A trilha da Iconic de hoje vem de alguns dos grandes nomes de Israel, Guy Mantzur e Roy Rosenfeld. Uma colaboração entre dois alquimistas que se tornou marcante para ambos, mas que não representa uma única tentativa. Kompakt, Systematica, Lost & Found, Bedrock são apenas alguns exemplos de gravuras onde ele têm passagens entre criações e remixes. Epika, inclusive, foi lançada em um two-tracker pela primeira gravadora mencionada acima, em 2015, com o nome de Epika / Deeyo, e depois relançada em um VA da Natura Viva, em 2019.
Mantzur gosta de criar música eletrônica que desafia as barreiras de gênero. Suas músicas gostam bastante de se metamorfosear. Quase sempre de maneira progressiva, as grandes frases são uma bela estratégia para mudar o rumo das coisas. Rosenfeld também busca não se encaixar em rótulos específicos, mas explora bastante as linhas orgânicas e progressivas do House. Juntos, colocam um pouco das forças de cada um e já entregaram algumas belas histórias por aí. Aliás, escute a segunda faixa desse EP e eu aposto que, ao ouvir a bateria, você vai lembrar de algo.
Aliás, já falei aqui anteriormente, que uma grande música é aquela capaz de contar uma história dentro de sua própria existência. Daquelas que realmente tira o ouvinte de si mesmo por alguns minutos e o leva para algum outro lugar que só ele pode descrever. Às vezes nem mesmo é um lugar imagético, mas só um silêncio mental que traz uma sensação muito satisfatória quando sentida. Músicas progressivas são capazes de gerar esse tipo de sensação, aqui você pode entender melhor sobre isso.
Nesse lado A magistral, tudo gira em torno da jornada. Sim, a história. Mas a verdade é que basta alguns segundos para se sentir atraído por ela e se permitir entender o todo. Isso se dá, principalmente, porque sua seção rítmica oscila bastante e algo assim em um soundsystem que se preze, é certeiro, meus caros. Em outras palavras, a linha de baixo aqui coloca os pés de qualquer pessoa sob seu controle. Seus elementos vão aumentando progressivamente, adicionando mais sons e efeitos até que ela se transforme no que se propõe no título.
O baixo é tão nítido e a combinação completa de todas as peças juntas é tão bem orquestrada e crescente que é muito difícil não se impressionar com a capacidade criativa desses dois. Quer dizer, fica bem difícil de não sofrer um abalo sísmico interno ao notar essa ondulação do grave e o que vem acontecendo nas camadas superiores. Está tudo nos detalhes, nos arranjos. Música de dança com orientação emotiva, é só isso que consigo pensar, mas sinceramente, de nada serve esse texto se você não ouvir com a devida atenção e entender porque o nome da faixa é como tal.
A música conecta.