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A música conecta

Faixa a Faixa | Classmatic – Crazy Pages [CUFF]

Por Laura Marcon em Faixa a faixa 19.05.2020

Com forte influência do Hip Hop dos anos 90, Chicago House, linhas ácidas e Breakbeats, Classmatic não decepciona quando o assunto é originalidade sonora. O artista vem ganhando cada vez mais espaço enquanto produtor, lançando suas faixas em labels sólidas no cenário como LouLou Records, Solid Grooves Raw, Roush Label e CUFF, além de receber o suporte de artistas como Loco Dice, wAFF, Carl Cox, Kolombo, Michael Bibi entre outros.

Seu novo projeto é mais uma parceria com o label CUFF, de Amine Edge & DANCE, e vem de uma forma muito especial, já que ele considera o trabalho mais importante em sua carreira. O álbum Crazy Pages foi recém lançado e a história dessa obra é muito carinhosa, já que vem sendo arquitetada há muito tempo. E nada melhor do que o próprio Classmatic para nos contar um pouco mais sobre o processo criativo e suas impressões sobre o álbum, certo? Ele nos dá detalhes no nosso Faixa a Faixa de hoje.

Classmatic

A história do meu álbum Crazy Pages começou muito antes de eu imaginar que seria um álbum na verdade. A primeira faixa produzida foi a Paranoid em colaboração com o duo brasileiro Drunky Daniels no segundo semestre de 2018. A partir daí, a SMDB, Crazy Pages, NAP e Flac foram enviadas para a CUFF no início de 2019. Após meses testando elas, o Amine Edge (dono da CUFF, label que foi lançado o álbum) entrou em contato comigo dizendo que queria as cinco tracks para a CUFF. Conforme foram passando os meses, enviei a música Viral e a I’m So Tired para a CUFF também, que de imediato foram aprovadas e aí que nasceu a ideia do álbum. Eu já estava com sete músicas pré-catalogadas para lançamento, até que o Amine e o Laurent vieram até mim e deram a ideia de lançar como um álbum todas essas músicas. Amadurecemos a ideia e sentimos que faltavam algumas faixas para completar o álbum, inclusive a colaboração com o Amine e o DANCE, que foi uma das últimas faixas finalizadas para o álbum.

A principal mensagem do álbum é: “arriscar a sua vida em algo que você realmente ame através de foco e coragem, porque todos nós temos e vamos ter que correr risco dentro de alguma decisão ou sonho em um determinado momento da vida. Sendo assim, uma estrada sem riscos e desafios, não terá as melhores páginas de uma história pra contar quando alcançarmos nossos sonhos e objetivos”, que, inclusive, é o vocal que abre o álbum. 

O álbum foi inspirado em diversos elementos de marcas como Supreme, pessoas que passaram ou entraram na minha vida, momentos de felicidade, de tristeza, de frustração e de realizações, artistas que me inspiram desde que eu era mais novo, como: Eazy-E, Ice Cube, Slim Shady, Loco Dice, DJ Yella, Dr. Dre, entre outros.

O que mais me deixou feliz no resultado do álbum foi que cada música passou exatamente a energia e a mensagem que eu gostaria para cada momento da minha vida e também para a ordem gradativa de cada uma no álbum. Acredito que a maior dificuldade e a maior dor de cabeça na construção do Crazy Pages foi na mixdown e masterização de cada faixa (Sound Design em geral), teve música que teve mais de 8 versões de mix e master.

Todas as músicas do álbum foram criadas e desenvolvidas no software Logic Pro 9 com uso de plugins digitais, com exceção da faixa Paranoid com o Drunky Daniels que usamos sintetizador analógico para a construção da linha de baixo.

Um ponto muito importante na construção e na finalização de todo o álbum foi o Amine e o DANCE, que deram muitos feedbacks técnicos e me “forçaram” a melhorar cada detalhe mínimo de algumas músicas que no final fez toda a diferença, principalmente mudança de BPM de algumas músicas.

Take a Risk | Foi a Intro do álbum, que foi onde eu gostaria de passar a principal mensagem de todo o material desenvolvido. A mensagem de tomar um risco com coragem em algo que você ame em algum momento da sua vida foi transmitida entre elementos de Hip Hop e Breaks de modo experimental. 

Electric Circuit | A criação dela foi num momento curioso da minha vida. Foi quando eu retirei meu último siso e fiquei de repouso total por aproximadamente três dias. Eu lembro até hoje, a ideia da track foi iniciada por volta das 7h30 da manhã e foi inspirada pelo dia bonito que tava pela janela do studio, com muito sol e o dia aberto, transmitindo uma energia positiva e envolvente, como refletida na música.

Crazy Pages | Track inspirada em elementos de 808 e 909 da Roland. A principal mensagem em “Crazy Pages” é refletido em que as melhores páginas das nossas vidas são escritas através de riscos, desafios e decisões difíceis.

NAP | Apesar de eu não gostar de rotular meu estilo de som ou das minhas próprias produções, a NAP foi criada através de muita referência minimalista e eu diria que é o ponto mais minimalista do álbum e uma das tracks que eu mais gostei de produzir até hoje, desde o processo criativo até o resultado final. E também, uma das músicas mais simples e sólidas que já fiz, contendo menos de 20 canais no projeto. Em um certo dia que eu estava já na minha terceira xícara de café e sem conseguir criar nada que me agradasse no studio, criei um projeto em branco e coloquei o nome como NAP (que significa soneca em inglês) e me diverti entre linhas de baixo e beats minimalistas com um vocal shot falando “fuck”.

Flac | Junto com a NAP, a Flac foi uma faixa inspirada em elementos minimalistas e as duas juntas, totalizariam o lado Minimal do álbum. Curiosamente, as duas foram produzidas no mesmo dia, o que é bem perceptível pela construção e identidade de som de ambas. Flac simboliza o formato de maior qualidade possível de um áudio, por isso o naming.

SMDB | Essa faixa na verdade, foi muito inspirada nas faixas do grupo N.W.A, e que de início iria ter outro nome, mas por motivos de censura, tivemos que abreviar para “SMDB”.

Paranoid | Como citei anteriormente, a “Paranoid” se torna uma das faixas mais especiais do álbum por ter sido feita através de elementos analógicos. A ideia nasceu no início de 2018, quando o Vini do Drunky Daniels me enviou um preview de uma ideia de 1 minuto e 30s com uma linha de bass ácido e eu amei e abracei a ideia na hora. Através de trocas de stems e elementos da faixa, finalizamos a música em meados de setembro de 2018. A track tem uma energia mais obscura e mais club banger em relação as anteriores.

Love | Bom, fica até difícil resumir o quanto eu sou honrado e grato por estar lançando o primeiro álbum de um artista pela CUFF e junto a isso, fazendo uma das músicas do álbum com dois caras que foram inspirações desde o início da minha carreira. Lembro até hoje quando eu ouvia os sets do Amine e do DANCE no meu carro, em 2011, 2012 e hoje se torna engraçado quando cai a ficha de que eles se tornaram meus amigos e estamos trabalhando juntos. A nossa faixa “Love” remete a coisa mais importante que devemos ter na nossa vida, o amor. O amor pela música, o amor pelas pessoas, o amor pelo nosso trabalho, e aí por diante. A base de amor, nós realizamos sonhos mais altos do que imaginamos e propagamos felicidades sem preço que pague.

Viral | Pra quem não conhece o italiano Francesco Parente, deveriam tirar 1 minuto do seu tempo e dar um check. Estávamos tentando fazer uma música juntos já faziam meses e não saía nada que agradasse ambas as partes, até que o Francesco me enviou uma ideia de dois minutos da “Viral” e eu não pensei duas vezes, quis fazer junto com ele na hora. Eu diria que é a track favorita do meu álbum na minha opinião. A faixa possui uma energia “futurística” entre elementos de Tech House e Breaks.

I’m So Tired | A princípio, era uma ideia de uma intro de um set que resultou numa bomba e que funciona sem erro em qualquer pista. A “I’m So Tired” foi criada em colaboração com meus irmãos franceses Julien e Anthony do Chicks Luv Us, onde testamos diversas linhas de baixo, até chegarmos na versão que foi lançada. A mensagem da música foi uma crítica a todas as obras genéricas que estavam enriquecendo o mercado da música de maneira geral. Estávamos cansados de ouvir sempre a mesma coisa, os mesmos elementos, os mesmos timbres, precisamos de obras mais fresh, mais originais e mais autênticas. 

Real Shit Though | Foi a última faixa do álbum inspirada 100% no álbum “Niggaz 4 Life” do grupo N.W.A., tendo uma energia mais introspectiva e sombria.

Electric Bitch | Assim como a Intro do álbum, “Electric Bitch” foi a mensagem final do álbum entre ritmos de Breaks e Hip Hop de forma experimental passando a mensagem de que nenhuma mina deve abalar a sua vida e seus objetivos profissionais jamais; o seu sonho estará sempre em primeiro lugar. 

A música conecta.

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