Você se lembra onde estava em 1994? Ou melhor, você já era nascido em 1994? Pois é, esse ano me traz algumas lembranças como assistir o Bebeto, Mazinho e Romário comemorando o gol em cima da Holanda nas quartas de final da Copa do Mundo ou então, o triste acidente que tirou a vida do nosso ídolo Ayrton Senna no circuito de Imola. Foram muitos os acontecimentos que marcaram esse ano, mas foi também em 1994 que uma empresa japonesa chamada Pioneer, lançou o seu primeiro produto voltado para DJs, marcando sua entrada para essa fatia de mercado além de revolucionar a forma de como projetar e atingir seus consumidores.
Antes de prosseguirmos com a trajetória e importância que os produtos desenvolvidos pela Pioneer tem para esses profissionais, vamos falar um pouco sobre a marca. A Pioneer – Paionia Kabushiki-gaisha, nome original em japonês – é uma empresa que foi fundada em 1938 por Nozomu Matsumoto na cidade de Tokyo. Originalmente, a Pioneer era uma oficina de reparos de rádios e auto-falantes, algo fundamental para as contribuições tecnológicas que a marca iria apresentar nos anos seguintes como TV a cabo, Laser Disc – precursor do CD, tem o tamanho de um vinyl, porém funciona como um CD -, o primeiro som automotivo com leitor de CD e tantas outras facilidades que hoje em dia não conseguimos ficar sem.
Foi com essa tradição e conhecimento sem igual de leitores óticos e de áudio que em Outubro de 1994 a Pioneer lançou o CDJ-500, o primeiro de sua espécie. Outras marcas como a Denon já vinham apostando em digital players como o CDJ-500, a grande diferença entre eles é que esses tocadores que vieram antes dos CDJs eram pouco amigáveis na hora de se tocar: um layout que não proporciona uma boa performance como a dos toca-discos foi o principal motivo de não terem vingado. Ao contrário de suas concorrentes, a Pioneer decidiu conversar com grandes DJs da época como Roger Sanchez e Paul Oakenfold para desenvolver um player que trouxesse o feeling que os toca-discos traziam.

Qual foi o impacto disso? Uma adesão instantânea de uma massa de artistas por conta da facilidade que a CDJ-500 tinha em ser manuseada. Outro fator que não posso deixar de dizer é que, com o lançamento bem sucedido desse aparelho, uma grande modificação da indústria fonográfica voltada para Dance Music começou acontecer. Antes dos CDs, para que um artista pudesse testar uma de suas faixas, era necessário fazer um test-press que, como o próprio nome sugere, era um disco feito para ver como a música ficaria no vinil além de possibilitar o artista testar a música nas pistas e ter uma decisão se ela seria lançada ou não. Como você pode imaginar esse processo levava semanas ou até mesmo meses para ser concluído, e com a chegada do CDJ-500, bastava gravar um CD com tais faixas e voilá, qualquer um poderia testar suas mais recentes criações num piscar de olhos.
Não foi só no formato de mídia utilizado pelos DJs que a Pioneer revolucionou. O mixer como assim conhecemos também foi algo desenvolvido pela fabricante. Se você for ao Youtube e procurar por vídeos de DJs tocando nos anos 80 e início dos anos 90, vai perceber que o layout do mixer é muito diferente dos quais estamos acostumados. Não existiam faders, o mixer de DJ era composto por potenciómetros que controlavam os sinais de entrada a qual ele correspondia. Isso mesmo, é como tocar somente com o Gain que existe nos mixers atuais. Equalizador? Não existia de forma embutida. Crossfader? Também não. Filtros e efeitos? Também não faziam parte de um mixer para DJ, caso o DJ quisesse usar algum tipo de efeito em suas mixagens, ele tinha que levar os seus.

Somente um ano após o lançamento do CDJ-500, a Pioneer chocou todos novamente com o DJM-500, um mixer de quatro canais com 3 bandas de equalização, réguas no lugar dos potenciômetros, um crossfader e o que mais encantou a todos na época de seu lançamento, uma central de efeitos embutida com contador de BPM, reverb, delay, flanger entre outros. Para se ter uma ideia do impacto que esse mixer causou em todos, imagine que cada item citado acima é um aparelho que o artista teria que levar em suas apresentações caso o club não tivesse. Através do DJM-500 a Pioneer deu um novo sentido ao que até então era conhecido como mixar. Aliás, eram extremamente raros os casos de DJs que fugiam das mixagens sutis e pouco perceptíveis justamente pela falta de um aparelho que proporcionasse isso.

Tanto o CDJ-500 quanto o DJM-500 foram os culpados por transportar para o mundo digital o que um DJ fazia, e como você deve imaginar – ou saber se for DJ -, versões atualizadas foram surgindo como passar dos anos, os CDJ-500 recebeu duas novas versões após o seu lançamento, CDJ-500S, uma versão compacta e o CDJ-500II que trazia novas possibilidades para o equipamento. Com a linha DJM o impacto foi tão forte que somente uma atualização foi feita desde o seu lançamento, o DJM-600 em 1998.
Que o CD Player para DJs mudou como artistas e gravadoras iriam passar a manipular suas músicas já é sabido, mas o que a Pioneer estava preparando para os anos 2000 era algo até então impensável para qualquer um. Foi exatamente no início daquela década que o MP3 veio com força total, virando rapidamente a forma mais consumida de música. Foi então que em 2007 a Pioneer lançou o seu primeiro CDJ com suporte a USB, o CDJ-400. Esse aparelho era uma releitura do popular CDJ 200 que já lia MP3, mas através do CD. Outra função que foi implementada no CDJ-400 e que antes era algo exclusivo do CDJ-1000, o player mais completo da linha, é a função vinyl, ou como chamamos por aqui, modo scratch, possibilitando que DJs pudessem fazer esse efeito com o aparelho.

O que nós não sabíamos na época é que o CDJ-400 era apenas um anúncio do que estaria por vir. Dois anos depois, a Pioneer introduziu no mercado o CDJ-2000, o mais completo CD Player voltado para DJs até então. A grande diferença dele para os outros CDJs é que ele vinha acompanhado de um software chamado Rekordbox, um organizador para seus arquivos dentro do USB além de permitir fazer marcações nos arquivos como cue points, cores, tom musical entre outras opções. Novamente a Pioneer tinha emplacado mais um produto onde quase 100% dos artistas iriam passar a usar, já que o Rekordbox abre uma possibilidade infinita de possibilidades na hora de se organizar e preparar sua biblioteca musical, algo muito parecido quando a marca introduziu a linha DJM no mercado.
Em Setembro deste ano, a Pioneer lançou a sua nova geração de CD Player, o CDJ-3000 que ao que tudo indica, também será mais um produto que se estabelecerá como padrão dentro dos clubs. Abaixo você pode assistir o vídeo do lançamento oficial do aparelho que cobre suas principais novidades.
Pesquisa e desenvolvimento, market placement bem pensado e um time de endorsers de peso: essa é a receita de sucesso da Pioneer DJ, que apesar do nome já não tem mais nada a ver com a Pioneer, já que desde 2015 a linha de produtos para DJ pertence a outra empresa. Enquanto todas as outras marcas tentavam descobrir como fazer CD Players para os DJs, a Pioneer decidiu ouvi-los para aí sim começar a desenvolver sua linha de produtos dedicados. Você DJ, consegue se ver sem um par de CDJ ou um mixer DJM?
A música conecta.