Com colaboração de Isabela Junqueira
São mais de 20 anos fornecendo faixas de house music para o mundo e formando um catálogo que inclui sucessos globalmente populares. O Milk & Sugar tem um talento especial para entregar faixas que além de bem sucedidas, cruzam o tempo e seguem embalando as pistas. Let The Sun Shine, por exemplo, foi um marco na carreira da dupla os colocando diretamente nos principais charts musicais do mundo em 2003, ano de lançamento da faixa. O trabalho contínuo rendeu ao projeto o destaque e reputação como vanguardista de um movimento classificado como “vocal house”.
Sabemos que a arte de forma geral, mas principalmente a música, é volátil e cíclica, rápida e em constante mudança, mas o Milk & Sugar tem muito que se orgulhar e comemorar seus 23 anos no topo, o que não é uma conquista pequena neste nicho. O projeto não só tem uma história distinta e orgulhosa, mas também um futuro que acompanhará o passado se depender do ritmo de Michael Kronenberger, seu atual e principal fomentador.
Tivemos a oportunidade de conversar com Michael sobre o atual momento do Milk & Sugar, outros detalhes como o seu imprint, M&S e quais os próximos passos para manter essa longínqua relevância, confira:
Olá Mike, como você está? Obrigada por dedicar seu tempo para esta entrevista! O Milk & Sugar já passou por vários momentos musicais dentro da house music, ora absorvendo uma abordagem mais latina há dez anos, ora sendo mais fiel ao Chicago House como nos recentes trabalhos de estúdio. Mas ainda sob o pseudônimo Hitch Hiker & Jacques Dumondt, você e Steffen até flertaram com as linhas do Trance no final dos anos 90. Quais são os aspectos que o motivaram a transitar entre esses gêneros ao longo do tempo?
Michael ‘Milk’ Kronenberger (Milk & Sugar): Minha formação sempre foi a disco, mas nos anos 90 houve um forte movimento do techno na Alemanha e fiquei muito animado com o novo som e movimento. Eu fazia experiências com produções, era DJ e organizava raves quando era criança.
Depois que entrei em contato com a cena house de Londres através do fundador do Ministry Of Sound, Justin Berkman, me apaixonei pela música e comecei o Milk & Sugar. Me lembro de ir a Londres quase todo segundo fim de semana, ir a grandes festas e ver DJs fantásticos como Frankie Knuckles, Tony Humphries, David Morales, etc.
Existem cada vez mais correntes e os chamados subgêneros na cena da house music, mas Milk & Sugar está tentando manter seu equilíbrio dentro da house music desde então.
De Let The Sun Shine a Canto Del Pilon, o Milk & Sugar emplacou uma série de sucessos que embalaram não só os verões europeus, mas também as mais diversas pistas ao redor do mundo. Hoje, em 2022, você acha que o artista tem um desafio maior de emplacar grandes sucessos mundiais, do que há 10 e 20 anos?
Não estou planejando ter um sucesso global. Esses discos foram grandes faixas de clubes e depois se tornaram também discos cruzados, o que é um movimento normal. Hoje em dia é mais difícil com certeza, já que você tem o fator de mídia social, por exemplo, TikTok. Sem ser grande no Tiktok, uma grande gravadora não lançará esses registros. Um hit de clube não será mais suficiente.
O Milk & Sugar é um sinônimo de sucesso quando o assunto é trabalho em equipe. Você e Steffen estão juntos desde 1993, apresentando uma forte sintonia em constante reinvenção entre os mais diversos projetos que já lideraram. Agora, depois da saída de Steffeni, como é tocar o projeto solo depois de tanto tempo de colaboração?
Os muitos anos de cooperação foram ótimos e eu também não gostaria de perdê-los. Gostaria de agradecer o Steffen não apenas pelos muitos anos de cooperação, mas acima de tudo pela estreita amizade que sempre nos uniu. Nós criamos grandes coisas.
Desejo-lhe boa sorte e sucesso em seus futuros empreendimentos. Ao mesmo tempo, estou ansioso por um novo capítulo empolgante para Milk & Sugar. No entanto, considero as mudanças e as novas liberdades como um incentivo para implementar 100% da minha visão para o Milk & Sugar e isso é muito bom para mim.
Ano passado você revisitou o hit My Lovin lançado originalmente em 2016, apresentando a voz poderosa de Barbara Tucker. A faixa que agora vem em versão Dub, certamente entrou para a história do Milk & Sugar. Que outros clássicos do projeto você revisitaria trazendo uma nova perspectiva?
Temos um enorme catálogo de faixas, então eu poderia fazer muitas delas.
Para este ano, posso imaginar fazer uma nova mixagem para Canto Del Pilon, já que a faixa está completando 10 anos. O foco principal será lançar novas faixas, já que tenho estado super ocupado no estúdio nos últimos meses.
Sobre a M&S Records, a gravadora traz uma trajetória brilhante através de suas décadas de jornada na música eletrônica. Por lá já passaram nomes como Full Intention, Prok & Fitch e Tim Deluxe, além de muitos dos maiores sucessos da Milk & Sugar. Se você tivesse que destacar três momentos especiais que foram marcantes ao longo desses anos com a gravadora, quais seriam?
É muito difícil destacar apenas 3 discos, mas Bel Amour, Silicon Soul e Kraze também precisam ser destacados do passado.
Terminamos esta entrevista com uma pergunta clássica do Alataj: o que a música representa para você?
Música é alegria e felicidade para mim.
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A música conecta.