As girls power do From House To Disco, Bruna Ferreira e Lívia Lanzoni, já provaram e comprovaram que sabem muito bem como ferver uma pista com seus próprios grooves autorais. Com lançamentos pela Cocada Music, Diversall e Alphabeat Records, a dupla vem ampliando seus horizontes musicais que vão para além do caminho do House ao Disco, e o novo EP Electr.Ode – que saiu na última sexta pela Massa Records – sintetiza o leque de possibilidades que refrescam a essência do projeto.
Com duas faixas, Ode e Fizzing, além de um remix assinado pelo veterano Benjamin Ferreira, o EP abraça referências que vão de Moby, Chemical Brothers e Cinthie, trazendo flertes com sonoridades noventistas do Techno, Electro e Breakbeat. Conheça mais detalhes do novo lançamento de From House To Disco, comentados pelas artistas aqui no nosso Faixa a Faixa de hoje:
Ode | A história da “Ode” começou em 2020, durante o processo de produção do nosso primeiro release e era pra ser uma coisa completamente diferente. Nos apaixonamos pela linha de baixo e experimentamos algumas coisas. Mas por conta da agenda, o projeto ficou guardado. Até que no começo deste ano, quando voltamos a mexer “na nossa gaveta” do Live, decidimos então que era hora de trabalhar com calma algo especial para esse elemento. Trocamos o kit de bateria para uma 909, trabalhamos as caixas de forma mais “quebrada”, adicionamos uma camada de breakbeat, usando somente o médio e agudo dela , inserimos um sintetizador base e fomos construindo a partir daí. A narrativa da track já estava muito clara em nossa cabeça, de ter um mini break no início, para dar protagonismo na entrada desse bassline, e um outro mais longo, do meio para o fim, fazendo a surpresa da entrada “dramática” do clássico timbre de piano houseiro da década de 1990 no momento auge da track. Quando já tínhamos isso desenhado de fato, partimos para os detalhes que trouxeram mais charme: as caixas em repetição para anunciar momentos de mudança, os claps, os strings de sustentação, os pads de textura e mais um sintetizador, dessa vez em arpeggio (usamos o Omnisphere). O vocal “do it” foi a cereja do bolo, entrou no final e veio de um sample recortado. Foi nesse momento que enviamos a track para o Renato, que elogiou mas nos deu um feedback para retrabalharmos elementos de “velocidade”. Voltamos para casa, mexemos na percussão, principalmente nos hats e dedicamos alguns dias a mais na mix com nosso engenheiro de som, Guilherme Lopes, para destacar esses elementos. Fizemos algumas audições em diferentes soundsystems e finalmente chegamos a sonoridade que buscávamos: de uma track cheia e envolvente para a pista, daí o nome “Ode”. Foi um processo de praticamente seis meses no total, com idas e voltas.
Fizzing | Somos apaixonadas por vinil e já faz um tempo que recorremos ao diggin na procura por referências. Foi em uma dessas pesquisas que chegamos na curadoria da Cinthie para a coletânea da DJ Kicks e nos encantamos com a sonoridade do álbum. Isso nos inspirou na construção de uma batida 4/4 mais clássica e groovada, com a soma de claps junto ao kick e hats e pratos bem marcados. Trouxemos também os elementos de velocidade de “Ode” e adicionamos o clave, para imprimir mais ritmo. Como queríamos que fosse uma track mais dançante, também adicionamos um sub pra dar mais força ao kick. Na sequência, partimos para a melodia do organ e o vocal, que recortamos de forma que também adicionasse movimento, com variações para acompanhar o groove. Com essa base feita, fomos para a construção do break, que pra gente tem um papel super importante na narrativa da música, é o ponto alto. Foi então que tivemos a ideia de transformar as notas do organ em um grand piano e adicionar uma linha acid, com o ABL3, VST do renomado TB 303, que amamos. Complementamos com uma nota sustentada para dar peso a essa modulação. Aqui a faixa ganha outra cara, fica mais cheia, mas efervescente e, por isso o nome “Fizzing”, que vem de borbulhar. Durante a mix, nossa prioridade foi equilibrar o grave com a quantidade de metais e o agudo do acid. Também puxamos um pouco mais o clap e destacamos a marcação de groove do prato, que trouxe todo um diferencial.
Ode (Benjamin Ferreira Remix) | Quando recebi o convite para remixar uma faixa do duo From House to Disco pelo selo Massa Records, além da felicidade de trabalhar com minhas amigas Bruna e Lívia pelo selo dos também amigos Renato Cohen e Fernando Moreno, fui tomado pela certeza de que queria seguir um caminho um pouco diferente do que eu costumo trilhar, que é o da disco ou da House Music. Sempre fui louco pelos sons quebrados dos anos 80 como old school Hip Hop, Electro de Detroit, Miami bass e freestyle. Antes de ouvir as músicas e escolher o remix, já queria seguir por aí. Quando peguei o EP, o desafio foi escolher uma, já que as duas músicas são incríveis, mas o que me fez escolher “Ode” foi a linha de baixo -imediatamente imaginei que combina tanto com os beats mais retos da original quanto com breakbeat. A ideia de deixar o remix mais stripped down, com menos elementos, carregando nos reverbs para chegar o mais perto possível desses sons oitentistas, também era bem clara. Ah, importante mencionar a cuíca também, forte referência (e reverência) a alguns clássicos de House e Freestyle.
A música conecta.