com uma pegada mais próxima do House. Como foi o processo criativo deste trabalho? Você já produziu ele pensando na Diynamic ou esse resultado foi uma consequência do processo? 

Eu sou uma pessoa que fala pouco, observa muito e estou sempre atento aos próximos passos da música, observando as tendências e mudanças. Eu gosto dessas mudanças pelos desafios que elas oferecem, dentro do estúdio eu sou muito inquieto com as ideias e a mesmice é algo que me incomoda como produtor. Já mandei muita coisa na Diynamic, mas foi quando resolvi explorar coisas diferentes que o resultado veio. 

E como foi essa conexão com o Solomun? A gente sabe que os suportes dele já vinham acontecendo bem antes desse EP, até mesmo ainda quando era Touchtalk, não é? 

Sim, o primeiro suporte aconteceu em 2020 durante a pandemia. Uma faixa totalmente fora dos padrões. Um breakbeat de 116 bpms, sombrio e que tinha uma fala do Leandro Karnal. [você pode conferir aqui]. Depois vieram muitos outros… 

Essa estética do EP reafirma também o que falamos no início sobre a sua identidade ser mais plural hoje como ID ID. É um desafio equilibrar essa busca e exploração de novos gêneros e elementos sem perder a identidade?

É um um desafio, mas é muito prazeroso esse processo e é algo que me deixa muito empolgado. Naturalmente as coisas sempre caminham para uma das minhas principais características, que é o som de pista. Eu acho que tenho linhas de baixos bem marcantes e característicos há muitos anos, e a forma como trabalho todos os elementos das minhas faixas me mantém fiel a minha identidade sonora.

Agora que você já alcançou a Diynamic, provavelmente é um sonho riscado da lista… quais são os outros? Quais labels você ainda sonha em lançar ou quais objetivos em geral, sejam pessoais ou profissionais, você vai mirar para alcançar em 2024 e nos anos seguintes? 

Eu acho a Diynamic uma das labels mais versáteis do mercado. Você nunca sabe o que esperar dos próximos lançamentos e tem tudo haver com essa minha pluralidade. Eu não risquei pois ainda penso em trabalhar com eles novamente em um futuro próximo, mas sim, muitos convites apareceram após esse EP. Labels que estavam na minha lista de desejos vieram até mim. Sabe aquelas labels que você envia demos e nem sequer abrem o seu e-mail? Hoje as labels vem até mim e isso é demais, pois você acaba tendo aquela sensação de que está no caminho certo.

No momento você tem trabalho em algum projeto novo, alguma collab ou tem alguma novidade que já pode adiantar pra gente? 

Tenho alguns remixes para big names que não posso revelar e diversas collabs com artistas nacionais e internacionais que deverão sair ainda esse ano. Em 2023 eu coloquei em prática uma vontade antiga que era de ensinar sobre produção musical e tenho ajudado produtores musicais de todo o Brasil a melhorarem suas músicas e seus mindsets sobre a produção musical. É algo que me deixa realizado poder compartilhar tudo que aprendi nesses 22 anos trabalhando com música, mas meu projeto ID ID é minha prioridade. 

Por fim, a pergunta clássica do Alataj: o que a música representa na sua vida? 

A música é minha vida. Ela me norteia e me traz respostas a todas as minhas perguntas. 

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