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A música conecta

Alataj entrevista HNQO [Surreal Talks]

Por Isabela Junqueira em Entrevistas 23.09.2022

Henrique Oliveira é um dos DJs e produtores fundamentais para colocar o Brasil em posição de destaque na música eletrônica brasileira. Você provavelmente o conhece por HNQO, alcunha artística que ele usa para espalhar músicas boas pelo mundo. E falando em música, para entender um pouco mais a expressividade desse produtor, em uma breve olhada em seu catálogo você encontra selos como Hot Creations, Playperview — além dos nacionais AIA Records, D.O.C. Records e mais recentemente, a Namata, com Warehouse Church.

A prolífera caminhada de HNQO também demonstra consistência em apresentações, afinal ele já se apresentou em mais de 30 países e rodou o Brasil de ponta a ponta. Agora, chegou a hora de debutar no Surreal Park, e às vésperas do evento, o produtor tirou um tempinho para conversar conosco novamente, sete anos depois de sua última entrevista por aqui.

Neste papo, Henrique nos detalha seu processo de transformação em produtor musical, como nutre a sua criatividade, as expectativas para o debut no Surreal e dessa vez, ele respondeu a nossa pergunta-rito de passagem. Confira o papo com HNQO:

Alataj: Olá Henrique, seja bem-vindo ao Alataj, é um prazer conversar com você! A sua primeira produção, We Do It, foi lançada em dezembro de 2011, abrindo seu catálogo com uma expressividade incomum e acho que não à toa, de cara a sua primeira faixa ganhou remixes de H.O.S.H. e Kolombo. Essa foi de fato a sua primeira faixa? Conta pra gente um pouco sobre seu processo de se transformar em produtor.

Henrique Oliveira (HNQO): Olá, Isa. Finalizei minhas primeiras músicas em 2006/2007. Estava começando a participar do circuito de festas e clubes e me sentia extremamente encantado com as sonoridades. Festas legais, sistemas de som imponentes, bastante gente, liberdade e, claro, a música que ditava o passo e as reações de quem estava presente. Foi um processo de aprendizado que abria meus olhos a cada edição que frequentava, e é o que acontece ainda hoje. Tento extrair um pouco de cada proposta musical que os rolês me apresentam.

São 11 anos na ativa (na produção) e quinta-feira (dia 22 de setembro) tem release novo na praça, né? É interessante que o seu trabalho já alcançou ao menos duas gerações de amantes da música eletrônica e nitidamente você não dá sinais de um possível “desacelerar”. Como você nutre a sua criatividade, Henrique? Aproveita e fala um pouquinho sobre Warehouse Church também.

Eu acho meu processo de produção e lançamento de músicas um tanto lento. No momento, trabalho para encontrar um método onde eu consiga acelerar a produtividade sem perder os impulsos naturais de criatividade e absorção/tradução das minhas influências. Procuro músicas fora do circuito tradicional, que tenham propostas inusitadas, timbres e harmonias mais complexas. Sinto que essa busca se traduz em resultados mais satisfatórios nos meus trabalhos. Warehouse Church foi feita em dois dias. Considero uma música simples e direta. Não tem muitos segredos e camadas “secretas”. Busquei uma roupagem antiga em um groove mais atual. Acho divertida. Será minha estreia no selo NAMATA, que inclusive faz um trabalho bem legal.

O Deep House é bem presente no seu catálogo e a sua assinatura musical também é muito conectada às características desse gênero, ao mesmo tempo que nota-se que você não deixa de se aventurar por outros caminhos sonoros. Como você entende ter desenvolvido uma habilidade que te permite esse “explorar” sem soar distante ou estranho?

Não sei se essa é a resposta esperada, mas imagino que isso esteja ligado ao gosto que adquiri por determinadas sonoridades. Mantenho uma pesquisa e estudo para alcançar esses sons que me agradam e na hora de tomar as decisões na produção, sigo esse norte e é o que geralmente me deixa satisfeito com minhas criações. A seleção de elementos cria uma proximidade e deixa característica como no caso de uma paleta de cores usada para criar várias telas diferentes.

Você faz parte de um grupo de DJs e produtores brasileiros que fez um trabalho amplo de semear o campo para o que chamamos de cena atualmente, afinal, estamos falando de um artista com uma carreira sólida na música eletrônica brasileira há mais de uma década. Você se lembra qual e quando foi o primeiro grande passo que você deu na música?

O primeiro grande passo, com certeza, foi ter começado a produzir minhas próprias músicas e, o diferencial, poder lançar algumas delas em gravadoras com grande visibilidade. Isso trouxe força para a fase inicial. 

Você soma mais de 30 países na sua extensa lista de apresentações e há um bom tempo percorre as pistas do Brasil de norte a sul, mas como é o sentimento de debutar em um projeto grandioso e tão inédito como o Surreal?

Então, eu estou bem ansioso. Desde a abertura do club, das primeiras festas que aconteceram lá eu vi imagens, vídeos, fotos e amigos que foram e deram depoimentos bem legais. Então, a estréia vai ser bem interessante pra mim e ainda, de quebra, a gente vai fazer essa ação beneficente para reconstrução do palco nômade então já é uma uma estreia de peso aí que tem um significado bem legal pra mim.

Aparentemente, a curadoria do Surreal pensou em um time especial, em uma sequência de apresentações em formato back to back. O que você geralmente considera quando se apresenta nessa dinâmica? 

Como eu conheço o Renan faz bastante tempo, já vi ele tocando várias vezes, ele também já me viu tocando várias vezes, eu já me sinto em casa, ele também provavelmente vai estar em casa. A gente vai transitar entre House e o que mais a galera pedir lá na hora — isso a gente vai descobrir lá pra dentro. 

E por fim, a nossa pergunta rito: o que a música representa pra você? Muito obrigada pelo papo!

Música representa os momentos legais que passo com meus amigos, com as pessoas que estão na pista. Seja no Brasil ou em algum lugar que ainda nem conheci, ela conecta, traz sentimento, conteúdo e me mantém curioso. 

A música conecta.

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