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A música conecta

Alataj entrevista Sun-El Musician

Por Laura Marcon em Entrevistas 15.04.2021

Dentre os grandes movimentadores da cultura africana dentro da música eletrônica, Sanele Sithole, ou Sun-El Musician, é um jovem sul-africano que vem desenvolvendo um importante trabalho ao longo de sua carreira não apenas como DJ e produtor, mas também como incentivador de outros artistas que compartilham de sua cultura e basta olhar sua discografia para perceber isso logo de cara.

Conhecido pelo caráter humanitário e profundo que desenvolve em seus projetos, além da habilidade criativa e técnica musical, Sun-El Musician cresceu exponencialmente desde o seu primeiro álbum. Hoje ele é uma referência dentro do Afro House, estilo que tem conquistado cada vez mais espaço no cenário mundial. Seu último lançamento é o single You Need Me, em parceria com Black Coffee e Maxine Ashley, que vem fazendo muito sucesso.

Conversamos com o artista sobre esse release, seus trabalhos enquanto incentivador da música e cultura sul-africana, produção em estúdio e mais. 

Alataj: Olá Sanele, tudo bem? Muito obrigada por conversar com a gente! A cultura africana é a base para muitos outros estilos que hoje escutamos, mas muitas vezes esses estilos foram criados e conhecidos por artistas de outros países. Por outro lado, percebemos que cada vez mais as sonoridades genuínas africanas têm recebido o devido destaque através de artistas como você. Como você avalia este momento musical vivido hoje?

Sun-El Musician: Meu primeiro álbum, Africa To The World (ATTW- 1), mostra a arte em primeiro lugar, representa os estilos africanos da moda, arte, som e tradições que me inspiram. Em segundo lugar – o título do álbum, significa que estamos exportando sons africanos para o mundo.

Você lançou no ano passado seu segundo álbum, que é duplo e muito robusto. Conte-nos um pouco como foi o processo de criação desse projeto.

Foi um momento estranho para trabalhar neste projeto, já que estávamos no meio de um lockdown por causa da pandemia, o que dificultou o trabalho dos artistas em estúdio. Mas há algumas músicas que fiz de quatro a cinco anos atrás que entraram no álbum. Aprendi a trabalhar neste novo “mundo virtual” via e-mails e chamadas de Zoom.

Quase todas as músicas do álbum contam com 26 colaborações de todo o continente africano. Como foi a escolha deles e o processo de criação em conjunto?

Tenho uma grande equipe atrás de mim, eles realmente ajudaram a orquestrar artistas com quem eu queria trabalhar, mas alguns deles eu era fã e já tínhamos nos conhecido durante os shows do meu primeiro álbum. Tivemos que enviar beats para alguns porque não podíamos estar no estúdio.

Alguma parte desse projeto foi criada em tempos de pandemia? De alguma forma este momento que estamos vivendo impactou a sua capacidade criativa ou trabalho dentro do estúdio?

Sim, eu diria que algumas das músicas foram criadas durante a pandemia. Sim, teve um impacto negativo e um impacto negativo no lado criativo, porque eu não poderia ter sido capaz de ter todos que eu precisava no estúdio, mas também me deu mais tempo para aperfeiçoar minha arte e ser capaz de aprender mais, então eu pude fazer mais.

Seu primeiro álbum chama-se Africa To The World e o segundo To The World & Beyond. Pode-se dizer que um se relaciona diretamente com o outro? Musicalmente, você acredita que houve uma evolução sua enquanto artista entre os dois trabalhos?

Vou começar por diferenciar os dois projetos. O primeiro foi mais de africanos para africanos e o segundo projeto é mais de africanos para o mundo. Sim, acredito que cresci mais com a forma como me apresentei no segundo projeto, era mais maduro e projetado não apenas para o público africano, mas mais para o mundo e eu consegui evoluir meu som.

Seu último lançamento foi uma faixa em colaboração com Black Coffee. Conte-nos um pouco sobre essa experiência e como aconteceu o processo criativo dessa faixa.

A colaboração do Black Coffee surgiu no início do ano passado, quando recebi uma mensagem dele que foi incrível. Conversamos um pouco, nossas vibrações estavam conectadas e ele disse: “Eu tenho algo que quero que você esteja ligado” e, como eles dizem, o resto é história e “You Need Me” nasceu.

No começo de março você lançou um videoclipe feito por um fã de seu single ‘Umobi Abymanca’ ft MSKAI. Como aconteceu esse encontro? Qual a mensagem que vocês quiseram passar com o trabalho?

Foi no meio da névoa da pandemia e do primeiro lockdown na África do Sul quando eu e Msaki decidimos que criaríamos algo que manteria as pessoas motivadas e as inspirariam a não desistir.

El World Music é sua label que investe no talento da música local. Conte- nos um pouco mais sobre esse projeto. Onde você enxerga a gravadora daqui alguns anos?

Eu vejo isso como uma espécie de Media House, como um instituto onde ensinaremos novos artistas sobre a dinâmica do negócio da música.

O Afro House vive um momento de grande ascensão no mercado e tem conquistado cada vez mais ouvintes em todo o mundo. Você acredita que o estilo possa atingir um patamar mainstream no cenário da música eletrônica?

Como EL World, acreditamos que se seguirmos os caminhos da cultura da música Pop e como eles fazem as coisas, isso realmente nos levará a um novo nível de mainstream.

Vivemos um momento delicado para o mundo da música e que inevitavelmente nos levou a reflexões, não apenas como profissionais, mas também como seres humanos. Uma pergunta para você como pessoa e também profissional: o que você deseja para os próximos tempos que virão?

Em primeiro lugar, adoraria que o mundo encontrasse uma cura permanente para todas as doenças, não só para a COVID, mas para tudo; em segundo lugar, que o mundo voltasse ao normal. Como profissional, gostaria de voltar a fazer o que faço sem nenhuma regulamentação de pandemia, porque sinto falta das grandes multidões.

Como Sun-El Musician, o que podemos esperar para os próximos meses?

Este ano você pode esperar muito mais visuais do meu álbum atual e também pode esperar novas músicas e muitas colaborações na África e no mundo e, com sorte, lançar um documentário.

Para finalizar, uma pergunta tradicional do Alataj: o que a música representa em sua vida?

Música para mim é uma forma de expressão, dá-me a oportunidade de contar sobre toda a África e histórias que queremos compartilhar com o resto do mundo. Na verdade, é um modo de comunicação porque nós, como artistas / músicos, podemos compartilhar nossos pensamentos e ideias com outras pessoas e comunicar mensagens ao público.

A música conecta.

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