DJ, produtor, designer gráfico, ilustrador. A arte permeia a vida de Jonas Ratshman através de diferentes abordagens e isso é algo que já perdura por anos e anos. Dono de um talento que não reconhece limites, Jonas é o tipo de artista que ignora bloqueios criativos e visa sempre a evolução. Sua discografia é uma prova real disso.
Nascido e crescido na Suécia, Jonas pode absorver características interessantes de sua terra natal, uma pequena vila na parte ocidental do país. Suas primeiras produções são um reflexo direto desse período e mesmo atualmente tal atmosfera exerce influência em seus DJ sets e lançamentos. Em 2013, Rathsman ainda dava seus primeiros passos no mundo da música quando Pete Tong o destacou na posição de uma “futura estrela”.
Desde então, sua vida mudou e motivado pelo apoio de grandes medalhões da cena e também do público, ele passou por uma ascensão meteórica que o levou até o line up de clubs e festivais como Coachella, Circoloco Ibiza, Watergate e Fabric – boa parte deles na posição de headliner. Essa experiência o levou a abrir seu próprio label, intitulado ELEMENTS.
Alguns dos higlights recentes da carreira de Jonas Rathsman incluem as colaborações e remixes com Serge Devant, Damian Lazarus e Joseph Ashworth, além de lançamentos em selos como All Day I Dream, Crosstown Rebels, Get Physical Music, Mobilee e Rebellion, gravadora que recebe seu próximo release, Glades of Glory EP. Em grande fase, Jonas conversou com exclusividade conosco:
https://www.youtube.com/watch?v=71MuLl7HpgM
Alataj: Olá, Jonas! Tudo bem? Obrigado por nos atender. Sua relação com a criatividade é algo bastante amplo, não é mesmo? Como você consegue organizar suas ideias flertando com diferentes cenários e movimentos artísticos?
Estou bem, obrigado! Criatividade é um assunto muito aberto – cada pessoa é impulsionada por diferentes inspirações. Para mim, é sobre encontrar as coisas que mais me inspiram e tentar traduzir esses sentimentos para o que eu faço. Desde que terminei os estudos, tenho trabalhado com alguma coisa criativa, direção de arte, ilustração, design e música. Sou inspirado por minha família, amigos, encontros e natureza – nós somos tão sortudos aqui na Suécia, estamos cercados por tanta natureza. Tocar é sempre intenso para mim, adoro conhecer novos amigos e compartilhar momentos com eles. Esses momentos fazem tudo valer a pena. Eu não olho muito para os movimentos, para ser sincero, isso pode sufocar a criatividade. Apenas faço o que vem naturalmente e acho que serei sempre assim.
Me parece óbvio que outras áreas além da música influenciam seu dia-a-dia. Para manter uma coerência em seu trabalho como DJ e produtor musical, como você tem buscado absorver e organizar as referências da melhor forma?
É difícil ter uma rotina às vezes. Em primeiro lugar, eu sou pai, então planejo meu dia em torno dos horários da escola das crianças, o que de certa forma é ótimo. Costumo me concentrar no que é mais importante durante essas poucas horas.
Sempre levo muito tempo para preparar as músicas dos meus sets. Às vezes, toco seis horas ou mais, então esses sets exigem mais atenção e esforço.
Sobre a produção, às vezes tenho prazos de remixes ou dos lançamentos, então priorizo isso. Eu poderia ficar escrevendo música o tempo inteiro – por isso tento liberar o máximo de tempo possível para continuar escrevendo material novo.
Também tento deixar um dia em que posso focar na minha gravadora ELEMENTS, além de manter conversas com minha equipe de management. Há muito para encaixar toda semana.
É notório que a Suécia possui uma cena musical muito interessante do ponto de vista artístico. De que forma e em quais momentos sua terra natal contribuiu para sua evolução enquanto pessoa e profissional?
Quando eu era mais novo, escutava muito disco, funk e hip hop. Eu costumava fazer um evento em Gotemburgo, quando eu tinha vinte e poucos anos, chamado Bagheera, foi meu primeiro passo para o DJing – o som que eu costumava tocar naquela época é muito diferente de agora. No começo era mais uma diversão com os amigos, mas acabou se tornando um sucesso e muito mais sério.
Costumava fazer o evento com meu amigo DJ Nibc, foi ele que me colocou na produção musical. Fiquei viciado depois da primeira sessão que fizemos juntos – tudo se desenvolveu a partir daí. Então, comecei a comprar meus próprios sintetizadores e instrumentos, o que acabou me levando a lançar meu primeiro disco como “Jonas Rathsman” na French Express, em 2010.
Você é um artista com experiência frente a alguns dos principais clubs do mundo, certo? Após vivenciar diferentes momentos, o que você considera essencial para que uma noite seja boa em um club underground?
Adoro trabalhar com promoters que já tenho conheço há bastante tempo, e eu sei que como promoter, há um enorme trabalho por trás de cada evento para que seja bem sucedido. Quando eu falo “bem sucedido” não é apenas sobre trazer o máximo de pessoas possível ou ganhar muito dinheiro, mas também criar uma experiência única para o público, algo memorável que os faça voltar.
Como DJ, gosto muito quando você sente uma verdadeira presença do público, grande ou pequeno. Quando você sente essa conexão, é como se você fosse parte da multidão e vocês se tornassem um só. São momentos especiais e é por isso que ainda amo o que faço. É por causa disso que acredito que os clubes underground são tão importantes – eles reúnem pessoas semelhantes no mesmo lugar.
Diynamic, Crosstown Rebels e Mobilee são alguns dos selos mais importantes que você já colaborou. Na sua visão, o que há de melhor em trabalhar com marcas com tamanha história e profissionalismo dentro da indústria eletrônica?
Sempre foi um prazer trabalhar com esses selos, você entende que eles trabalharam duro por um longo período de tempo para construir seu legado e poder fazer parte disso é muito especial.
Quando você trabalha com um selo já consagrado, pode ser mais fácil no que diz respeito a logística e comunicação. Qualquer pessoa pode lançar música, mas se você não se esforçar, o lançamento não vai ter a atenção que merece. Acho que é isso que esses selos fazem bem – eles sabem como fazer os lançamentos serem ouvidos.
ELEMENTS: o que você pode nos contar sobre suas impressões e aprendizados conduzindo seu próprio selo?
Tenho procurado encontrar uma conexão mais próxima com os artistas e dar às pessoas uma plataforma para mostrar seus talentos. É preciso muito trabalho para encontrar os artistas e músicas certos,e também para criar confiança de que sua gravadora é o lar certo para a música. É por isso que eu quis criar a série de mixes primeiro, podemos testar música dentro da comunidade ELEMENTS, que é um grupo muito conectado. Eles dirão quando estão animados com a música e quando não estão. Foi ótimo ver o público crescer em tão pouco tempo.
O que aprendi é que temos que ser mais do que um selo, temos que ser um lar para esses artistas e encontrar mais caminhos por onde as suas músicas sejam ouvidas. Só assino os lançamentos que eu gosto e realmente acredito, quero ter certeza que enquanto label, fazemos jus a eles.
Seu som possui uma atmosfera um tanto quanto híbrida, não é mesmo? Como você define seu estilo musical atualmente? Gêneros são realmente importantes?
Há sempre uma tendência a rotular uma música como um determinado gênero, assim parece que ela pertence a algum lugar. Mas nem sempre está claro onde uma música se encaixa exatamente. Acho que muitas pessoas se sentem confortáveis em rotular o que é bom para elas, mas para mim os gêneros não são tão importantes e podem ser superestimados. Gosto de explorar diferentes estilos e mistura-los. Particularmente, preciso de melodias na minha música, algo que dê a ela alma e caráter. Geralmente é dirigida por percussão e bateria.
Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?
A música é uma extensão da minha vida. Uma extensão das minhas paixões e minha personalidade. Sou uma pessoa criativa e emocional, então a música é uma saída para explorar esses sentimentos e inspirações.
Mas eu me aproximo dela de uma forma divertida – só quero festejar com pessoas que compartilham das mesmas paixões que eu. A música é o que nos une e isso é uma coisa linda.
A MÚSICA CONECTA.