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A música conecta

Alataj entrevista Andre Lodemann

Por Alan Medeiros em Entrevistas 13.12.2018

Andre Lodemann é um experiente DJ e produtor alemão baseado em Berlim e responsável pelo catálogo da Best Work Records, gravadora que já lançou nomes do calibre de Adriatique, dubspeeka, Luis Junior, Marc Romboy e Fabian Dikof. Sua história na música é pautada por trabalhos de grande sucesso, como The Light e Together e Where Are You Now?, singles que marcaram uma carreira vitoriosa na música eletrônica.

Uma das principais características do trabalho de Lodemann é a forma como ele flerta com facetas mais emocionais da house music e do techno. De alguns anos pra cá, a cena eletrônica passou a encarar com mais naturalidade sons que remetem a uma expressão mais física do que propriamente envolvente e emocional. Na contramão deste universo, Andre mantém um trabalho com mais de 20 anos de consistência que já atravessa gerações e segue firme e forte.

Ano passado quando o entrevistamos [confira aqui], Andre Lodemann estava no processo de finalização de um novo full lenght. The Deeper You Go, trabalho em questão, foi lançado no último mês de Setembro e carrega toda complexidade e profundidade do trabalho deste exímio artista alemão. O disco nos motivou a produzir um novo bate-papo com Andre, dessa vez 100% focado na parte criativa do trabalho. Confira abaixo:

Alataj: Olá, Andre! Tudo bem? Sempre atrelei suas produções a uma atmosfera bem emocional. É possível dizer que essa característica se renova em The Deeper You Go?

Andre Lodemann: Estou bem, obrigado! Estou tão feliz que meu álbum foi finalmente lançado. Eu queria muito continuar minha jornada musical. Todas as faixas que eu fiz para o álbum – todas e cada uma – têm um significado especial para mim e estão conectadas ao meu mundo emocional. Tentei alcançar um nível muito mais maduro de complexidade emocional neste trabalho.

Um álbum geralmente representa uma soma de influências de um artista dentro de um determinado período. Falando mais especificamente sobre tempo mesmo, esse seu novo trabalho representa qual momento de sua carreira?

Não há nenhum momento particular de influências, pois tenho trabalhado nisso por muitos anos, tirando um tempo entre minhas viagens e deveres familiares. É certamente um conjunto mais amplo de influências musicais e experiência de vida desde a infância até o presente.

Ao longo das 9 faixas que compõe esse novo trabalho, percebo uma construção musical fora do habitual. Ser inovador foi uma de suas prioridades durante o processo criativo?

Eu realmente só fiz o que saiu da minha criatividade pessoal, sem ter um conceito certo. Eu gosto de conectar elementos totalmente diferentes, às vezes até contraditórios, através do meu estilo de transformação.

Você é um artista com abertura em diferentes selos da comunidade internacional voltada a dance music. Lançar pela Best Work Records, sua própria gravadora, certamente foi uma escolha cuidadosamente pensada. Por quê não assinar por outro selo? Trabalhar esse disco pela Best Work lhe dá uma liberdade criativa mais ampla ou não é exatamente apenas sobre isso?

Eu quis lançar na minha própria gravadora para ter controle total sobre o processo de produção, arte, marketing, etc. Lançar em outro selo mais conhecido era uma ideia, mas quanto mais eu pensava sobre isso, menos me interessava. Best Works Records é a melhor saída para os meus trabalhos mais particulares.

Artisticamente, quão especial esse lançamento é pra você? Qual mensagem você busca passar através do nome do álbum?

Artisticamente, é o lançamento mais importante da minha carreira musical até agora. O título The Deeper You Go é um convite para ouvir mais profundamente. Pular não funciona. O ouvinte precisa mergulhar em cada pequeno detalhe. Quanto mais profundamente você ouve, melhor você entende.

As faixas do The Deeper You Go representam com precisão o seu atual perfil de discotecagem? Quais delas tem surtido melhor efeito no dance floor?

Depende de qual parte da noite e do set que estou tocando. Em horário nobre, geralmente gosto de tocar Metamorphosis, Emptiness e Voices from the Past. Recebo um feedback emocional e muito enérgico das pessoas para essas. Quando toco a última música da noite então Lost in your Eyes é a minha escolha para levar as pessoas para casa. Vejo as pessoas se abraçando e beijando quando toco ela.

Você parece ser um produtor musical com aptidão para produção de full lenghts. Quais são as diferenças de seu processo criativo na produção de um single, EP e álbum?

Acho que minha atenção aos detalhes foi ainda maior para o álbum do que o normal, pois não estava trabalhando com prazos finais e decidi lançar quando realmente sentisse que estava acabado. Além disso, gostei muito de trabalhar com menos músicas voltadas para a pista de dança. Um grande desafio foi fazer com que o álbum parecesse como se tivesse sido produzido a partir de um único molde, apesar de as faixas terem sido criadas a partir de um período de tempo mais longo.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. Nós enxergamos a música como uma forma de conexão entre as pessoas. Na sua opinião, qual o grande significado dela em nossas vidas?

Sim, com certeza, música é uma forma de conectar as pessoas umas com as outras, mas também consigo mesmas. Música instrumental não é dirigida por conteúdo lírico. Todos podem desenvolver sua própria imaginação, imagens e sentimentos em todas as faixas.

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