O argentino Kevin Toro é um artista relativamente novo na cena, mas já pode ser considerado um dos grandes nomes do Minimal/Deep Tech de seu país, sem dúvida alguma. Trazendo experiência de trabalhos no passado junto com a Sustain, gravadora de Lucio Agustin, ele adquiriu o know-how de como produzir verdadeiras bombas para o dancefloor, prova disso são seus lançamentos de destaque pela Sanity, Whoyostro, Key Rec e hedZup.
Toro sentiu o calor das pistas brasileiras no ano passado quando veio para Curitiba e tocou no Clube Inbox ao lado de Kreutziger, gig que foi uma das melhores da casa e teve o suporte da crew da Laguna e seus residentes no background da festa. Inclusive, são eles que convidaram o produtor a assinar o próximo EP da gravadora, Funny, que traz ainda remixes de ninguém menos que Dimmish e do talentoso LaRosa. Ouça abaixo enquanto confere nosso bate-papo com ele:
Alataj: Olá Kevin, tudo bem? É um prazer enorme falar com você. Sabemos que você tem muitos fãs aqui no Brasil e isso se comprovou quando você tocou no Club Inbox em 2019. Como foi essa gig? Você já tinha tocado aqui anteriormente?
Kevin Toro: Olá, pessoal! É um prazer conhecê-los! Aquela noite no Clube Inbox foi inesquecível. Foi minha primeira gig no Brasil, público incrível e o crew da Laguna Records é incrível também. Nos divertimos bastante!
Alguns meses depois disso você foi convidado para lançar pelo Laguna, a mesma crew que te levou para tocar no Inbox. Você já conhecia o trabalho deles? Eles estão super levantando a bandeira do Minimal House aqui no Brasil há algum tempo!
Sim, eles me levaram para Curitiba naquela gig. Eles estão fazendo um ótimo trabalho mostrando esse som ao Brasil. A gravadora é uma das maiores de Minimal do país e recebe muitos artistas bons. Também nos tornamos grandes amigos e continuamos conversando.
Que tal você nos falar um pouco sobre as tracks que você produziu, d1 e Funny. Qual foi o processo criativo por trás delas?
Bom, isso foi antes da quarentena, então os tempos eram melhores [risos]. Naquela época eu estava produzindo muita música e tentando encontrar algo diferente no meu som. D1 é uma faixa super Minimal pensada para a pista de dança. Sem muitos elementos, groove puro. Funny é um pouco diferente, é uma faixa com mais personalidade, vocais e melodia. Essa foi a que eu escolhi para os remixes e completar o EP com faixas mais voltadas a pista de dança.
Voltando um pouco ao passado, existe uma história bem legal que ficamos sabendo de que, quando você mudou de casa antes de começar a tocar, o antigo proprietário era ninguém menos que Hernan Cattaneo. Você pode nos contar mais detalhes dessa história e como essa conexão influenciou na sua carreira?
História engraçada. Eu tinha 19 anos, então isso foi há 10 anos.
Me mudei para uma nova casa e comecei a receber cartões de créditos e convites para eventos com o nome de Hernan Cattaneo. Após perguntar e confirmar que ele morava lá, enviei uma mensagem no SoundCloud dizendo que era um DJ iniciante e estava morando na antiga casa dele. Alguns dias depois o manager dele respondeu que a história era uma coincidência e que iria repassar a mensagem para Hernan, que respondeu dizendo que aprendeu muito com outros DJs e que tinha certeza que a energia continuava no ar.
Naquela época, essa mensagem mudou minha carreira. Foquei 100% e comecei a estudar produção musical. Após um ano, produzi minha primeira faixa e enviei para ele, que a tocou em seu Radioshow. Foi o empurrão que eu precisava para dar tudo a essa paixão. Sempre serei grato a ele por isso.
E aí como foram seus primeiros passos na música? Você não começou tocando o que toca hoje, certo? Essa evolução sonora foi acontecendo gradativamente?
Meu pai me levou em minha primeira Creamfields quando eu tinha 15 anos. Depois essa história com Hernan Cattaneo aconteceu, eu estava na faculdade de Engenharia Química, e meu pai me perguntou “por que você não tenta essa coisa de música?”. Naquela época, foi muito importante, pois eu não tinha percebido quanta paixão eu tinha por música. Comecei a produzir Progressive House, que aos poucos mudei para um estilo mais groovado e para a pista de dança. Não foi fácil, porque o Minimal era produzido com equipamentos e para produzir sem, precisava de um bom entendimento dos seus plugins.
Falando sobre seu local de origem: a Argentina é muito conhecida pelo calor do público pela música, assim como o Brasil, é uma característica do povo latino mesmo… mas quais os outros pontos positivos da cena do seu país? E o que podia melhorar por aí?
Sim, o público argentino é muito empático. Agora com a situação do corona está tudo muito parado. Espero que quando retornarmos a normalidade a cena aposte mais nos artistas locais e reestruture um pouco o fluxo de artistas nos clubes. É muito difícil tocar em clubs maiores daqui, pois todo fim de semana você tem os grandes artistas internacionais e os mesmos artistas locais fazendo o warm up. Mesmo se você faz sua própria festa, você tem que enfrentar aquela super gig que pega toda a cena Minimal.
E quem são os destaques locais na sua opinião, aqueles que estão fazendo um bom trabalho e que devem crescer em 2021?
Há muitos talentos aqui. Gosto muito de Jorge Savoretti, Alexis Cabrera e Nacho Bolognani, eles fazem músicas com muito groove.
Por fim, uma pergunta clássica do Alataj: o que a música representa na sua vida? Obrigado!
Significa tudo. É minha paixão e carreira.
A música conecta.