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A música conecta

Alataj entrevista Miss Monique

Por Alan Medeiros em Entrevistas 18.11.2022

É interessante analisar como o House e o Techno foram capazes de protagonizar encontros e partidas desde suas respectivas criações no século passado. As duas bases centrais da música eletrônica de pista são também os pontos chaves para criação de novos estilos, vertentes e sub vertentes que hoje dominam a cena no Brasil e no mundo. 

No caso de uma de suas variações em específico, o House Progressivo, essa relação mais direta com o House no nome é algo datado a sua fundação, mas não necessariamente ao DNA que o estilo possui atualmente. Muito mais próximo do Techno Melódico e consequentemente do grande campo do Techno como um tudo, essa vertente que está espalhada pelo planeta atualmente tem diversas facetas, muito bem traduzidas para o público através do trabalho de artistas como a ucraniana Miss Monique

A DJ e produtora é um dos destaques do estilo nos últimos anos, acumulando milhões de visualizações em seus sets nas plataformas de vídeo e uma agenda com paradas em parte dos principais clubs e festivais do mundo. Miss Monique recentemente gravou um set para Cercle, que na sua ala gravadora, também abrigou seu mais recente release. Ainda nas últimas semanas ela esteve em tour pelo Brasil, passando por clubs como Surreal e Ame. Na ocasião, enviamos algumas perguntas para ela e o resultado é esta entrevista que você confere a seguir:

Alataj: Olá, Alessia! Tudo bem? Obrigado por nos atender. Os últimos meses certamente foram meses muito especiais na sua carreira. Como tem sido viajar e tocar por alguns dos melhores clubs e festas ao redor do mundo? Na sua visão, o que há de mais prazeroso e desafiador na jornada de um artista em turnê? 

Miss Monique: Olá! Estou bem, obrigada. É um prazer estar aqui. 

Os últimos meses foram intensos, mas muito especiais. Foi inesquecível tocar nos melhores clubs: com uma grande multidão, sistemas de som perfeitos, hospitalidade e trabalhar com as pessoas que são totalmente profissionais em sua área. Quanto aos “contras” na carreira de um artista durante uma turnê, pessoalmente há apenas dois: você não pode ver muito a família e às vezes eu sinto falta de uma cama normal 🙂 

Estou apaixonada por tudo que estou fazendo no meu trabalho. Ser DJ é minha vida, minha paixão e tudo que vem é bônus: sempre que vejo os rostos na multidão felizes na pista de dança, viajar pelo mundo inteiro, conhecer novas pessoas, visitar lugares incríveis e únicos. Não poderia imaginar uma vida melhor do que a que tenho e agradeço muito por isso.

É interessante observar como você busca extrair referências de movimentos musicais diferentes, conectando House e Techno sob essa estética progressiva que resume muito bem sua identidade. Esse processo de construção de perfil artístico se dá mais através da produção ou da discotecagem ao seu ver? Você usualmente produz coisas dentro do campo musical que deseja tocar ou essencialmente é influenciada na produção pelo o que tem pesquisado e tocado? 

Antes de responder, gostaria de dizer obrigada por como você descreve perfeitamente meu som. Eu diria que é 50/50: coisas dentro do campo musical em que quero tocar e sou influenciado pelo que estou pesquisando e tocando. Passo horas e horas ouvindo promos e até encontrar algo interessante escuto cerca de 400-500 faixas comuns. Você pode imaginar quantos lançamentos estão passando pelos meus ouvidos 🙂 

Com certeza consigo ouvir alguns sons legais, detalhes que me inspiraram, mas ainda estou mais interessada em tentar fazer algo novo. Às vezes talvez não seja o que todos gostam, mas pelo menos não como todos fazem.

Você tem um remix para Morttagua, artista brasileiro que está entre os destaques globais do Progressive House. Como foi trabalhar em sua versão de The Parallel? Como é pra você trabalhar sob a ótica de reinterpretar a arte de um outro produtor? 

Eu remixo tracks que eu realmente gosto e essa é provavelmente a razão pela qual é sempre interessante trabalhar nisso. Você tem a chance de mostrar ao artista uma visão um pouco diferente da dele. Além disso, é um desafio legal ver o que eu posso criar lá. 

Como funciona seu processo de leitura, interpretação e escolha de qual abordagem seguir frente a uma festa ou club que você nunca tocou antes? Você costuma entender previamente que tipo de histórico existe ali ou não há muito tempo para isso e o feeling é mais importante?

Claro que estou checando o lugar, os artistas que tocaram lá e assisto a alguns vídeos, mas acho que sentir a vibe da multidão ainda é o mais importante. 

Você tem alguns sets publicados no YouTube em paisagens lindas na natureza. Além do importante apelo visual que este tipo de material precisa ter, é possível dizer que você enxerga seu som mais conectado a uma atmosfera open air? 

Sets que toco ao ar livre, com paisagens lindas da natureza, acho que têm mais atmosfera do que os podcasts que gravei no meu estúdio em casa. Por isso, provavelmente sim, está ligado a uma atmosfera open air.

Antes de terminar, eu gostaria que você contasse um pouco pra gente a respeito dos trabalhos que você tem conduzido nesse momento de quase virada de ano, fim do verão na Europa e tudo mais. O que poderemos ver da Miss Monique em breve? 

Bom, na reta final de 2022 um dos meus sonhos se tornou realidade – tivemos a oportunidade de trabalhar com a incrível equipe francesa Cercle e gravamos meu stream em um incrível lugar do Canadá – a Biophere. Paralelamente, com a Cercle Records, assinamos uma faixa com o mesmo nome “Biosphere”. Ela foi produzida especialmente para este local único e importante e foi lançada na semana passada. Além disso, no final deste ano vou tocar em alguns dos maiores festivais como o EDC Orlando, Festival Sísmico e Dreamstate. 

Quanto ao que você pode esperar de mim, são muitas novidades no meu canal no YouTube, novos lançamentos e estamos finalizando a ideia com showcases da minha gravadora Siona Records, que começaremos já em fevereiro com o primeiro evento na Alemanha.

Para finalizar, uma pergunta clássica do Alataj, o que a música representa em sua vida?

Tenho três coisas em minha vida, que vou amar para sempre: minha família, a música e meus ouvintes. A música mudou minha vida há 12 anos e me deu coisas com as quais eu nem podia sonhar.

Ouça o novo single de Miss Monique, Biosphère, pelo Cercle Records:

A música conecta.

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