Figurando entre os artistas mais proeminentes dentro do cenário melódico da música eletrônica, Michael Miethig vem desfrutando um excelente momento em sua carreira. O artista, que atende por Innellea, estampa lançamentos em gravadoras expressivas no mercado como Afterlife e Diynamic e vem entregando um ótimo trabalho dentro do estúdio, como seus últimos releases, entre eles o EP It’s Us.
Além dos projetos sonoros autorais, ele também integra line-ups de festivais, festas e clubs de renome ao redor do mundo e foi um dos últimos convidados a realizar uma apresentação para o gigantesco canal Cercle, onde apresentou um mix diretamente da Índia. Nós conversamos com o artista sobre releases, opiniões sobre mercado, o videoset para o Cercle e muito mais.
Alataj: Olá Michael, tudo bem? Muito obrigada por conversar com a gente. Você viu sua carreira dar um salto gigantesco nos últimos anos, com lançamentos em gravadoras expressivas, tours pelo mundo e parcerias importantes no cenário, mas sabemos que a caminhada até aqui não foi simples. Em que momento você percebeu que sua carreira iria atingir um patamar tão elevado como o que está no momento?
Innellea: Olá, tudo bem, obrigado. Agora estou assistindo o campeonato mundial de Hóquei no Gelo em casa e tomando um café. Sinceramente, acho que aconteceu no ano passado. Foi perfeito, para mim, refletir sobre algumas coisas em minha vida e perceber onde estou como Innellea e para onde a jornada pode levar.
A base sonora da sua arte está bem conectada com as linhas mais melódicas do Techno, uma frente musical que é gigante hoje no cenário eletrônico. Portanto, para se destacar entre tantos bons artistas, é preciso realizar um trabalho diferenciado. Em relação ao seu trabalho, a que você deve o sucesso que vive hoje através da sua música?
Na minha opinião, meu segredo é que, mesmo que seja muito trabalho duro, ainda amo o que estou fazendo e sou muito grato por ser tão privilegiado por poder estar nessa posição.
Vamos falar sobre seu último trabalho, o EP It’s Us. Como se deu a concepção desse projeto e como foi o processo de produção dentro do estúdio?
Sempre tento mostrar lados versáteis com minha música. A faixa-título It’s Us é um breakbeat emocional que para mim se encaixa perfeitamente neste período da minha vida. A faixa Golden Fort foi inspirada no forte de Jaisalmer, na Índia, onde fiz minha apresentação para o Cercle. Haveli é uma faixa mais voltada para a pista de dança, feita principalmente para o clube.
Falando nisso, a pandemia acertou muitos produtores em cheio, principalmente quando falamos em criatividade e produtividade. Como você manteve sua mente criativa e uma rotina de produtividade ativa neste período?
No início fiquei muito inspirado e gostei muito, principalmente de ter muito tempo e nenhuma pressão. Mas depois de meio ano, eu me esforcei muito para encontrar uma nova inspiração e também motivação. Comecei a praticar muitos esportes e isso me ajudou a ficar motivado e inspirado.
Há um mês saiu seu videoset para o Cercle, que você gravou na Índia. Conte-nos um pouco mais sobre essa experiência e o peso que ela tem em sua carreira.
Eu amo as produções do Cercle, então foi muito especial para mim tocar para eles. Foi ainda mais especial para mim porque também tenho uma ligação muito próxima com a Índia, porque tenho muitos bons amigos por lá.
Além do Cercle, você tem lançamentos em gravadoras gigantescas, um suporte importante em sua carreira, mas cada vez mais vemos um movimento expressivo de artistas que lançam e vendem suas faixas de maneira independente. Você acredita que é possível crescer no cenário que vivemos hoje de forma totalmente independente?
Na minha opinião, ambos poderiam funcionar. Eu acho que você pode crescer mais rápido se lançar em grandes gravadoras, pois alcança o público deles, e depois disso seguir como um artista independente diretamente. Por outro lado, gosto da ideia de que você pode criar todo o seu label sozinho desde o primeiro dia (o que também é uma tarefa enorme).
Falando em labels, estamos vivendo um mercado onde labels se tornaram marcas gigantescas e populares, ditando muitas vezes estilos sonoros predominantes nas festas e festivais e influenciando artistas na hora de produzir suas faixas, pois desejam conquistar o sucesso. Você acredita que esse cenário pode prejudicar a liberdade criativa e a ousadia na hora da criação?
Definitivamente, há uma tendência que muitas pessoas produzem de acordo com o padrão para imitar o som de um label, na esperança de acabar lançando nele ou desenvolvendo uma boa parceria. Mas geralmente as gravadoras não querem isso. Querem inovação e novidades refrescantes. Portanto, na minha opinião, você está no caminho errado se pensa assim e se deixa ser influenciado por muito.
Existem muitos talentos gigantes escondidos por aí. É sabido que a produção musical não mantém um artista financeiramente e por isso muitos estão na corrida para ver suas faixas tocadas por grandes nomes em grandes festivais. No final, notamos grandes artistas crescendo cada vez mais, mas muitas vezes tocando faixas de talentos desconhecidos, que seguem ainda sem nenhum retorno financeiro ou notoriedade. Como você vê esse movimento?
Eu vejo como uma grande oportunidade se grandes artistas tocam músicas de produtores talentosos ainda desconhecidos e eu não vejo nenhum ponto negativo nisso. A alternativa seria que talvez a música desses talentos nem fosse ouvida por um público, o que seria uma pena na minha visão.
Temos muitos fãs do seu trabalho que acompanham o site, então que tal uma dica para os artistas que desejam alçar grandes voos como o seu?
Nunca perca sua paixão pelo que você faz.
Sobre os próximos meses, teremos mais novidades por aí?
Sim, acabei de terminar um remix para Parra For Cuva que já saiu. Eu também vou lançar um EP no verão em uma gravadora onde participei desde o primeiro lançamento.
Vamos finalizar com uma pergunta que sempre encerra nossas entrevistas: o que a música representa em sua vida?
A vida sem música é como uma alma sem esperança.
A música conecta.