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A música conecta

Alataj entrevista ALGO

Por Laura Marcon em Entrevistas 28.02.2020

O que seria da arte sem as mentes inquietas? Se hoje alcançamos um plano dinâmico e em constante evolução, é justamente por conta de pessoas ousadas e extremamente criativas que materializam ideias pra lá de interessantes e apresentam ao público novas possibilidades de enxergar, ouvir e experimentar a arte.

L_cio e Sala28 já são em seus projetos pessoais figuras reconhecidamente vanguardistas no cenário da música e do entretenimento, tanto nas produções musicais quanto nos projetos visuais que conferimos nas melhores festas e festivais eletrônicos no Brasil. Agora, eles se juntaram para apresentar uma ideia jamais executada por aqui. O ALGO nasceu de conversas informais e se transformou em uma experiência sensorial que combina música e imagem que se comunicam em perfeita harmonia na pista de dança.

+++ Leia a entrevista que fizemos com L_cio em 2018

https://www.facebook.com/Lciolive/videos/594881164781810

 

O projeto já vem sendo idealizado há algum tempo por essa turma e agora que saiu do papel tivemos o prazer de conversar com eles para saber mais detalhes. Confira!

Alataj: Olá pessoal, tudo bem? Que bom ter vocês aqui! Estamos bem curiosos para saber sobre o projeto novo ALGO, então não poderíamos deixar de perguntar como surgiu essa ideia e há quanto tempo estão trabalhando para tirar ela do papel…

ALGO: Olá, tudo ótimo! Muito bom estar aqui. O ALGO começou por volta de setembro de 2018, o antigo estúdio da Sala28 era bem perto da casa do Laercio, o que possibilitou os primeiros encontros em conversas informais. Numa dessas conversas veio a ideia de começarmos um audiovisual. Depois disso começamos a frequentar o estúdio do Laercio para ouvirmos o material novo que ele estava preparando, foi amor à primeira vista. Os encontros foram quase que semanais e passamos por vários estágios até chegarmos nesse formato. A produção das músicas também aconteceu nesse período.

Esse formato de apresentação é algo muito novo no Brasil e se baseia na comunicação entre diversos equipamentos, sonoros e visuais, em tempo real. Como se deu o processo de criação entre estilo musical e possibilidades visuais e quais as dificuldades que encontraram ao longo do caminho para viabilizar o projeto?

Foi um longo caminho para acertarmos o formato que estamos utilizando hoje. No início fizemos toda a comunicação por MIDI e tivemos vários problemas de latência e de como enviaríamos sinais simultâneos passando por vários computadores, instrumentos e aparelhos de luz. Depois disso trocamos toda a comunicação por OSC que é um protocolo bem mais robusto e funciona por rede, o que acabou funcionando bem para o que precisávamos.

Após isso acabamos por utilizar uma ferramenta que possibilitou recebermos todas as informações do live do Laercio. Hoje conseguimos ter em detalhes cada clip, cada nota, tempos e volumes de cada áudio e instrumentos que ele toca. Sobre o estilo musical, é uma apresentação mais densa e que apresenta mais possibilidades de representação visual. 

Vocês escolheram uma plataforma canadense chamada “TouchDesigner” para executar essa experiência audiovisual que provavelmente é desconhecida pela maioria do público brasileiro. Contem-nos como ela funciona e como isso se reflete na apresentação e comunicação com a pista de dança.

O TouchDesigner é software muito versátil, as pessoas não o conhecem, mas com certeza já viram muitas obras que foram realizadas por ele. É um software de programação visual em blocos, o que torna muito mais fácil que a programação escrita, você vê o que você faz. Já mexemos há 8 anos com ele e cada vez mais VJs e iluminadores estão entrando neste universo.

Ele possibilita receber entradas de qualquer hardware analógico ou digital e transformar em imagens ou pulsos para equipamentos. O sync entre som, luz e imagens fica mais evidente. Espero que as pessoas comecem a notar mais isso e que cada vez mais o trabalho dos VJs e iluminadores seja reconhecido. A comunicação com a pista acontece principalmente por todos os elementos da música estarem separados também visualmente, de forma detalhada e simultânea.

O ALGO, além de abusar das possibilidades da tecnologia, traz uma combinação com a música clássica através da flauta e violoncelo, transmitidas por entradas de áudio analógicas. Qual é o diferencial na hora de incluir esses instrumentos de forma analógica? Como se deu a escolha do artista para acompanhar a flauta já característica do L_cio?

O áudio analógico é transformado em sinais digitais. Como transmitimos tudo por cabo de rede, os instrumentos que o Laercio usa do Ableton são codificados para níveis de áudio e posteriormente transmitidos para o TouchDesigner em tempo real. O resultado que obtemos nos equipamentos de luz quando ele usa a flauta sempre nos surpreende. Tanto o cello (Felipe Massumi) quanto a flauta são microfonados e processados, quando enviados para os visuais, conseguimos captar os ataques, intensidades e outras variações que se refletem de forma muito precisa no resultado final. 

O projeto não está direcionado apenas às apresentações para a pista de dança e também se expressa através da produção de novas músicas, com alguns lançamentos e boas colaborações que estão por vir. O que o público já pode saber sobre essa novidade?

As apresentações podem ser bem versáteis, tanto para clubes e festas, como festivais e teatros. O live será todo inédito e as duas primeiras músicas serão lançadas em um EP pela DOC Records — uma das faixas com colaboração da talentosa BLANCAh. As outras músicas devem compor meu novo álbum fim do ano após algumas apresentações do live. 

De alguma forma o ALGO impactou a forma de cada um de vocês enxergarem e executarem seus projetos paralelos, no caso L_cio e Sala28?

Sala28: Para nós da Sala28 acaba que sendo um laboratório, nunca tivemos a oportunidade de explorar um projeto aberto de um artista de live, acabamos aprendendo uma coisa nova a cada encontro.

L_cio: Sim, fez com que eu projetasse a composição das minhas novas músicas de uma forma diferente, me preocupando também com o resultado visual das mesmas.

Vocês já podem contar pra gente quando e em quais lugares poderemos experimentar e curtir o ALGO?

Estamos planejando junto a Entourage as primeiras apresentações para o primeiro semestre deste ano. Em breve vamos divulgar e esperamos que todxs possam ter essa experiência audiovisual tão especial. 

A música conecta.

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