Em 2020 Tata Ogan foi indicada como melhor DJ no prêmio WME Music, como percussionista gravou diversos artistas de Tom Zé a Marina Sena e como produtora musical, está cheia de novidades. A artista tem no currículo festivais como Dekmantel (Holanda), Tensamba (Madrid), Coala Festival (SP), Festival Mana (PA), Arte Core (RJ), Red Bull Music Academy (SP) entre outros, além de abrir shows de artistas do porte de Milton Nascimento e Gal Costa. Duas vezes.
Com um olho no peixe e outro no gato, a artista mostra versatilidade dentro da arte e também dentro da sua curadoria musical, capaz de puxar um Baianasystem com Kraftwerk e ainda cair no samba. “Toda ocasião eu faço uma pesquisa focada no evento, dessa vez eu tô levando pérolas mega dançantes e quem sabe um dnb no final do set… alguns edits e remixes ainda não lançados também vão ser ecoados no festival, estou bem animada”, antecipou a artista sobre o Sommos Festival.
Antes da apresentação de Tata no Sommos Festival, batemos um papo com a artista, confira:
Olá Tata, seja bem-vinda! Você tem uma carreira de mais de vinte anos e tenho certeza que as pessoas têm curiosidade de saber como foi o início para você. O que passava na sua cabeça? Como você se lembra dessa fase?
Tata Ogan: Eu desde criança gostava de monopolizar o som das festinhas no play [risos]. A carreira de DJ veio sem pretensão alguma, foi naturalmente acontecendo e em determinado momento, eu saí das gigs que tocava como percussionista e acabei focando totalmente na carreira de DJ.
Você é nascida e crescida no Rio de Janeiro, uma cidade multicultural e cheia de influências de vários lados do mundo. O teu som mostra bem essa diversidade, né? Você toca Samba, Forró, Carimbó, Folk e daqui a pouco está no Kraftwerk. Como se deu esse desenvolvimento?
Eu nunca me senti pertencendo de um rótulo como DJ, hoje em dia falam open format, eu sempre busquei ser fora da curva, até por que eu escuto de Clementina de Jesus a Björk e eu passo muito bem isso nos meus sets, que sempre são surpresas.
Ainda sobre seu background, o Rio de Janeiro tem uma cena underground “menor” do que em outros centros do país. Isso influenciou você a ser mais aberta musicalmente, do que só focar em eletrônica, digamos assim?
Eu comecei na música eletrônica, tocava chill out, mas sempre fui pro dnb, jungle… no chill a gente podia testar misturas loucas com diversos estilos, acho que essa é minha identidade: quanto mais misturado, mais gostoso.
Mudando de saco para mala, no Coala Festival você tocou antes da eterna Gal Costa e deve ter sido uma experiência incrível. Das experiências sonoras iniciais ao palco do Coala foi jornada e tanto né? Comenta um pouco pra gente…
Foi a segunda vez que tive a oportunidade de abrir um show da Gal Costa, e nessa ocasião, foi o último show dela, faltando 1 mês para a eleição. Foi um set militante e que deixou todo mundo confiante de vencer o golpista, e entreguei a pista eufórica pro lindo show que Gal fez.
Em 2020 você foi indicada como melhor DJ no prêmio WME Music. Sobre o papel das minas na cena, como tem sido para você? Você acha que hoje tem mais espaço? Qual teu pensamento sobre essa questão?
É lindo ver as mulheres tomarem conta dos seus lugares, antigamente eu era a única mulher num line e isso me incomodava profundamente. Eu luto pelo espaço das mulheres há anos e sempre tô buscando abrir caminho pras que chegam…
Você tocou no lançamento do disco Assim tocam os meus tambores do Marcelo D2 na Twitch TV para mais de 7 mil pessoas e tem vários trabalhos com artistas de vários estilos como Arnaldo Baptista, Samuca e a Selva e Afoito… Como conduzir pistas de públicos tão diferentes?
Eu não me preocupo com o que o povo quer escutar, eu simplesmente compartilho minha pesquisa e conto uma história através das músicas.
Tem algo cozinhando por aí para contar pra gente?
Estou finalizando remixes da Batucada Tamarindo, Pedro Luís e tem parcerias vindo com Craca Beat, Malka, Gerra G, Selector Chico, entre outras que não posso contar ainda. Em 2024 pretendo lançar meu disco com músicas autorais e remixes oficiais.
Os festivais fazem parte da cultura moderna, ainda mais quando se fala da música eletrônica. É muito legal ter festivais rolando no interior, não somente nas capitais, como o Sommos Festival que você toca amanhã, dia 5 de agosto, em Londrina. O que você acha dessa boa leva de festivais e qual importância deles Brasil adentro?
Os festivais tem o poder de mostrar o que está rolando na atualidade da música, seja eletrônica, seja orgânica. Festivais mostram artistas que têm identidade própria e fazem o diferencial, é importante abrir espaço pra quem tá começando também e não só se garantir com artistas que estão no topo já.
O que você está preparando para sua apresentação no Sommos Festival? Pode adiantar algo?
Toda ocasião eu faço uma pesquisa focada no evento, dessa vez eu tô levando pérolas mega dançantes e quem sabe um dnb no final do set… alguns edits e remixes ainda não lançados também vão ser ecoados no festival, estou bem animada!
O que vem por aí com Tatá Ogan?
Música para transformar, curar e dançar muito.
Para finalizarmos, a nossa clássica: o que a música representa na sua vida?
Representa a maneira que eu penso e a maneira que eu me expresso… música para transformar, incomodar e não só para dançar. Música é ato político.
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A música conecta.