Mais uma quinta-feira e mais uma Iconic. Depois de redigir uma boa leva de textos para essa coluna, me arrisco a dizer que essa é uma das faixas mais difíceis (em termos de pesquisa) que já pautamos por aqui — mas não será isso que nos fará desistir da ideia de destrinchá-la. E a escolhida da semana é nada mais, nada menos que a versão do Miami boy, Danny Daze, para Dark Beat (Fundamental Remix), faixa originalmente de Oscar G & Ralph Falcon (os chefes da Murk Records), com vocal de Oba Frank Lords. A essa altura, se você conhece a faixa, certamente já está com algum trecho da icônica letra ecoando na sua cabeça.
Talvez um dos maiores motivos que a colocam como a protagonista perfeita para uma Iconic do produtor, é que ela representa muito bem a essência musical do garoto de Miami que desde os 13 anos de idade, foi permanentemente tocado pelo Electro e Miami Bass. Sim, desde os treze anos de idade. Daniel Gomez cresceu em uma área periférica com forte influência da cultura mexicana e criado por uma família de origem cubana. Desde a adolescência, o jovem era encorajado por sua base familiar a trilhar caminhos musicais e por isso, discotecava em festas de casamento; mas foi um período de prisão domiciliar aos 18 anos que o fez aprofundar-se de vez na música.
As primeiras produções catalogadas de Daze datam 2010 e apesar de encontrar uma série de gêneros nos frutos de seus 12 anos de produção musical, uma coisa é perceptível no catálogo do produtor desde o início: o permanente apego às linhas percussivas herdada pelo Miami Bass, e a atmosfera densa, do Electro. Essa combinação foi, sem dúvidas, a fórmula mágica do sucesso da versão “fundamental” de Danny. Claro que o produtor soube aproveitar ao máximo os elementos elaborados por Oscar G & Ralph Falcon e o vocal de Lords, da versão de 2002, mas acho que mais do que bem aproveitar, ele elevou a arte do remix a outro nível. É como se o produtor soubesse como enaltecer cada momento da música, extraindo o que há de melhor da versão original e transformando o que já era um hino, em um hino apoteótico.
Por incontáveis momentos, a versão do produtor sustenta a euforia com singelos dois ou três elementos — aquela tal arte de fazer o máximo, com o mínimo; feito para poucos e bons. A faixa, é claro, foi lançada pela Murk Records, em duas versões: a digital em janeiro de 2014 com um compilado que reuniu remixes dos heads da Murk (Oscar e Ralph), Climbers e Saso Recyd — com a versão Fundamental Remix de Danny —; e a física, com vinil 12″ cujo lado A apresenta a versão da dupla de comandantes do selo e no lado B, a versão Dub de Daze (que você pode escutar abaixo).
Inclusive, a Murk Records completa 30 anos de atividades em 2022 e adivinha só? O Fundamental Remix de Danny Daze para Dark Beat segue o maior sucesso do catálogo do selo até hoje, enquanto no catálogo do produtor, mesmo após seis anos, também segue como terceira faixa mais vendida. Sem dúvidas, a versão de Daze é uma das faixas que vai cruzar gerações ecoando pelas mais diversas pistas. E se você nunca teve um momento de êxtase em pista com essa versão de Dark Beat, eu seriamente recomendo…
A música conecta.