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O mercado brasileiro é formado por poucas agências dedicadas exclusivamente ao universo da música eletrônica. Esse número é ainda menor se levarmos em consideração empresas que estão na ativa já há alguns anos, exercendo um trabalho sólido e com background profissional série e responsável. O mercado é cruel, extremamente mutável e exige uma equação complexa para os profissionais que buscam aliar bom serviço com artistas nichados a uma sustentabilidade financeira.
Dentro desse panorama, destaque para Smartbiz, agência liderada por Fernando Moreno, que hoje apresenta em seu casting três dos nomes mais importantes da história da dance music no Brasil: Anderson Noise, DJ Mau Mau e Renato Cohen. Ao longo dos últimos anos, Fernando acompanhou as intensas transformações do mercado e com um cuidado especial com seus artistas, tornou a sua agência uma referência importante no trabalho de bookings relacionados a house e techno em terras brasileiras.
A nosso convite, Fernando Moreno falou com exclusividade ao Alataj sobre seu trabalho com artistas nacionais e internacionais, desenvolvimento da música eletrônica no Brasil, alta do dólar e a profissionalização de setores ligados a indústria da dance music no país. Confira:
Alataj: Olá, Fernando! Tudo bem? A Smartbiz se diferencia das demais agências do país com sua proposta de casting mais enxuto e certeiro. O que levou você a trabalhar dessa maneira?
Olá, Alan! Tudo bem? A SmartBiz foi fundada em 1999, oficialmente passou a existir em 2000. Desde aquela época a ideia sempre foi manter um casting enxuto de DJs, entre artistas consagrados e novos talentos, primando pela qualidade. Esse formato se manteve desde então, hora mais amplo, hora mais controlado, sempre focado em manter uma coerência conceitual e musical. Quando você tem menos artistas, dá para ter um contato mais próximo, fica mais interessante e produtivo para ambos.
Recentemente foi anunciada a representação do projeto 30/30. Quão especial pra você tem sido desenvolver esse projeto?
Além dos nacionais, há também um trabalho bastante relevante com os internacionais – Laurent Garnier e Miss Kittin, apenas para citar alguns. Quais foram os maiores aprendizados que você obteve trabalhando com artistas desse calibre?
Você não somente acompanhou o desenvolvimento da música eletrônica no Brasil nas últimas décadas, como participou ativamente desse processo. Na sua visão, é possível dizer que estamos passando por um momento de consolidação do mercado? Como você enxerga o futuro da cena house/techno aqui no Brasil?
Quando comecei, éramos um punhado de jovens idealistas, eu praticamente conhecia todos os DJs em atividade no Brasil, o mesmo valendo para os donos de casas noturnas e eventos. De la para cá, o mercado cresceu muito, ficou gigante, mas a cena já está consolidada faz bastante tempo. Idem para House e Techno, dois estilos trabalhados por aqui há mais de 20 anos. Tudo passa por “ciclos”, ficam em alta ou e em baixa durante determinados períodos e depois voltam. Os principais alicerces do mercado já estão implantados, o caminho é encontrar a flexibilidade para lidar com essas movimentações que ele apresenta.
Sobre o momento econômico atual. A alta do dólar faz com que os cachês de artistas gringos aumentem de forma automática. Esse momento realmente facilita o booking de brasileiros em ocasiões que antes era mais fácil ter os internacionais ou é apenas um período de valorização do artista nacional?
Tem artistas internacionais que, pelo nome e posição, não são afetados pelas nossas crises econômicas. Alguns outros já sabem que só conseguirão vir se forem mais flexíveis. No caso dos DJs nacionais, tem muita gente boa e talentosa e por ai, com um time excelente por trás, então o resultado aparece. A credito que há espaço para ambos.
De 10 anos pra cá, os clubs e as agências brasileiras passaram por um importante processo de profissionalização. Isso significa funções foram delegadas a pessoas realmente preparadas para as tais. Ainda assim, eventualmente é discutido melhorias e algumas insatisfações são expostas por parte de quem trabalha no meio. Em que ponto, os bastidores da música eletrônica ainda precisa melhorar na sua visão?
Pessoalmente, quais artistas e movimentos musicais tem captado a sua atenção nos últimos meses?
Eu tenho ouvidos bem atentos e sempre fui musicalmente curioso e amplo, valendo qualquer época e qualquer estilo, o que, de certa forma, te liberta. Tive que buscar essa resposta na últimas musicas da minha playlist do celular: Nebraska, Cardi B, Radio Slave, GRRL, Royksopp, Junior Sanchez, Bruno Mars, Hammer e outros.
Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?