Se você manja um pouquinho de inglês, provavelmente tenha noção do significado de listening bar, mas fala a verdade, você já tinha escutado falar nesse conceito ou nem fazia ideia da existência dele? Fica tranquilo que ninguém aqui tá por fora, até porque esse “modelo” de bar é relativamente novo, principalmente aqui no Brasil, ganhando popularidade somente do último ano pra cá. A gente te explica na sequência como funciona:
Esse conceito surgiu inicialmente no Japão a partir da ideia de criar um local agradável e convidativo para você ouvir música que se distanciam da tradicional Dance Music. É mais para contemplar do que para dançar, isso com total liberdade para que os DJs da noite mergulhem fundo na proposta que acharem mais coerente de acordo com a bagagem e a experiência de cada um. Lá do outro lado do mundo eles são chamados de Kissa Jazz.
Os listening bar’s possuem curadoria artística avançada e sound system sempre de primeira. A acústica é estudada e existe todo o cuidado com a estética e o design do ambiente atrelado ao conforto, ou seja, são vários pilares que precisam estar em harmonia para que o público possa ter uma experiência sonora singular em um espaço super aconchegante para comer bem, beber e, claro, conversar, desde que o foco principal não se perca.
As imagens abaixo são do Spiritland, em Londres, que vai muito além de um restaurante ou bar, é um oásis para a comunidade musical inglesa, um lugar para se encontrar, discutir, ouvir lançamentos de álbuns e os artistas podem até gravar podcasts — a cereja do bolo é o belíssimo sound system da Living Voice.
Fotos por Ed Reeve
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E se você achou todo esse rolê muito bacana mas pensa que não pode conferir de perto, é aí que você se engana. Alguns jovens empreendedores de Florianópolis, na capital catarinense, se inspiraram nesses locais ao redor do globo e trouxeram o conceito para o centro da ilha, criando um espaço que busca se aproximar dos modelos internacionais, mas com um aditivo extra: muita cerveja — são 16 taps de bera artesanal que você experimentar e degustar com os amigos enquanto ouve ótimos DJs no comando das pick ups.
Lelo Paungartner, um dos sócios atual do local, explica que o lado musical do T6 aconteceu quando assumiu há um ano. “O Hangar T6 surgiu em outubro de 2017, ele sempre foi um bar craft beer com alguns eventos com música ao vivo e DJs esporadicamente. Quando o assumi, em outubro de 2019, trouxe essa ideia de fazermos uma curadoria musical mais avançada, com discotecagem quase todos os dias. Tento fazer o melhor que posso com o apoio daqui, porém nos falta detalhes para chegarmos na experiência que imagino. Tenho como principal inspiração os Kissas Jazz japoneses; por aqui o Caracol Bar em São Paulo também me atraiu pela curadoria sonora e drinks oferecidos e estimulou ainda mais a ideia do Hangar T6″, conta.
O Hangar hoje conta com acústica no teto e embaixo das mesas, também madeiras na lateral para difusor de som. O local também investiu em um sub analógico da Yamaha e monitores de boa qualidade para uma boa experiência tanto do DJ como dos clientes, sem que pudessem causar perturbação urbana. No projeto também está um espaço no estilo lounge com sofá e poltronas com nuvem de lã de rocha para abafar as frequências médias e agudas das mesas, além de alguns tubos iluminados que foram instalados em parceria com a Lum In Home.
Durante a pandemia, com as portas fechadas para conter o avanço do coronavírus, o staff do bar tem realizado ações musicais específicas para reverberar a ideia no mundo digital. O projeto principal é o Não deixamos a música parar, onde a equipe mantém diariamente transmissões ao vivo de diferentes DJs da cena underground brasileira, todas devidamente registradas e compartilhadas no canal do YouTube.
Hoje, o T6 também conta com uma tape deck e com o equipamento produziu 10 fitas K7 junto de 19 artistas envolvidos para ficar tocando no bar mediante uma programação. “Essas fitas ficam como arquivo do bar para posteriormente serem selecionadas por clientes, mas também podem ser encontradas no nosso YouTube”, reforça Lelo, agradecendo aos amigos que sempre deram uma força no projeto, em especial ao Bruno Koerich, seu sócio no T6 e diretor na Cervejaria Unika.

No mês de outubro, a casa aumenta ainda mais a parceria com a Kickclap, onde a agência busca trazer não somente artistas do próprio casting, como por exemplo Konnin e Oliver Gattermayr, mas convida também artistas como Idee aka Renee e Bernardo Ziembik, nomes reconhecidos da cena eletrônica nacional. Tie Pereira dá início ao projeto Jazz Party com o Moods Trio, além do retorno de nomes como Rafa Cancian e Ale Reis que já fizeram sets memoráveis na casa.
Para você que quer sentir a experiência de perto, o Hangar T6 já voltou a abrir de terça a sábado, das 17h às 23h30, na Rua Vitor Konder, 125, no centro de Florianópolis. Você também pode acompanhar a programação e tudo o que tem rolado por lá através do Instagram.
A música conecta.