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A música conecta

Alataj entrevista VHOOR

TAGS: VHOOR
Por Ágatha Prado em Entrevistas 26.05.2022

Existe um “quê” particular que torna a música brasileira uma linguagem tão única e fascinante aos olhares do mundo. E o mineiro Victor Hugo sabe muito bem como trabalhar essa autenticidade de modo impactante, representativo e fundamentado em bases musicais que revelam cultura e história para as novas gerações. Victor Hugo, para quem não sabe, é a mente brilhante que comanda o projeto VHOOR, beatmaker que traz consigo uma originalidade ímpar, fruto da combinação do Funk com elementos da musicalidade afro-latina.

No ano passado, VHOOR  lançou  o  album  Baile  ao lado do  rapper  mineiro  FBC, e o trabalho foi considerado por diversos veículos de imprensa nacional, como o melhor álbum de 2021.  O  single  Se  Ta  Solteira viralizou nas redes sociais, em especial no TikTok e entrou nas paradas de Spotify (Daily Viral Songs Global + Brasil, Weekly Top Albums Brasil, e Daily Top Songs Brasil), reafirmando a força do Miami Bass no cenário da nova geração.

Após o sucesso meteórico, o artista mineiro está de volta trazendo seu mais novo trabalho de estúdio, Baile Bass, que saiu hoje nas prateleiras digitais. O disco, que vem com 11 faixas, dá sequência ao resgate do Miami Bass como base do Funk nacional, junto ao Electro, trazendo cortes instrumentais e experimentações dinâmicas. Batemos um papo pra lá de interessante com o VHOOR, e ao longo da conversa ele nos deu detalhes sobre o processo de produção do Baile & Bass, além de nos contar um pouco como anda sua rotina atual, junto à ascensão fenomenal de sua carreira. Acompanhe!

Alataj: Olá Victor, tudo bem? É um prazer conversar contigo! Como você tem passado nessa nova rotina, já que sua carreira atingiu uma ascensão fenomenal nesse último ano?

Victor (VHOOR): Está sendo uma loucura (no bom sentido), muito trabalho e muitas oportunidades incríveis.

Quais têm sido os principais desafios desse novo patamar que você se posiciona no momento? Dessas transformações que envolveram sua vida profissional nesse período, quais foram as mais marcantes pra você?

Têm tido muita coisa nova: muitas experiências novas, locais novos, pessoas novas. Absorver e saber lidar com isso tudo acho que é o principal desafio… Acredito que conseguir sobreviver do meu projeto musical foi a mudança mais marcante.

Um dos principais pontos de seu trabalho que chama a atenção, é a forma como você vem resgatando um dos gêneros tão importantes para a formação do Funk nacional – e que também ficou um bom tempo esquecido pela nova geração – que é o Miami Bass. E o mais interessante, é que você traz o estilo perfeitamente repaginado e pertinente com as narrativas contemporâneas. Conta pra gente como começou sua paixão pelo Miami Bass, e se puder, cite três faixas clássicas do estilo que são grandes referências para você.

O Miami Bass sempre esteve bem presente na cultura de periferia de Belo Horizonte, e como um jovem daqui absorvi muito quando era mais novo, era o som que meus amigos escutavam, minha família, então foi algo que foi natural pra mim.

Alguns sons marcantes são:

MC Dodo – Bomba explode na cabeça

MC Martinho  – Caminho das rosas

Danilo e Fabinho – Conquista e Dignidade

Claro que não podemos deixar de falar um pouco sobre o meteórico sucesso de Baile, o álbum que foi considerado por muitas mídias especializadas como o disco do ano, em 2021. Você e o FBC já imaginavam que o retorno alcançaria essa proporção? Especialmente no sentido de que o sucesso do álbum atravessou os limites de nichos musicais, caindo na graça de ouvintes de todos os tipos.

Não imaginávamos! Baile nasceu da vontade minha e do FBC em fazer um som com qual a gente cresceu ouvindo, era uma vontade de colaborar com essa cultura que estava tão presente nas nossas vidas, poder trazer mais um capítulo para essa história. 

E mesmo após quase seis meses de lançamento do disco, o sucesso permanece repercutindo pelos quatro cantos do país. Na semana passada, vocês chegaram a participar do programa Conversa com Bial, da Rede Globo, levando ainda mais a mensagem e as histórias da Cabana para todo o país. Como foi viver essa experiência?

Foi bem legal poder alcançar um meio tão tradicional de mídia com nosso trabalho. Esse tipo de meio de comunicação chega em um público que está fora da nossa bolha, e poder participar disso é algo que faz total diferença.

A sua parceria com o FBC já é algo que vem antes do próprio Baile florescer, e com o sucesso do álbum, foi evidente que vocês dois possuem uma perfeita sintonia musical. Podemos esperar no futuro, um novo trabalho dessa parceria?

Claro, eu e o FBC gostamos muito de poder fazer música juntos, poder trocar ideias, viajar sobre como podemos aproveitar certas referências, esse processo todo faz com que trabalhar em conjunto com ele seja uma experiência incrível.

Falando agora um pouco sobre um assunto delicado. Enquanto que para muitos, esse resgate do Miami Bass vem sendo um grande presente nas pistas de dança, inspirando muitos artistas a conectarem as raízes do Funk nacional e projetar cultura brasileira para o resto do mundo, ao mesmo tempo, vem incomodando uma parcela do público que rejeita o Funk como célula pertencente à música eletrônica. Qual sua opinião sobre essa questão?

Funk é música eletrônica, é feito por meio de equipamentos eletrônicos e tocado por meio de equipamentos eletrônicos. A rejeição muitas vezes vem por meio de preconceito, não musical, mas da classe e da raça de quem ouve.

Você acha que a receptividade do Funk e do Miami Bass na festas do underground, é diferente da receptividade nas festas do Mainstream?

Depende muito da festa, acaba que o Funk/Miami Bass hoje em dia já está muito presente no imaginário coletivo de quem escuta música hoje no Brasil, então acredito que além das diferenças, existem vários pontos de encontro entre cada tipo de festa.

Agora vamos falar do seu mais novo álbum que chegou hoje às plataformas, o Baile & Bass. O recente trabalho dá sequência ao reforço das raízes do Miami Bass como base do Funk brasileiro, e conta com onze faixas inéditas. Conta pra gente como foi o processo de criação desse novo disco?

Baile & Bass era uma vontade minha de poder trabalhar o Miami Bass e o Electro de uma forma instrumental, com esse enfoque, o leque de possibilidades e experimentações se torna bem extenso.

Para fazer o resgate do estilo, com fidelidade aos timbres e às linhas estéticas gerais, você utilizou quais equipamentos e VSTs para compor Baile & Bass? Tem algum hardware que é aquele “xodózinho” e que não pode faltar na maioria de suas faixas?

Todos os timbres de baile são instrumentos virtuais ou samples, mas um plugin que usei muito nesse processo criativo foi a simulação virtual do Korg Triton, vários timbres clássicos.

Concluímos com uma pergunta clássica do Alataj: o que a música representa na sua vida?

Tudo, acredito que tudo que sou ou o que tenho hoje eu devo à música. 

A música conecta.

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