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A música conecta

Alataj entrevista BLANCAh

Por Alexandre Albini em Entrevistas 01.11.2019

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BLANCAh iniciou a carreira musical em 2004. Amadurecida, e com uma identidade lapidada, fez sua estreia no clube Ritter Butzke (Berlin). Sua apresentação é um show melódico e introspectivo, com vocais próprios. No primeiro EP, Whos That pela Steyoyoke Records, chamou a atenção de Richie Hawtin, Sasha e Marco Carola. Porém, foi Ripple Effect que lhe deu visibilidade, ao ser tocada por Solomun na BBC Radio One. 

Após uma longa estadia junto a Steyoyoke, em 2019 fechou com o selo britânico Renaissance, conhecido pelas compilações com expoentes como Maceo Plex, Tale of Us, Hernan Cattaneo, Sasha, John Digweed e Gui Boratto. O primeiro release foi em maio: EP Cold Lights, com a faixa-título (que inclui os vocais da artista) e uma versão instrumental. Alguns dias antes, fez o warm up para Solomun na festa da gravadora em Birmingham (Inglaterra) — sua estreia no Reino Unido.

+++ BLANCAh comentou sobre seu EP Cold Lights pela Renaissance

Residente do Warung, já tendo se apresentado no festival Exit, Warung Day, TribalTech e Rock in Rio; BLANCAh já esteve ao todo em mais de 20 países (incluindo Austrália, Canadá, China, Líbano, Porto Rico, Tunísia, Emirados Árabes) e vem se consolidando internacionalmente como uma das grandes produtoras mundiais. Atualmente tem se dedicado ao novo álbum, que será lançado nos próximos meses.  Por aqui, ela sempre esteve em casa e agora retorna para uma nova e importante entrevista:

Perguntas por Alan Medeiros:

Alataj: Oi, Pati! Tudo bem? Obrigado por falar novamente conosco. Presença internacional, residência no Warung, parceria com a Rennaisance. Muita coisa mudou desde a nossa última conversa. Como você descreve o atual momento de sua carreira? 

BLANCAh: Olá Alan, eu é que agradeço mais uma vez. É sempre bom conversar com o Alataj. Quanta coisa boa aconteceu né? Eu sempre descrevo meu “momento atual” como um momento de construção, não importa quando me perguntam ou quantas vezes me perguntem isso, sempre digo: ‘estou apenas no início’. 

Me considero sempre em trânsito, em movimento e em busca de evolução.  Posso dizer que estou bastante tranquila e extremamente feliz com todas as conquistas até então. O mérito delas está 100% pautado na minha música e no meu trabalho, ou seja, na minha essência como artista. Acho que não tem nada mais gratificante do que a certeza de que você está crescendo de modo íntegro e honesto, mantendo o foco no que você acredita. 

2018 foi um ano decisivo e de muitas mudanças, tanto no lado pessoal quanto no profissional. Em um primeiro momento as mudanças me assustaram pois me tiraram da zona de conforto. Uma delas foi minha saída da minha antiga gravadora, a Steyoyoke. Com o tempo percebi que tudo o que eu costumava acreditar dentro daquele projeto deixou de existir. Então preferi seguir em frente e hoje me vejo mais cuidadosa nas escolhas que faço quando se tratam de alianças e parcerias. 

Quando A Renaissance mostrou interesse em mim, me senti extremamente lisonjeada, o que me deu um fôlego novo diante de todos os desafios. A residência no Warung foi um presente lindo e inesperado. É uma honra poder vestir esta camisa e representar um club tão emblemático, dou sempre o meu melhor quando estou em campo com eles. E 2019 veio sereno, cheio de trabalho. Comecei janeiro tocando no meu primeiro festival internacional, o Rainbow Serpent na Austrália, e mês passado tive a felicidade de estar no Rock in Rio aqui no Brasil. 

Entre o primeiro e este último foram vários outros festivais – Fusion Festival, EXIT Festival, La Reve Festival, Block Festival, além de gigs importantes tanto dentro quanto fora do país.  Meu momento atual? Estou feliz. 

Acredito que essa troca de gravadora principal é um dos destaques do momento, até por conta do significado que o label possui. Pra você, o que tem sido mais especial nesse trabalho com a Rennaisance? Quais foram os principais aprendizados até aqui?

Fui oficialmente apresentada ao time da Renaissance este ano em Birmingham (Inglaterra) na ocasião em que toquei no showcase da gravadora ao lado de Solomun. Fui recebida com muito carinho, e principalmente, com muito profissionalismo. Na minha mente, o meu termômetro seria o momento do lançamento do meu primeiro EP, Cold Lights, com eles. Ali eu esperava ter uma noção de como o trabalho iria fluir – e fluiu maravilhosamente bem. 

Eles me deram muito suporte e muita atenção. Pude perceber uma equipe bem alinhada, onde cada coisa estava no seu devido lugar. E o mais especial pra mim é o valor que eles dão ao meu trabalho. Quando enviei para a gravadora um esboço do meu próximo álbum eles se interessaram de imediato em lançar e me deram total liberdade para trabalhar nele. Isso hoje em dia não tem preço. Nem toda gravadora se interessa em lançar álbuns, nem toda gravadora da liberdade total ao artista. Com eles eu tenho isso tudo e estou super ansiosa por este lançamento. Também estamos planejando alguns shows ao redor do mundo e minha maior vontade hoje é ajudar a trazer a Renaissance para a América Latina. 

Como todo grande artista, você também tem visto o tempo agir na identidade musical do seu projeto. O que a BLANCAh de hoje projeta para os próximos anos nesse sentido?

Sim. Pra mim música é evolução constante. Se você hoje olhar para cinco anos atrás e perceber que está fazendo exatamente a mesma coisa, algo deu errado. Por mais que esteja dando certo [risos]. Eu não consigo entender artistas que encontram suas fórmulas e nunca mais saem delas. Pra mim ser artista significa arriscar, buscar novos caminhos, se desafiar. Claro, sem perder sua essência. 

Como produtora sinto que minhas músicas pertencem hoje a um universo mais lírico. Basta você perceber meus timbres, a escolha dos meus instrumentos e minhas harmonias. Sempre estive mais atenta aos ouvintes e não tanto as demandas das pistas de dança. Este álbum que estou trabalhando é um exemplo muito claro disso e vocês entenderão o que estou dizendo no momento em que escutarem ele. 

Meu maior sonho hoje é desenvolver um show especial deste álbum onde eu possa me apresentar em um palco, em teatros e espaços dedicados a shows mais intimistas. Em contrapartida estou me impondo um desafio de estudar nos próximos anos para aprimorar minhas produções fazendo delas músicas mais energéticas e funcionais para o main floor. Tenho em mente um projeto de um terceiro álbum só focado em techno. 

Em uma conversa informal, você nos contou que ainda não consegue organizar seu workflow para produzir durante as viagens para Europa. Isso é parte dos seus planos para o futuro?

Sim, com certeza. Principalmente porque a ideia é passar mais tempo fora do país e eu sou absolutamente viciada em produção. Sempre que fico muito tempo longe do estúdio me sinto meio depressiva, como se estivesse perdendo tempo. Organizar meu workflow para poder produzir em trânsito é meta primordial.

Dentro da cena brasileira, você já conquistou a absoluta maioria dos lugares onde poderia tocar. Dito isso, quais são seus principais planos e objetivos por aqui?

Sim, já rodei bastante esse país levando minha música. Também tenho uma porcentagem elevada de re-booking, ou seja, clubs e promotores que gostam do meu trabalho e me chamam mais de uma vez pra tocar, o que é ótimo. 

Estou com meu foco bastante direcionado hoje para fora do país. Fiz minha maior tour este ano e minha ideia é trabalha para aumentar ainda mais meu fluxo de trabalho fora. Até mesmo porque aquele ditado “santo de casa não faz milagre” ainda é muito real no nosso cotidiano. Uma meta para um futuro muito próximo é lançar meu label em parceria com o duo Binaryh. Nossa amizade é muito forte e nosso trabalho está bastante conectado, esse seria um passo super natural nas nossas carreiras. Logo logo teremos novidades. 

Olhar para o passado e refletir sobre os erros e conquistas é um dos grandes prazeres que o tempo pode nos dar. Quais conselhos você teria dado a você mesma nos primeiros anos de sua carreira?

Aprenda a dizer não. Relações abusivas também pertencem à esfera do trabalho.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

A música é o meu diálogo… é minha tradução. Ela me define há muito tempo. Tudo o que tenho de bom foi a música que me deu. Meus melhores amigos, meus amores, minhas experiências, meu jeito de transitar nesse mundo, o meu humor. Eu sem música nem sei se seria possível. 

A música conecta.

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