Bonobo é mestre em produzir faixas penetrantes e meditativas e que, através da sutileza de seus elementos cuidadosamente posicionados, se tornam um tipo perfeito de “músicas para sonhar”. Cada caminho desenhado pelo mestre do Downtempo mundial tem um contorno único preenchido por aspectos oníricos, que reverberam em uma mistura de sonoridades eletrônicas e orgânicas. Dessa vez, selecionamos uma de suas composições magistrais, e talvez uma das mais reverenciadas da carreira de Bonobo, para ilustrar a Iconic de hoje. Mergulharemos de volta através das profundezas de Cirrus.
Com uma carreira impecável que atravessa mais de duas décadas, Simon Green – a mente por trás de Bonobo – coleciona uma vasta discografia que compreende oito álbuns, dezenas de EPs, coletâneas, singles e colaborações que o tornaram um dos maiores nomes da Ninja Tune até aqui. O grande mago das performances multi-interpretativas se tornou uma das figuras mais singulares da música eletrônica, cruzando as fronteiras do underground para encantar um público diverso que vai do conceitual ao Pop.
Pois bem, uma das composições mais representativas até aqui, e que traduz perfeitamente a complexidade que envolve a assinatura sonora de Bonobo é a faixa Cirrus, lançada como single em 2013 e antecedendo o terceiro álbum de sua carreira, The North Borders.
A faixa inicia-se convidando o ouvinte a adentrar ao mundo fantástico do Bonobo, com marimbas e xilofones soando como sinos suaves e encantadores. Então a porta de entrada para seu universo lúdico vai se abrindo aos poucos, com batidas que crescem tranquilamente, sem pressa para abraçar o estado de imersão. Na metade da faixa, uma atmosfera de acolhimento se une ao clímax do arranjo, unindo percussões, synths em drives suaves e um estado de transe hipnótico completo.
Se a canção já convida para uma dimensão de transe maquínico singular, o videoclipe de Cirrus dirigido por Cyriak Harris completa o surrealismo da composição. O vídeo manipula cortes de imagens de American Thrift , um filme de domínio público de 1962 que retrata o consumismo americano. Com loops sequenciais que formam uma paisagem sócio-mecânica, o clipe faz com que a ideia da faixa se abra para uma reflexão do homem versus máquina, saindo de interpretações mais simples dessa conexão para uma correlação mais complexa.
Charmosa, fascinante e ligeiramente misteriosa, Cirrus é uma faixa que reflete a grande versatilidade artística de Bonobo. Perfeita para embalar os mais diversos moods do dia-dia, e até mesmo conduzir reflexões meditativas e sonhos acolhedores.
A música conecta.