Santé é um personagem bem conhecido aqui do Alataj. Falamos dele quando veio ao Brasil ao lado de Sidney Charles, em 2016, e dois anos depois tivemos a oportunidade de entrevistá-lo.
Hoje, voltamos a dar destaque a ele e seu label, AVOTRE, por um motivo ainda mais especial: tem talento brasileiro fazendo parte do catálogo, Gabriel Evoke, com o novíssimo EP Pitcha.
Fundada em 2012, a AVOTRE foi fundamental para o crescimento de Santé na cena e também para a revelação de novos artistas da cena Tech House mundial, mantendo sempre uma curadoria precisa e recebendo nomes expressivos, como Ray Mono, Dimmish, Kreutziger, Darius Syrossian, ANOTR e Rich NxT.
Imagine, então, o que representa para Gabriel Evoke estar ao lado destes nomes? Com certeza é uma conquista enorme, tanto que ele mesmo considera este como um dos releases mais importantes da carreira, após mais de 15 anos de estrada.
Evoke explica que as faixas desse EP foram produzidas em diferentes momentos e então selecionadas pelo Santé para compor o EP, segundo ele: “não foi algo produzido exclusivamente para o label”. A Pitcha foi a primeira faixa que caiu nas graças da gravadora, então o produtor começa falando dela no nosso Faixa a Faixa de hoje:
Gabriel Evoke
Pitcha | Quem acompanha meus trabalhos já deve ter percebido que gosto de explorar as diversas facetas da música eletrônica. Na Pitcha eu busquei puxar pra uma estética mais raw dentro do Deep Tech. É uma track intensa e com um bassline pulsante. Para compor o groove eu trabalhei com jogos de stabs secos, um decay baixo e com pouca adição de reverb, também adicionei algumas notas de bass acid, da Roland-303, que conversam com o synth. No breakdown eu trouxe um pad com o filtro fechado e pouco brilho, e adicionei o efeito “wah wah” de um pedal de guitarra para dar movimento, o que achei que deu uma vibe legal. O nome da música vem dos jogos de vocais espalhados pelo arranjo.
Way You Love | Esse trabalho tem uma história interessante. Eu produzi parte dele para um remix contest que participei no ano passado e que, infelizmente — ou felizmente — não fui um dos ganhadores. Como eu não queria desperdiçar um projeto que eu achei que estava bacana, eu tirei todos os elementos da faixa original e criei uma original mix a partir da base que já tinha, levando pra face do Minimal House.
Produzi uma linha de bassline groovada e seca, compus uma bateria bem swingada, optei por elementos da Roland-909 trabalhados com um pouquinho de saturação, o que trouxe essa estética mais analógica e que me agrada bastante. Criei uma linha de chords com uma timbragem bem House anos 90’s, que dá aquele toque old school. Compondo o groove, adicionei algumas notas de stabs e no breakdown trabalhei com um efeito de delay, o H-Delay, que deu toda aquela pira e movimento. A cerejinha do bolo foi o vocal feminino, que casou bem com a composição no geral e levou ao nome da obra.
Escape | A Escape foi minha última produção do ano passado. Eu já estava naquele clima de verão, então busquei trabalhar uma faixa com uma pegada mais “vibes”. A track tem um bassline potente acompanhado de linhas de sintetizadores que se entrelaçam no espectro sonoro e dão apoio ao groove. Uma faixa instrumental, swingada, carregada de ambiências, texturas, delays e reverbs – características do Minimal House. Ainda não pude testá-la na pista, mas acredito que vá muito bem em um momento de peak time.
Bon Voyage | A Bon Voyage é a produção mais recente das quatro. Ela tem características do Minimal e do Deep House. O groove, como sempre, se faz bastante presente nos meus trabalhos. A conversa desenvolvida entre os diversos elementos se unem e dão balanço e movimento ao conjunto da obra. As drums são da 909 e o bass criei no SH-101. A batizei com esse nome, pois quando a ouço, sinto que entro em uma viagem.
A música conecta.