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A música conecta

Alataj entrevista Alex Niggemann

Por Alan Medeiros em Entrevistas 24.12.2018

Uma das grandes unanimidades em torno da música diz respeito ao potencial que ela possui de gerar emoções ao comunicar para pessoas de diferentes origens e linguagens a mesma mensagem, quase que de maneira inexplicável. O DJ e produtor alemão Alex Niggemann é um grande entusiasta deste poder e em seus trabalhos sempre busca trabalhar com bastante cuidado tal aspecto.

Alex é original de Düsseldorf, mesma cidade que revelou para o mundo o Kraftwerk, mas desde 2005 reside em Berlim, que serviu de base para criação dos projetos mais importantes de sua vitoriosa carreira. Nesses mais de 10 anos de trabalho, Niggemann colaborou com grandes marcas da cena eletrônica internacional, incluindo Watergate, Poker Flat, Crosstown Rebels e Mule Musiq, além claro de seu próprio label, AEON, que em 2018 completou 5 anos.

No último dia 15, estivemos com Alex em Porto Alegre, para primeira edição do BURN Residency Showcase na capital gaúcha. O evento organizado pela Levels (leia review aqui) já entrou para lista dos melhores da temporada e na ocasião, tivemos a oportunidade de vê-lo duas vezes em ação, uma no evento principal e outra no Levels Night, em um b2b com o brasileiro Diogo Accioly. A nosso convite, Alex respondeu perguntas sobre alguns dos principais tópicos de sua carreira:

Alataj: Olá, Alex! Tudo bem? Obrigado por nos atender. Seu estilo de produção musical e discotecagem é algo que flutua muito bem entre house e techno. Como você se relaciona com essa questão dos gêneros? Eles são realmente importante pra você?

Estou bem, obrigado! Gêneros são apenas nomes para descrever melhor ou categorizar algo. Não sou fã deles, pois música é música. A única coisa que importa é o que você sente com ela.

Na sua opinião, quão importante é a criatividade na carreira de um DJ e produtor? Inspiração ou transpiração: o que é mais importante?

Criatividade é quase tudo o que você realmente precisa. Se você não é criativo, não pode ser inovador. Se você não é inovador, você é apenas um em um milhão. A inspiração é importante, mas se você for muito talentoso, se não trabalhar para alcançar seus objetivos, qual é o talento que vale a pena? Então, transpiração.

Gerir sua própria gravadora certamente trouxe uma série de desafios para sua carreira, não é mesmo? De uma forma geral, quais foram as conquistas da AEON que te deixaram mais realizado?

Ser mais livre para produzir e lançar o que eu quero é muito importante. Às vezes, os selos não querem ser os primeiros a fazer algo novo, sem saber se as pessoas vão gostar. Eu também quis ter certeza de ter música ao meu redor (por exemplo, em meus próprios eventos do selo), dos quais eu conheço. O selo acaba de comemorar seu aniversário de 5 anos e isso é muito especial.

É notório que o Watergate tem um papel muito importante no seu desenvolvimento. Fale um pouco sobre o seu relacionamento com club e como ele tem contribuído para sua formação artística.

Watergate foi o club que eu costumava frequentar quando me mudei para Berlim em 2005 e a minha primeira residência também aconteceu lá. Como você pode ver, ele desempenha um grande papel e eu sou muito grato pelo club e suas pessoas ainda me apoiarem, tocando cerca de 4 gigs por ano lá.

Seu catálogo é formado por releases em diferentes selos da comunidade internacional. Na sua opinião, estabelecer um relacionamento longo e duradouro com gravadoras ainda é uma parte essencial na carreira de artistas da música eletrônica?

Absolutamente. Eu acho que é realmente essencial para o desenvolvimento e suporte de um artista ter uma home base. Tive problemas para me adequar a um determinado som, por isso lancei em diferentes gravadoras antes de encontrar minha primeira casa na Poker Flat e construir a minha própria com AEON, há cerca de cinco anos.

Tom, harmonia e ritmo dizem muito sobre a emoção que a música pode causar no corpo e coração dos ouvintes, certo? Pra você, é mais importante fazer uma música que seja tecnicamente perfeita ou que toque a coração do maior número possível de pessoas?

Penso que, falando de sentimentos, descrevê-los ou senti-los são, na verdade, são duas coisas diferentes. Você nunca será capaz de descrever um sentimento para que a outra pessoa saiba exatamente como você sente isso, apenas falando sobre. É por isso que amamos muito a música, porque ela pode criar e construir algo dentro de você. Como a música é uma sensação, é mais importante tocar. Mas, para que isso aconteça e para criar uma peça musical, que faça com que as pessoas sintam o mesmo que você sentiu ao produzir, precisamos dessas habilidades técnicas. É o mesmo que não ter as palavras certas para descrever algo, a descrição não será tão precisa quanto você deseja.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Representa a liberdade, o amor e ser capaz de alcançar tudo o que você quer. Música é a minha vida.

A MÚSICA CONECTA. 

Foto capa por Juliano Conci

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