A DJ, produtora e ativista ambiental Vivie-Ann Bakos, conhecida pelo nome artístico BLOND:ISH, retorna ao Brasil esta semana para uma edição especial de sua label party Abracadabra. Celebrada por sua habilidade de nutrir e canalizar energia positiva em uma música de perfil mais transcendente, ela leva a festa ao Aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, no sábado, dia 20. O evento contará com um lineup que ainda inclui os brasileiros Maz, Beltran, Malive e Analu, além da própria artista.
A conexão de BLOND:ISH com o Brasil atravessa contextos que vão de pistas íntimas a grandes festivais, e segue como um elemento central para a artista, que destaca como o país amplia seu repertório e sua relação com a música. Ao falar sobre essa jornada, ela sintetiza a vitalidade local com bom humor: “Isso, somado ao fato de que os brasileiros simplesmente têm esse espírito contagiante […] e o açaí e o pão de queijo e os mamões e as mangas e as florestas exuberantes…. É praticamente perfeito”. Esta é uma história que não nasceu ontem e se estende para além do público, já que há também um ponto de contato bastante ativo com outros DJs e produtores do país.
O Abracadabra, por sua vez, cresceu para além de uma sequência de festas e hoje opera como um ecossistema. O que começou como brincadeira virou uma “plataforma completa para desbloquear uma vida melhor”, com curadoria voltada a narrativas comunitárias e à construção de infraestrutura de valor e acesso. Para organizar essa relação com a comunidade, o projeto criou o $NRG, um token que funciona como passe de acesso digital e segundo a própria Vivie-Ann aparece como peça central da estratégia para 2026: “Música inédita… você precisa de $NRG; ingressos antecipados ou convites para coisas que não são públicas — isso é $NRG. Isso mantém tudo simples. Não há mais DMs manuais aleatórios, favores e caos”.
Em paralelo, este ecossistema criado por BLOND:ISH também investe em sustentabilidade com a Bye Bye Plastic (BBP), fundação dedicada a remover plásticos de uso único da indústria musical. Inspirada por uma experiência em uma festa no Brasil, a iniciativa já ativou clubes com política de zero plástico em cidades como Paris, Londres e Nova York. A artista vê espaço para expandir o BBP em São Paulo, onde a cofundadora Camille tem liderado um crescimento acelerado da iniciativa. Para esta edição brasileira, a mensagem que BLOND:ISH quer deixar é direta: “Apenas venham com a sua melhor energia”. Às vésperas desse reencontro, ela nos recebeu para um bate-papo exclusivo em torno dos principais assuntos que cercam o universo Abracadabra e este retorno ao país:

Sua relação com o Brasil atravessa alguns anos e muitos contextos — de pistas mais intimistas a grandes festivais. Quando você olha para esse percurso, quais foram os momentos-chave que moldaram sua conexão pessoal e artística com o público brasileiro?
Eu me lembro da primeira vez que fui ao Brasil. Eu estava lá como turista, nem tinha shows marcados. Simplesmente desembarquei em Florianópolis e perderam minha bagagem, então tive que pegar roupas emprestadas das pessoas, porque eu não tinha muito dinheiro naquela época. Depois fomos a um beach club e todo mundo estava jogando almofadas para o alto. Em seguida, uma família brasileira nos convidou para ir a Trancoso, e ali eu comecei a entender como os brasileiros fazem as coisas. Fomos a uma white party em uma praia isolada e entramos no mar ao nascer do sol. Fiz algumas white parties, eram bem comerciais, sinceramente — comerciais demais para mim — mas as coisas mudaram rápido.
E é isso que eu amo em uma cultura: quando ela consegue expandir seu conhecimento, como aconteceu com a nossa querida cena de música eletrônica, e evoluir junto com isso. Some a isso o fato de que os brasileiros têm um espírito contagiante… além do açaí, do pão de queijo, das papaias, das mangas e das florestas exuberantes. É praticamente perfeito.
Abracadabra foi desenhada para ser mais do que uma gravadora: é uma plataforma que mistura música, comunidade, impacto social e criatividade. Em que estágio o projeto se encontra hoje e quais direções você vê como centrais para 2026?
Abracadabra começou como festa, virou uma igreja como brincadeira, mas agora é real — e está se tornando uma plataforma completa para desbloquear uma vida melhor. Os shows continuam os mesmos, o que estamos fazendo é construir infraestrutura em torno de todo o valor e energia que existem nos nossos mundos.
O que é novo é a forma como o acesso funciona. Criamos o token $NRG, que funciona como um passe digital de acesso. Se você quer lista de convidados, precisa de $NRG. Se quer backstage, precisa de $NRG. Música inédita? $NRG. Ingressos antecipados ou convites para coisas que não são públicas? Também é $NRG.
Isso mantém tudo simples. Chega de DMs aleatórias, favores manuais e caos. Pensando em 2026, o foco é expandir isso para tudo o que fazemos — permitindo que nossa comunidade tenha uma parte do Abracadabra e, ao mesmo tempo, acesso real. Quem quiser saber mais pode conferir em x.com/everythingisnrg.
A curadoria da Abracadabra costuma priorizar narrativas quentes, centradas na comunidade. Como você equilibra essa identidade forte com a necessidade de renovar o catálogo e descobrir novos artistas?
É uma festa. E, se você quiser ir mais fundo, existe um mundo inteiro para descobrir e desbloquear a sua melhor vida. Tudo está na intenção da música e de tudo o que fazemos… quando você chega, é você quem escolhe qual aventura quer viver.
Somos ímãs para a música e temos uma equipe incrível. Somos obcecados por música, adoramos dar oportunidades para talentos em ascensão e viver nossa melhor vida — e queremos fazer isso com um bilhão de pessoas, começando pela nossa comunidade.
O que motivou a escolha de São Paulo para esta nova edição e o que a cidade representa dentro da estratégia global do projeto?
Estamos simplesmente seguindo a vibração do ano passado, quando fizemos o evento em São Paulo — o público pediu para a gente voltar. Os brasileiros estão em todos os lugares agora! Então a gente vem no verão de vocês, para vocês virem no nosso verão. Relacionamentos são sobre equilíbrio.

Abracadabra cresceu e se tornou um ecossistema completo — que vai da sustentabilidade e comunidade às experiências ao vivo e à tecnologia. Em quais frentes desse universo você está colocando mais energia neste momento?
Bye Bye Plastic é um projeto com equipe própria. Camille, minha cofundadora, pegou o BBP com tudo e fez o projeto crescer de forma massiva. Lançamos clubs zero plástico em Paris, Londres e Nova York, onde mais de 25 clubs em cada cidade se uniram e eliminaram o plástico. Podemos fazer isso em São Paulo também! Já passou da hora.
A série de eventos em Ibiza é um espaço onde temos 12 datas, então conseguimos realmente brincar com a experiência. Agora, com o token $NRG impulsionando todo esse universo, o objetivo final é desbloquear um bilhão de pessoas vivendo a sua melhor vida. E toda a infraestrutura que vem junto com isso vai fazer tudo funcionar de forma muito mais fluida e exponencial.
Às vésperas do evento em São Paulo, que tipo de mensagem ou atmosfera você espera compartilhar com o público brasileiro desta vez?
É só vir com a melhor energia de vocês… só isso. Porque 1 + 1 = 11.