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A música conecta

Alataj entrevista Serge Devant

Por Laura Marcon em Entrevistas 27.10.2020

Nascido na Rússia na década de 80 e crescido em Nova York a partir da adolescência, Serge Devant é fruto da união de duas culturas completamente diferentes, mas que impactaram sua forma de enxergar a música de maneira positiva e atraente aos ouvidos de quem quer que seja. DJ e produtor de mão cheia, o artista já passeou por diversos estilos ao longo de sua trajetória e hoje concentra suas energias criativas para sonoridades mais progressivas dentro do House e Techno, especialmente voltadas para momentos enérgicos da pista de dança.

Seu último trabalho faz jus a essa inclinação sonora. O EP Third Planet foi lançado no dia 25 de setembro e traz duas faixas lineares, percussivas, mas imponentes e muito dançantes, produzidas especialmente para aquele momento de peak time da noite, como afirma do artista. O projeto foi lançado pelo selo parceiro de longa data Rebellion, filho da gigante gravadora Crosstown Rebels, de Damian Lazarus

Este lançamento e outros assuntos que englobam carreira, cenário da música moderna, preferências e projetos futuros nortearam a conversa que tivemos com ele. Acompanhe!

Alataj: Olá Serge, tudo bem? Obrigada por falar com a gente! Sua relação com a música iniciou desde cedo e através da música clássica, especialmente com o estudo de violino e piano. Como aconteceu o encontro com a cultura eletrônica? 

Serge Devant: Quando me mudei para Nova York em meados dos anos 90, comecei a ir a lugares como Twilo, Tunnel, Soundfactory e assim por diante, praticamente todo fim de semana. Fiquei encantado com a música dentro daquelas boates, e queria encontrar e ouvir em casa. A única maneira de encontrar música naquela época era ir à loja de discos e examinar centenas de discos até encontrar o que ouviu em uma dessas noites. Foi assim que tudo realmente começou.

Acreditamos que a base musical é muito importante para definir o estilo que o artista seguirá dentro do seu trabalho e também a maneira de criar a música. No seu caso, suas influências musicais da infância e adolescência te acompanham até hoje? Isso também interfere no workflow no estúdio em relação aos equipamentos/instrumentos que você utiliza?

Com certeza, acho que tudo a que você é exposto desde cedo, qualquer coisa que te inspira e te deixa curioso para saber mais, tem um impacto em como tudo se junta mais tarde. Minha formação clássica e experiência em clubes de Nova York combinadas criaram este estilo único que continua evoluindo, mas sempre tem um forte elemento emocional e ainda funciona bem no chão. Às vezes parece que é uma espécie de sexto sentido saber para onde a melodia deve ir, como ela deve ser arranjada,se  há muitos vocais… Há tanta coisa em jogo e você tem que sentir isso antes de qualquer um. Você meio que sente quando deve fazer as mudanças, para que lado o álbum deve seguir. Está tudo ao seu gosto, que se desenvolve a partir da inspiração.

Acompanhando seu trabalho conseguimos encontrar muitas referências de diversos estilos, entre eles diversas linhas da House Music, Tech, Progressive, Trance, faixas mais percussivas e assim por diante. Essa versatilidade é uma linha de trabalho que sempre te acompanhou ou diz de um amadurecimento ou mudança natural ao longo da carreira?

É apenas uma mudança natural, mostra onde eu estava naquela época, para onde estava indo, o que eu queria tentar, etc. Eu ficaria realmente entediado se tocasse e fizesse a mesma música ao longo dos anos. Eu provavelmente teria parado de fazer isso, porque não seria mais divertido.

Você lança agora o EP Third Planet com duas faixas hipnóticas destinadas para a pista de dança. Conte-nos como aconteceu o processo de criação delas, foi neste momento de pandemia? Como você lidou com sua criatividade neste período?

Não, esse álbum foi feito um ano e meio atrás, sendo inspirado por um desenho animado da era soviética que eu cresci assistindo, então fazer uma faixa da melodia de uma das cenas com seu próprio toque foi um processo muito divertido. Isso me fez voltar àqueles anos quando eu mal tinha sete anos.

O EP sairá pela Rebellion, um sublabel muito respeitado da gigante Crosstown Rebels. Sua relação com ambas as gravadoras já é antiga, então o que veio antes, a faixa ou o convite para lançamento? Em geral, você direciona a linha sonora da faixa para uma adaptação ao estilo do label?

Nunca faça música tentando se encaixar no som da gravadora seria meu conselho para ninguém. A pista sempre vem primeiro. Nunca é baseado em convite ou relacionamento. A música sempre decide para onde vai.

Crosstown é um ótimo lar para minha música. Além disso, com Rebellion como uma sub-gravadora, ajuda mais faixas trippy a passar por ele, o que é ótimo.

Eu nunca realmente sei para onde meu disco está indo, mas dei a Damian Lazarus a primeira audição para Crosstown, então ultimamente quase tudo foi para lá 🙂

Além de diversos trabalhos ao longo dos anos, você também coleciona álbuns em sua carreira e o último deles foi lançado em 2012. Hoje você não vê uma necessidade de lançar esse formato de trabalho ou é algo que você acredita que deve surgir com naturalidade?

Foi um momento no tempo, experimentos. Talvez chegue um momento no futuro em que eu queira fazer isso de novo e contar uma história completa. Por enquanto, EPs e singles funcionam para mim… Gosto de contar histórias curtas.

Você é um artista que cultivou a cultura do vinil desde a sua adolescência. Essa cultura esteve em baixa por muitos anos por conta do avanço da tecnologia e hoje retornou de forma muito imponente. Como você enxerga esse boom tecnológico e suas facilidades no mundo da discotecagem? Sente falta dos tempos passados?

Não me lembro muito dos velhos tempos. É bom lembrar, mas também é bom evoluir e abraçar a tecnologia. Você sempre pode voltar aos velhos tempos, é tudo com você.

Além do seu próximo lançamento, podemos esperar mais novidades para 2020?

Sim, uma quantidade razoável de música foi tocada durante a quarentena, então presumo que você ouvirá muitas coisas novas chegando. Também teremos algumas novidades para anunciar em 2021, mas este será um outro tópico de conversa. Fique ligado.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

É um estilo de vida.

A música conecta.

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