Dançar possui um significado especial para a cidade de Santa Maria. Depois do triste e trágico acontecimento da Boate Kiss, não há dúvidas que todo evento original da cidade possui um espírito de resistência e uma responsabilidade muito maior em suas ações. A energia que paira entre o público jovem da cidade é algo de proporções difíceis de serem descritas, só estando lá para saber.
Nesse período pós 2013, a música eletrônica passou a ocupar um papel ainda mais especial na programação da cidade, com núcleos e festas de diferentes proporções movimentando a cena na região. Um dos destaques desse movimento é a Infusion, projeto comandado por Otávio Weis e Filipe Basso. Desde março de 2017 até aqui, a festa tem movimentado de forma significativa e importante a cena da cidade, com atrações que são referências dentro do panorama nacional.
Nesse fim de semana a crew da Infusion parte para Rivera no Uruguai, onde será realizada a primeira edição da festa fora do país – Gabriel Carminatti lidera o lineup. Já no dia 17 de Novembro haverá uma edição especial da festa no Kasarão Arena, venue localizada em Faxinal do Soturno, próximo a Santa Maria, com Eli Iwasa, DBeat, Fran Bortolossi e boas atrações locais e residentes. A nosso convite, Otávio respondeu algumas perguntas chaves para entendermos o desenvolvimento da festa. Confira:
Alataj: Olá, Otávio! Tudo bem? Eu sempre penso que organizar festas em Santa Maria e região tem um significado e uma responsabilidade muito diferente do restante do país, por tudo o que aconteceu na Boate Kiss. Como esse trágico acidente marcou a sociedade jovem na região? Ainda hoje isso exerce algum tipo de influência nas decisões tomadas por vocês?
Otávio Weis: Olá, Alan! Tudo certo por aqui! A tragédia da Boate Kiss faz com que os produtores de eventos de Santa Maria tenham uma preocupação a mais em relação a segurança e um senso de responsabilidade mais aguçado. Desde que iniciamos com a Infusion, até hoje, isso influencia muito nas nossas decisões, principalmente em relação a estrutura e todos os laudos que são necessários para legalizar o evento.
Por se tratar de um polo universitário, Santa Maria possui uma população jovem e naturalmente festeira. Como é o relacionamento de vocês com essa fatia do público?
Temos um relacionamento muito próximo com o nosso público. Eu e o Filipe estudamos na UFN (antiga UNIFRA) e UFSM, respectivamente, e isso nos mantém conectados com grande parcela desse público. Além disso, como a Infusion acontece de três a quatro vezes por ano, procuramos promover alguns eventos menores que nos permitem interagir diretamente com o pessoal.
Desde o surgimento da Infusion até aqui não foram realizadas muitas edições, certo? Dito isso, qual o segredo para tamanha adesão e receptividade por conta do público?
Desde a primeira edição em março de 2017, tivemos sete edições em Santa Maria e uma em Caçapava do Sul. Esse ano, teremos mais uma edição que está marcada para dia 17 de novembro e dois showcases, em Rivera e Porto Alegre.
Acredito que fazer apenas quatro edições no ano, em Santa Maria, e inovar sempre em relação a decoração, line up e estrutura, são alguns dos segredos que criaram essa adesão e geram uma expectativa maior para o público. Além disso, o fato de manter um relacionamento próximo com esse público e todos os nossos colaboradores criou, naturalmente, uma grande receptividade.
Nesse fim de semana a Infusion faz sua estreia fora do país com um showcase em Rivera no Uruguai. O que está sendo projetado para essa edição?
Ficamos muito felizes com o convite que surgiu pelos nossos amigos da The Tribe Producciones. Levar a marca pra fora do país é muito bacana, pois acabamos conhecendo uma cena diferente e isso nos agrega muito como produtores de evento. Estamos preparando um cenário característico da Infusion e um lineup forte formado pelos artistas Gabriel Carminatti (Amazon Club), Allan Wood (The Tribe) e nossos residentes, BILLS e Ursound.
Em Novembro vocês retornam a região de Santa Maria para primeira edição da festa no Kasarão Arena. O que você pode nos contar sobre os pequenos segredos que estão sendo projetados para esse encontro?
Estamos preparando um novo projeto visual especial para novembro, utilizando madlight, que são fitas de led endereçáveis, e também com novidades relacionadas ao video mapping. Além disso, vamos aproveitar ao máximo o cenário do Kasarão Arena, que tem como diferencial o contato com a natureza e vai nos presentear com um pôr do sol único.
Qual o planejamento e principais objetivos da festa para o restante de 2018 e todo 2019? Vocês tem a intenção de atuar em outras áreas com a Infusion?
Estamos passando por uma fase de consolidação da marca. Esse ano tivemos um crescimento considerável e acredito que isso é fruto de uma soma de fatores. Para o restante de 2018 e todo 2019, já temos alguns projetos que estão sendo trabalhados. Dentre eles, a inauguração da nossa gravadora Infusion Records, que objetiva lançar tracks de artistas que nos identificamos e disponibilizar essas faixas nas principais plataformas do mundo – nós iniciamos esse processo em agosto de 2018 e já lançamos seis faixas, dos artistas Bills, Cris D., Gabriel Carminatti, Kevin Balen, Mau Maioli e Mila Journée.
Além da gravadora, planejamos seguir com a realização de nossos showcases em outras cidades, pois achamos que essa é a melhor maneira de conhecer outras realidades e absorver coisas boas que podemos trazer para Santa Maria. Por fim, estamos focados nas edições realizadas em Santa Maria, que preparamos com todo o cuidado e carinho e ficamos tão ansiosos quanto o nosso público entre uma edição e outra.
Entre os artistas que vocês ainda não conseguiram trazer para festa, há algum que está no topo da lista? Além disso, como vocês tem buscado montar lineups criativos com as moedas estrangeiras em alta?
Temos com alguns nomes no topo da lista que, por enquanto, vamos manter em segredo. Geralmente, buscamos trazer artistas que se identifiquem com o nosso propósito e com nosso público. Além disso, cuidamos sempre para incluir pelo menos uma mulher no lineup, pois sentimos falta da presença feminina na maioria dos lines da nossa região. Estamos em negociação com o headliner da próxima edição que será nosso aniversário de 2 anos e, realmente, com as moedas estrangeiras em alta, as coisas ficam um pouco complicadas para contratação de gringos.
Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?
As nossas vidas sempre tiveram um relacionamento muito próximo com a música. Eu e o Filipe nos conhecemos na fila de um show de rock, em Santa Maria, e nas nossas reuniões o violão sempre esteve presente. Nós organizamos eventos desde 2014 e, quando tivemos o nosso primeiro contato com a música eletrônica, logo nos inserimos nessa jornada, porque ficamos completamente apaixonados pela conexão do público com a música e o quanto nos identificamos com isso.
A MÚSICA CONECTA.