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A música conecta

Alataj entrevista Bertoldi

Por Rodrigo Airaf em Entrevistas 22.12.2021

Embora já flertasse bastante com a Dance Music, foi durante o período de isolamento que Vitor Bertoldi dedicou-se, quando estava em São Paulo, em abrir-se completamente para o espectro gigantesco de viabilidades que nossa cultura proporciona. 

O fato de ser multi-instrumentista facilitou para que colocasse em seu arsenal produtivo um instrumento de origem consideravelmente recente perto do restante, o handpan, algo que o destacou imediatamente diante do cenário. 

Embora jovem, Bertoldi tem em seu passado na música, a experiência de aprender bateria em Nova Iorque com o mestre Jason Gianni, o relacionamento íntimo com o jazz da Collective School Of Music  aprimorando tudo o que podia na New School

Selos que se destacam entre nosso público no Brasil, já acataram o seu talento, a exemplo da Levels Records, da Prototype Records e da Pour Tous Art. Bertoldi também venceu um concurso do canal Soundscape e tocou no Lab aqui do Alataj, como a gente pode relembrar agora. 

O artista é considerado uma grande promessa para o cenário brasileiro de música eletrônica e além. Sua abordagem sensível em relação à música traz possibilidades quase infinitas, resultando em um tipo de apresentação feito para contar histórias, atravessar o corpo e vibrar as mais belas energias que se pode ter em uma pista de dança. 

Às vésperas de sua estreia no Warung Beach Club — na mesma noite em que toca o mestre Sasha, 4 de janeiro — decidimos papear um pouco com Bertoldi sobre seu projeto. Vamos lá!

Alataj: Você está prestes a fazer uma super estreia em um dos principais clubs do mundo, o Warung. “Tá passada?” Como se deu esse convite?

Bertoldi: Estou muito animado para esta estreia!! Um dos meus principais objetivos para o começo de 2022 era conseguir minha primeira gig, mas não poderia imaginar que faria esta estreia no Warung, sempre foi um grande sonho pra mim tocar lá. O convite veio através de uma indicação, desde que comecei a produzir música eletrônica fui mentorado pelo L_cio, e fiquei muito feliz quando recebi o convite do Rassi, que me conheceu através Laércio. 

O que podemos esperar da sua apresentação no dia 04 de janeiro? Cartas na manga vêm aí? Músicas inéditas? Conta spoilers! 

Venho preparando esse live por 1 ano e meio, serão 2 horas de músicas autorais que produzi esse ano e não lancei ainda, vou tocar também vários edits e um remix bem especial no meio, mas pra ouvir só estando lá mesmo (risos).

Hoje você passa a colher frutos muito interessantes dentro da música eletrônica, e isso vem de um tempo muito maior dedicado à música. Quais são as principais lições que você aprendeu até o momento e que foram essenciais para chegar até aqui? 

Ser persistente e ter bastante foco, eu acho que é essencial para qualquer artista conseguir se destacar hoje em dia. A entrega também é algo fundamental, se entregar à música e colocar ela em primeiro lugar é necessário para ter algum tipo de resultado. 

Você é um músico que pôde experimentar muito sempre, mas teve base no Jazz. Como se deu a virada de chave para a Dance Music? Quais foram os primeiros sinais que foram te fazendo sentir certeza sobre este caminho?

Vale lembrar que a raiz tanto da Dance Music quanto do Jazz vem de um lugar em comum, a África, e no início o Jazz era Dance Music. Para mim a virada de chave se deu muito mais quando eu entendi que não precisava focar em um estilo e sim deixar minha criatividade livre para criar o que eu quisesse, e experimentar com o som mesmo que eu não soubesse exatamente onde aquilo se encaixava. 

Percebo que, ainda que você faça um estilo de som que possa ser colocado em alguns tipos de definição, há também variações próprias, como vi você no Lab colocando discursos em português e elementos Afro e Indie em meio às melodias Techno. Como a sua identidade e suas vivências influenciam na sua criatividade? 

Eu escuto muitos tipos de músicas diferentes e adoro músicas étnicas, principalmente a música brasileira/indígena, então pra mim foi bem natural colocar algumas dessas influências dentro das minhas produções. Também, quando comecei a produzir eu não tinha muitas referências dentro da música eletrônica, então eu só criava e não sabia muito o que era Indie ou Afro ou Techno (risos) se soasse bom pra mim estava bom. Hoje em dia eu já pesquisei bem mais e tento usar algumas referências. 

Qual é o seu set-up atualmente? Já tem em mente incorporar mais instrumentos, digitais ou não, daqui em diante?  

Hoje em dia meu set é bem enxuto, mas acredito que consigo fazer muita coisa com ele, uso uma APC40 um teclado midi e o handpan. Gostaria de incorporar um synth analógico e uma drum machine no futuro, mas sem pressa, gosto de tirar o máximo de tudo que uso, então por enquanto estou feliz com o meu setup. 

Você trocou figurinhas com o L_cio durante a produção do seu live act. Como foi esse processo? O que conseguiu desenvolver naquele período?

O Laércio na verdade é o grande responsável por meu projeto ser o que ele é hoje, no início a ideia era produzir algumas bases para complementar minhas músicas que eu tenho solo para handpan. Mas, quando fiz as aulas com ele e descobri o mundo da produção e do live eu me apaixonei e levei o projeto para a direção que está hoje. Ele me influenciou muito na produção, liveact e até como ser humano, ele é uma pessoa incrível. 

Como você definiria seu som em apenas três palavras?

Dinâmico, melódico e rítmico. 

Por fim, o que a música representa para você?  

A música representa expressão, consigo me expressar através da música de uma maneira muito única, e espero que o público consiga sentir isso!

A música conecta.

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