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A música conecta

Iconic | Stardust – Music Sounds Better With You [Roulé]

Alerta de nostalgia! Hoje é dia de Iconic e tanto quem escreve quanto quem acompanha as narrativas sabe que tudo é possível. Music Sounds Better With You, do Stardust, eis a minha pauta do dia, eis uma redatora reluzindo. Lá estava eu, tomando meu café e ouvindo a faixa e durante a audição – sabe como é, para entrar na personagem – tive um insight. Uma pausa na música, ali pelos 2 minutos, coloca a bateria distorcida como protagonista, como quem te convida a prestar atenção em todos os detalhes. Por oito vezes ela se repete para abrir alas a um arranjo tão marcante, que o sentimento ebuliu rapidamente em mim: é isso! Essa música é como viajar de volta para casa. Não sei como é para você, leitor, mas essa track simboliza muito sobre o que eu sei sobre Dance Music e me marcou tantos momentos que ganhou um teor confortável, edificante, nostálgico. É como se você pudesse voltar no tempo.

Arrisco dizer que boa parte da turma clubber anos 80/90 também se sente assim. Afinal, bastam poucos segundos de intro e você já sabe do que se trata – até já falamos disso aqui. É aquele riff de guitarra desvirtuado que abre a faixa misturado aos synths, entrando pelos nossos ouvidos como uma onda cintilante que se liga às nossas sinapses e pronto: a conexão está feita. Os DJs já viram essa track olhando para os nossos olhos, esperando exatamente essa alquimia cerebral acontecer, para que os sentimentos entrem em ebulição e as reações comecem. É mágica! Não, não só o Stardust que foi capaz de realizar essa proeza, meus caros e caras, mas você há de concordar que essa ‘musicona’ definitivamente se encaixa no conto acima. Dá uma olhadinha nesse vídeo aqui para entender:

https://www.youtube.com/watch?v=zuq4LApgVOA

Se você é clubber dos anos 2000, não se acanhe, você provavelmente já cruzou com ela e também teve bons sentimentos, essa track é para todo mundo – até aqueles que nem são “tão da pista”. Sempre acho que os gênios criadores colocaram alguma mensagem subliminar nela, não pode ser, como alguém lança só uma música que vira um tremendo sucesso mundial e vai embora? Mas a real é que não tem nada de subliminar aqui. Tecla SAP, porque vamos traduzir o discurso: querida/querido, me sinto bem, a música soa melhor com você e o amor pode nos fazer ficar juntos. 

E aí, depois desse suspiro, concluímos juntos que não precisa do subliminar, basta olhar essa letra. Thomas Bangalter, Alan Braxe e Benjamin Diamond, franceses, gênios, excêntricos e, para nossa sorte, românticos. Mais que isso, precursores do movimento French Touch, termo designado para a música eletrônica francesa produzida especialmente na década de 90. Bom, talvez você não saiba, mas te conto agora: Thomas é um dos cabeças do Daft Punk e naqueles tempos a ebulição que citei anteriormente aqui, estava atingindo seu clímax. Uma onda de transformação cultural rolava pelo mundo e esses três amigos se juntaram para formar o Stardust e fazer arte, injetando força ao lema We give a French Touch to House. 

Agora, a parte que ninguém entende é a seguinte: uma música, um único sucesso, topo das charts, o pioneirismo em sua melhor forma, porém, fim. Não é para entender mesmo. Cada um seguiu seu caminho depois disso, sem rupturas dramáticas, apenas caminhos distintos, ainda que paralelos. Muito dinheiro foi oferecido para que eles produzissem mais, mas a resposta foi não. Optaram em uma filha única que segue reverberando pelo tempo há mais de 20 anos e a gente sabe que ela vai muito mais longe. E claro, sendo um ícone, ela recebeu remixes, edits, covers. Bob Sinclair, Neil Frances, Craig David, Carl Cox, Disclosure, do Daft Punk às festas de casamento. É só jogar esse título no Youtube e ver quanto já rolou.

Mas enfim, era 1998 quando esse presente nascia. Inicialmente lançada pela Roulé, gravadora de Bangalter, Music Sounds Better With You causou um frenesi tão grande que, posteriormente, foi relançada pela gigante Virgin Records. E o fenômeno foi bombástico: a faixa alcançou as charts do mundo, ficou no topo por algum tempo e vendeu um bocado, algo mensurado em mais de dois milhões de cópias em todo o mundo em vinil e CD. A gente aqui no Brasil ouviu muito na Jovem Pan e marcou totalmente aquela geração. 

O riff de guitarra em questão é um sample, milimetricamente recortado da faixa Fate de Chaka Khan, de 1981. Os três amigos decidiram adicionar uma linha de baixo mais robusta, a clássica bateria eletrônica Roland TR-909 – um amor antigo dos produtores – um piano e claro, os vocais de Diamond, que aqui, soam mais abafados. A letra em questão, foi escrita por todos os três membros. Ela tinha mais versos, mas em um ato muito perspicaz, eles resolveram excluir e deixar esse tal mantra de fácil entendimento fazer sua mágica. Deu no que deu.

Mágica é uma palavra que acabou se repetindo aqui, mas é justamente assim, esse deleite  que causa tantos sentimentos bons, faz braços arrepiarem no ato, sorrisos gigantes se abrirem e bom, nas pistas, causa o famoso “momento amor”. A música soa muito melhor com “aquelas pessoas”, né? Sem sombra de dúvidas. Se você chegou até aqui não tem muito mais o que dizer, aperte o play e deixe que seu corpo se encarregue do restante nessa viagem única que é a música. Ao trio, meu sincero sentimento de gratidão, porque foram eles que deram aquele empurrãozinho para me trazer até aqui. Uma única música, muitas histórias. 

A música conecta.

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