Clássicos são clássicos. Por mais que o tempo passe, a faixa não perde sua genialidade e permanece despertando a devoção do público, registrando grandes momentos e eternizando seu magnetismo. A iconic de hoje é uma insígnia da história do Detroit Techno.
Quando falamos da história do estilo nascido em Detroit, naturalmente lembramos dos exploradores pioneiros desses beats industriais, sobretudo do verdadeiro “mago” desse grande elixir, Jeff Mills. E é claro, é impossível falar de Jeff Mills sem falarmos de The Bells.
De longe, The Bells é a faixa mais emblemática dos quase 40 anos de carreira de Mills, e também uma das melhores faixas de Techno de todos os tempos. E isso se deve a um bom motivo: sempre que Mills – ou qualquer outro DJ tiver coragem – soltar essa faixa no set, pode ter certeza que sua pista se tornará um pandemônio absoluto. A exemplo, um dos momentos mais icônicos no DGTL Brasil, foi quando Mills mixou The Bells, quase parando os corações dos techneiros de plantão.
Um banger rápido e estridente que é simplesmente impossível de replicar, The Bells foi composta em 1993 e lançada em 1996 em formato 12’’ pela Purpose Maker, no EP Kat Moda ao lado das faixas Kat Race, Alarms e Cyclone. Começando com um bass sequence inconfundível e baterias com elementos mais crus característico do old school Techno, a track cria uma tensão catártica em seu curso de quase cinco minutos de duração. Uma linha de piano sóbria acumula o suspense da faixa até o encontro de um segundo sequenciador que assume o clímax da track. Um arranjo simples, porém inconfundível.
Não sabemos se Jeff Mills, no momento em que compôs The Bells, teria ideia da repercussão que seria este hino. Porém a essência da faixa foi algo elaborado cuidadosamente em detalhes pelo mago do Techno, com algumas versões prévias que ficaram em standby após o lançamento da versão de 1996 pela Purpose Maker. A primeira versão, considerada original escrita em 1993, veio a ser lançada 22 anos depois pela Axis Records, em uma reedição em vinil que integra o sexto volume da série Director’s Cut, acompanhada de sua versão Blue Potential e outra versão desconhecida Homosapien Sapiens.
De todas as versões para The Bells, talvez a mais impressionante ao lado da original, seja sua emblemática leitura gravada ao vivo com a Orquestra Filarmônica de Montpellier, em 2006 celebrando os 10 anos de lançamento da faixa. Até então a música eletrônica não havia presenciado tamanha ousadia em combinar a magnitude da música clássica com um Techno de Detroit, e Mills provou novamente que sua alquimia transgressora era infalível.
Hoje, quase 25 anos após o lançamento do hino que marcou a história do Techno, The Bells soa para além dos tempos. Quando o sino toca é um chamado para um momento especial. Talvez se passem 50 anos desta obra, e ela permaneça eternizando emoções e magnetismo aos verdadeiros fãs dos beats eletrônicos.
A música conecta.