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A música conecta

Histórias da Noite | Dayane Wan-Dal: Como eu vim parar aqui

Meu primeiro contato com o universo da noite foi em 2006, entretanto eu tinha apenas nove anos e aconteceu indiretamente. Minha mãe estava descobrindo a vida noturna e eu acompanhei de perto suas descobertas. Lembro de vê-la saindo para eventos que incluíam Carl Cox, Bob Sinclar, Life is a Loop, sem contar nos DVDs de música eletrônica que tocavam bastante em casa. Consigo lembrar claramente o quanto tinha vontade de ir para a “balada”, mesmo tão nova [risos]. 

De lá, vamos para 2008, quando me apaixonei pelas primeiras faixas eletrônicas. Lembro que minha mãe ouvia muito Beautiful Life, de Gui Boratto, e um remix de Fabrício Peçanha para Secret Smile, de Semisonic. Lembro que escutava essas músicas no YouTube sem parar, até que encontrei Azzurra, de Boratto, que também entrou para a lista. 

Mas foi em 2012, com 15 anos, que eu fui na primeira festa da minha vida. Convenci minha mãe a me levar no Dream Valley, um festival de música eletrônica que aconteceu no Beto Carrero World em Santa Catarina. Tinham dois palcos, o Dream Stage, com artistas do mainstream, e o Mystic Stage, com artistas do underground. Alternei entre os palcos, mas acabei ficando mais no comercial. A experiência era bastante incomum, lembro de realmente ter sentido a mágica e de ter desejado viver mais momentos como aquele, desde os primeiros minutos da noite, até os momentos de euforia e prestes a amanhecer. 

Dos 15 aos 18 aproveitei muitas festas, festivais, artistas, descobertas musicais e, sobretudo, descobri e conheci pessoas. Não posso dizer que todas as minhas conexões vieram da noite, mas muitas delas sim e outras se fortaleceram bastante dentro desse ecossistema. Chegou um momento em que eu tive certeza que gostaria de estar envolvida não só pessoalmente, mas também profissionalmente com a vida noturna. Fiz networking, conheci pessoas que tornaram-se inspiração, me comparei bastante com outras — que já estavam na estrada há muito mais tempo do que eu —, trabalhei na operação de eventos em que acreditei muito e, hoje, estou há cinco anos exercendo a arte da comunicação na indústria da música eletrônica. 

Desde março de 2020 as noites não são mais as mesmas. Tenho vivido de saudades, principalmente dos encontros proporcionados pelas noites: com outras pessoas, com a música e até comigo mesma no meio da pista de dança. Embora a realidade não tenha sido fácil, graças à ciência hoje escrevo este texto com bastante esperança de que o retorno está próximo e de que muitas histórias da noite ainda estão por vir!

A música conecta.

A MÚSICA CONECTA 2012 2024