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A música conecta

Alataj entrevista LouLou Players

Por Ana Luiza Cavalcante em Entrevistas 18.02.2022

Uma das premissas base de um portal de comunicação é manter sua grade de conteúdo em compasso com a realidade, trazer temáticas de relevância e se atualizar sempre que preciso. Isso significa renovar conteúdos com alguns personagens que fazem parte da história da marca. Jérôme Denis é um nome que costuma aparecer com certa recorrência em nossa redação, basta dar uma pesquisada aqui no portal. E ainda que o nome não soe familiar e muito menos brasileiro, é quase isso. Estamos falando de Loulou Players, o belga de energia “abrasileirada” que, faz parte do desenvolvimento de nosso cenário nas últimas décadas. 

Como já falado anteriormente, é difícil um fã de Tech House que não tenha curtido uma pista com essa figura tão carismática e engajada com a Dance Music global ou, minimamente, tenha cruzado com seu nome. Label head da LouLou Records, ao lado de Kolombo, um selo de calibre que além da cultura musical que abarca, é responsável por ser porta-voz de talentos emergentes pelo mundo. Ele é também um dos nomes do catálogo da Alliance Artists, o que faz com que Jérome figure com frequência os line-ups das grandes pistas do Brasil, o que tem se repetido nessa retomada de eventos.

Na faceta de produtor ele procura se manter ativo no mercado fonográfico, através de collabs com artistas nacionais e internacionais, buscando sempre uma renovação em seu próprio design sonoro. Além do eixo DJ-produtor, estamos falando de um profissional que faz muitas costurar com o cenário da música eletrônica, seu mais recente projeto foi o Teamwork Contest, ao lado de Kolombo, Fran Bortolossi e Gabi Lorensatto para prover ensinamentos 360º sobre carreira artística e acelerar novos nomes na cena. Em resumo: um artista multifacetado que procura manter sua engrenagem a todo vapor. Por essa razão, que se faz jus à introdução deste texto. É hora de atualizarmos o papo com Jerome Denis em um entrevista especial para nossa redação, em parceria com a DJ Mag Brasil:

Alataj: Oi, Jerome! Tudo bem? Muitas pessoas dizem que você é praticamente brasileiro. Um artista belga que abraçou nosso jeito de ser. Como a cultura musical e artística do Brasil influencia o LouLou Players? Em geral, como é sua relação com o público e os lugares onde você se apresentou por aqui?

Jerome: Eu amo estar no Brasil! A energia do país é tão inspiradora para mim. Eu amo todo tipo de música quente e groovy, e com certeza o Brasil é provavelmente o melhor lugar para encontrá-las.

Minha relação é uma história de amor perfeita desde o primeiro dia! Tenho tocado nos melhores clubes do Brasil e feito turnês por todos os lados. Estou me sentindo tão sortudo e grato por jogar aqui! A cena do clube é incrível e a energia da multidão é simplesmente ENORME!

Então, se você pudesse escolher um artista brasileiro para colaborar, quem você escolheria? E quais são seus clubes do coração?

Já fiz algumas collabs incríveis com vários nomes que amo! Alguns até ainda inéditos… Mas eu diria que o tempo de estúdio com o Gui Boratto deve ser incrível! Eu sou muito fã!

Club Vibe, Warung Beach Club, Caos, Club 88, El Fortin, D-Edge, Place Lounge, Silk, P12… 

Na sua opinião, qual a razão do sucesso e solidez do projeto LouLou Players durante todos esses anos?

É uma mistura de fatores diferentes, eu diria muito trabalho, paixão e dedicação. Uma grande equipe ao meu redor! Um pouco de chance, sempre precisamos! E com certeza o total apoio dos clubbers!

Mesmo longe dos palcos, a constância dos lançamentos do LouLou Players prevaleceu durante a pandemia, como você vê esse cenário para as gravadoras, principalmente para a LouLou Records?

Tem sido um tempo de gestão muito complicado, na verdade. Como todos tinham dado uma “pausa na vida” e ficado em casa, recebi dezenas de demos incríveis para lançar na gravadora. Eu tive que tomar algumas decisões, esperar ou soltar.

Decidi continuar lançando, sabendo que a cena do clube ficaria fechada por um longo período de tempo. Então, com certeza, os lançamentos não receberam a esperada exposição “club” como em anos normais, mas acredito que deu aos amantes do selo alguma oportunidade de ouvir aquela música do clube de uma maneira diferente, em casa, em streaming etc.

Agora, como estou de volta às turnês, minha missão também é empurrar o máximo que eu puder para esses lançamentos de “bloqueio” e dar a eles uma exposição no clube. É emocionante finalmente poder tocar aquelas faixas que eu sonhava tocar naquela época.

Os artistas vivem uma metamorfose muito grande em sua trajetória, afinal, entrar no elenco é arriscado. Hoje, vemos o Tech House em um momento de mutação também, Deep Tech é um exemplo disso: uma variação que vem bombando nas pistas de dança do mundo. Você sente que temos mais alguma variação? O que você, como produtor da área, tem buscado para inovar seu som?

Eu realmente amo a forma como as sonoridades musicais vão no momento. Na verdade, a deep tech, me lembra totalmente a Deep house & house de antigamente. Obrigado a gravadora e as dezenas de demos que recebo toda semana, tenho a melhor fonte de inspiração. É sempre incrível ver perfis de artistas crescendo e ter a chance de colaborar com eles.

A melhor maneira de inovar meu som é tocar a música nos clubes. A reação da multidão é sempre o melhor teste. Ao sair, ver outros artistas tocando é algo realmente inspirador. Eu gosto de checar como são as pessoas, então estou pensando em alguma forma de adaptar alguns estilos ao meu som. Então, basicamente, ouvir muita música e tentar se inspirar é a melhor maneira de inovar.

O que te inspira na formação de sua assinatura sonora e quais são suas principais referências?

Eu realmente gosto desse tipo de House e sons groovy com bastante energia. É principalmente algo que eu tento trazer em minhas produções e meus sets: energia positiva. Minhas principais influências são do disco-funk, mas não escuto quase tudo. Então eu gosto de tentar pegar um pouco de cada ideia em diferentes lugares.

Como foi o processo criativo de Give Me A Sign e como foi o processo de escolha dos artistas que produziram o remix da faixa?

Eu tenho trabalhado em “give me a sign” primeiramente no estúdio na Bélgica, como mencionei eu queria uma faixa com uma energia positiva e um vocal cativante falando sobre amor… Enviei uma versão para Pimpo para verificar se ele estava inspirado para uma colaboração, pois gosto muito do som dele, e sinto que nós dois amamos o mesmo tipo de energia. Ele trabalhou na pista e terminou uma versão pouco antes de um show que fiz no P12… Testei direitinho e adoramos!

Sobre os remixes, o processo vem seguindo a “360 Masterclass” que estamos lançando junto com Kolombo, Fran Bortolossi & Gabi Lorensatto durante a pandemia. A ideia era dar aos nossos “alunos” a participação em um concurso de remixes de um dos meus lançamentos. Tivemos resultados muito bons e adoramos todos os remixes recebidos, foi uma escolha difícil que nos leva a 2 vencedores com Kahu & Highjack.

Para deixar o lançamento mais forte, eu queria encontrar outro remixer.. E como sou um grande fã do Betoko, naturalmente perguntei a ele! Sorte minha, ele aceitou diretamente e forneceu um remix poderoso e monstruoso!

Você já esteve envolvido com um concurso de remix antes? Na sua opinião como produtor, o que chama a atenção de quem avalia esses casos? Que dicas você daria para a nova geração que busca crescer na profissão em termos criativos para se destacar nas competições e nos contatos com as gravadoras?

Com os discos Loulou, já fizemos alguns concursos de remixes. Eu amo o processo, pois dá a possibilidade de descobrir talentos que não conhecíamos antes. Gosto de me surpreender com a produção, gosto quando o artista entende a energia que procuro para lançar na loulou records

Meu conselho é que é importante checar todas as informações necessárias para os concursos, cuidar do seu link, está funcionando bem… Tente entender e sentir a energia do som da gravadora, tente misturar essa energia com o seu estilo. Envie uma faixa totalmente finalizada, já masterizada

Qual tem sido o principal diferencial que a LouLou Records tem buscado nos artistas e como funciona o processo de seleção das demos?

A ideia principal com as faixas selecionadas para serem lançadas na Loulou Records, é que essas são todas as faixas que eu vou tocar. Eu não libero música que eu não toco. Na verdade, meus dj sets são baseados em 80-90% das faixas da gravadora, podem ser demos que vou testar, promo ou lançamentos anteriores.

Você pode perceber que o selo inclui vários gêneros de música eletrônica diferentes. É simplesmente porque eu amo jogar aquecimento, horário de pico, fechamento e after parties.

o processo de trabalho é simples.. Artistas mandam um link privado do soundcloud com download aberto, depois ouço todas as faixas. Se gostar, digo diretamente que quero testar a faixa e convido para falar nos próximos dias. Se eu não gostar, aproveito para responder e dizer que a faixa não é para nós.

O que podemos esperar das novidades do LouLou Players para 2022?

Estarei em turnê no Brasil até o final de maio, depois estarei de volta em casa para o verão europeu. Tenho várias faixas a serem lançadas, espero poder confirmar todos os lançamentos nas próximas semanas

O que a música representa para você?

A música é meu tudo.

A música conecta.

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